Por Mariane Santos
Na manhã desta quarta-feira, 17, a reitora Soraya Smaili e o ex-reitor Walter Manna Albertoni descerraram o busto do Prof. Dr. Marcos Lindenberg, professor emérito e reitor da universidade de 1962 a 1964, que foi deposto pelo golpe militar de 1964. A cerimônia aconteceu no saguão do anfiteatro do prédio da Reitoria, local onde a peça ficará exposta, juntamente a galeria dos reitores.
Estavam presentes quatro familiares de Lindenberg (os netos Ana Maria Zaroni Lindemberg, Eliana Zanoni Lindenberg e Marcos Lindenberg Neto e o bisneto João Candido Lindenberg Motta); Ana Nemi, Bruno Comparato e Gilberto Natalini representantes da Comissão da Verdade Marcos Lindenberg (CVML); Emilia Sato, diretora da Escola Paulista de Medicina; José Robeto Ferraro, superintendente do Hospital São Paulo; Rodrigo Medina, presidente da Associação de Docentes da Unifesp (Adunifesp), professores e alunos da universidade.
“Vivemos um momento de conservadorismo e retrocesso. O fato de vocês estarem divulgando algo que combinava com liberdade e comprometimento universitário, para mim é a maior homenagem. Acho que é isso que a gente tem que deixar registrado", disse Marcos Lindenberg Neto.
Ana Maria Zaroni Lindenberg agradeceu a delicadeza que a universidade tratou da cerimônia e a colocação do busto. “Tenho certeza que meu avô se sentiria muito digno de estar em cima de um pedestal elaborado dessa forma. Me pauto em um crítico de arte que diz assim “história é memória e memória é projeto”. Uma nação sem memória não tem projeto. Eu acredito que o restauro dessa memória é um caminho que leva a gente a uma certeza de que as coisas podem ser boas e que as coisas podem melhorar. ”
Para Gilberto Natalini, ex-aluno e vereador, foi uma honra ter colaborado com a comissão e ter participado do rescaldo histórico. Durante a cerimônia, ele recebeu um certificado da reitora de membro assíduo do Conselho Universitário (Consu) da Unifesp.
“Estou muito feliz em descerrar o busto, tenho que agradecer a comunidade que foi muito receptiva e a todos os professores envolvidos. Agradeço na figura do Dr. Valter que foi muito presente esse tempo todo na comissão e a família do Lindenberg. Tudo isso é muito importante para nós”, comemorou Ana Nemi, presidente da CVML. Ana ainda adiantou que o relatório da comissão está sendo finalizado e será entregue nos próximos meses.
“Esse é um ato simbólico com significados profundos para todos nós, pois foi num período delicado da nossa história. Mostra o nosso posicionamento, o nosso brado cada vez mais forte por verdade e justiça para que a memória do povo brasileiro não seja resumida”, disse Rodrigo Medina.
Walter Wanna Albertoni discursou sobre sua experiência ao lado do professor emérito. “A minha turma está fazendo 50 anos de formado, entrei na escola em 1961 e convivi pelo menos dois anos com ele. Lindenberg foi o paraninfo do grupo”. Albertoni aproveitou a oportunidade e leu trechos de um discurso do professor sobre “medicina, civilização e humanismo”, publicado no dia 20 de dezembro de 1966 na Folha de S.Paulo.
Soraya Smaili encerrou a solenidade agradecendo a todos pela presença e reafirmou a importância do resgate da história como memória, reparando as injustiças e reescrevendo-as de maneira digna. “Resgatamos as coisas que estavam obscuras e não muito bem explicadas e, agora, estamos concluindo um documento que relatará tudo isso. O professor Lindenberg teve a visão de fazer a Universidade Federal de São Paulo há 50 anos. Com isso, colocamos o busto em um espaço digno a ele, junto aos reitores, já que ele foi o primeiro”, finalizou a reitora.
Da esquerda para direita: João Candido Lindenberg Motta, Marcos Lindenberg Neto, Ana Maria Zaroni Lindenberg, Soraya Smaili, Walter Manna Albertoni e Emilia Sato.