Por Daniel Patini
A seguir, Vandira Estrela de Oliveira, técnica em enfermagem do Hospital São Paulo e mãe de quatro filhos, fala um pouco sobre a sua dedicação à instituição, onde trabalho e vida pessoal se entrelaçam há mais de três décadas.
“A universidade é a minha casa”
Quem sou eu
Meu nome é Vandira Estrela de Oliveira. Nasci no dia 21 de junho de 1958, portanto, daqui a alguns meses, estarei completando 58 anos de idade. Vim para essa instituição em 2 de janeiro de 1984. Então, já faz 32 anos que estou nessa casa. Nesse tempo todo, sempre trabalhei na área da enfermagem, cuidando dos pacientes. Foram 20 anos na maternidade e mais 12 anos na Central de Distribuição e Esterilização.
O lugar que a Unifesp ocupa na minha vida
A Unifesp, abaixo do meu Deus Jeová, ela ocupa o primeiro lugar na minha vida. Por que foi aqui que construí a minha história, é aqui que trabalho e fico boa parte do meu tempo, onde tenho os meus amigos. Essa universidade foi pai e mãe para mim. É a minha casa.
O que devolvi em troca para a Unifesp
Acredito que, com meu desempenho, procurando sempre fazendo meu melhor sempre, contribuí muito com a história da instituição.
As histórias mais marcantes que vivi na universidade
Logo quando entrei na maternidade, que fica no 8º andar do Hospital São Paulo, me lembro que acompanhei uma paciente que ficou de dois a três meses internada em repouso absoluto para dar à luz ao seu filho. Penso que contribuí para que essa criança pudesse nascer saudável. Outra situação bem marcante que aconteceu durante o meu plantão foi poder ver nascer trigêmeos de uma mãe que já tinha quatro filhos. Foi um parto normal, muito bonito. Um fato muito importante da maternidade é ver os meus colegas de trabalho, homens e mulheres, se tornarem pais e mães, e eu estar lá, cuidando da mulher e da criança, fazendo parte dessa felicidade.
Também fiz parte da equipe de enfermagem que cuidou dos primeiros transplantados de medula óssea. Alguns anos atrás, reencontrei um paciente que havia cuidado. Ele se chama Renato e é filho de uma funcionária e fez o transplante ainda jovem. Ele me reconheceu e, assim como eu, ficou bem feliz. Dei para ele um livro chamado: "O Maior Homem Que Já Viveu". E ele me disse: “Vandira, sempre que pego esse livro, eu me lembro de você". É o retorno mais gratificante que podemos ter do nosso trabalho.
Uma outra história marcante foi a transição de Escola Paulista de Medicina para a Unifesp. Ocorreram muitas discussões, e as pessoas diziam que isso "não ia pegar". Tem sempre uma certa rejeição, parece que as pessoas não querem mudar. A gente participou desse momento. É como dizem: "eu estava lá".
A mulher no comando
A reitora Soraya tem esse olhar feminino para as coisas. Ela é uma reitora "portas abertas", que nos recebe. Muitas vezes, vem até aqui o hospital, conhecer e conversar com os funcionários. Acho que essa universidade se tornou mais feminina, sim. A gente está bem representada. Uma vez, ela falou em um evento que a questionaram por que na gestão dela tinha tantas mulheres. E ela disse: “não mudei os critérios para as mulheres serem acolhidas. Elas já estavam prontas e eu as acolhi”. Hoje, nós temos a Rosana, diretora do Campus São Paulo, e a Emília, diretora da Escola Paulista de Medicina [também ocupam cargos de direção e vice-direção nas unidades e campi da Unifesp: Beatriz Castilho, Claudia Campos, Janine Schirmer, Luciana Onusic, Maria Magda, Marineide Gomes e Sylvia Helena]. As mulheres estão dominando, e isso tem sido bom.
O olhar feminino
Acho que essa universidade é feminina. Nós temos as enfermeiras, as técnicas e auxiliares de enfermagem e da saúde, as secretárias, as médicas, as docentes. Todas essas mulheres trabalhando aqui dentro. E a gente vê que a mulher abraça a causa. O pronto-socorro, por exemplo, é tocado pelas mulheres. A coisa ali é difícil, mas as mulheres são firmes, competentes.
O trabalho
A gente deve trabalhar para melhorar nosso ambiente de trabalho, procurar sempre dar o nosso melhor, sem medir esforços. Aqui é a nossa casa, onde passamos a maior parte do nosso tempo. Isso me faz feliz e me dá prazer. Já completei o tempo para minha aposentadoria. As colegas ficam me cobrando e eu falo: “tenho que preparar a minha cabeça para isso”. Estou há 32 anos caminhando nesse hospital. Você precisa ver se você quer isso mesmo. Por mais que você esteja cansada e não tenha mais tanta saúde... mas eu amo essa casa. Eu tenho medo de não estar pronta e me arrepender. Temos que pensar.