Carine Mota
Na última quarta-feira, 18 de maio, o Campus Diadema da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) recebeu cerca de 70 alunos entre 9 e 19 anos e docentes da Escola Estadual de Diadema e de dois núcleos do Instituto Passe de Mágica (Portinari e SENAI), para um projeto com oficinas sobre ensino e conscientização sobre obesidade. A iniciativa é do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), que recebe fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), e conta com cerca de 40 docentes/pesquisadores com projeção internacional e seus respectivos alunos de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e também pós-doutorandos no total de aproximadamente 180 pessoas. Um desses centros é o de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC - Obesity and Comorbidities Research Center), que foi responsável pela organização do evento em Diadema, e possui sede na Unicamp (Campinas e Limeira), mas conta também com pesquisadores da Unifesp (Diadema), USP/FM e INCOR (São Paulo). As oficinas desenvolvidas na Unifesp fazem parte de projetos de conclusão de curso de alunos do curso de Ciências-Licenciatura, que estão no último ano e fazem parte do OCRC.
O OCRC tem como desafio buscar soluções para a obesidade, doença que resulta do desequilíbrio entre ingestão calórica e gasto energético, geralmente associado a diabetes, hipertensão, aterosclerose e alguns tipos de câncer. Esse CEPID realiza desde 2013 e até 2024, além de pesquisas sobre as doenças acima citadas, atividades de educação e difusão do conhecimento. Em sua maioria, oficinas para cerca de 100 alunos de escolas públicas a cada mês. Os impactos dessas ações têm sido muito positivos e bastante diversificados. Em algumas dessas atividades do evento, houve a colaboração do professor Camilo Lellis-Santos da Unifesp (Diadema), criando atividades educativas, aplicando testes em escolas do município.
Pamella Inamori, 25 anos, realizou a oficina MestreChef Nutricional, com a proposta de engajar os jovens na criação de tipos de dietas para dois indivíduos (obesos e com peso normal), cada grupo escolhia 5 alimentos expostos e depois utilizava pelo menos três para calcular as calorias através da tabela nutricional. A quantidade de carboidratos, gorduras e proteínas eram medidas para que eles pudessem ver a quantidade que continha em cada dieta elaborada por eles. “A ideia é mostrar aos jovens a importância da leitura de rótulos das embalagens de alimentos e quantidade de calorias consumidas. Se eles começam desde cedo a entender a importância de comer bem, fica mais fácil futuramente seguirem com uma alimentação mais saudável”, afirma Pamella.
A estudante Gabriela, 20 anos, foi responsável pela oficina Dança do Coração. O propósito da atividade foi compreender o ciclo cardíaco através de diversos ritmos musicais como Samba, Pop e Clássico. Após a dança os monitores coletavam informações sobre frequência cardíaca através de aplicativos para smartphones. “A proposta é que os alunos calculem a frequência cardíaca e entendam a diferença de seus batimentos estando em repouso, caminhando ou dançando de forma descontraída”, conta Gabriela.
A Unifesp cedeu alguns espaços da Unidade José Alencar - Prédio de Pesquisa - para realizar as oficinas. Para as atividades, os alunos contaram com o auxílio de alunos de graduação, que atuam como mediadores, além do professor Lellis-Santos, e ônibus para otimizar o transporte desses alunos. O OCRC deslocou sua equipe treinada de Campinas e São Paulo, e seus equipamentos até a Unifesp e arcou com as despesas do lanche saudável que foi distribuído aos participantes no final do evento.
Para o professor Lellis-Santos, o projeto é bastante completo pois envolve todos os pilares de uma universidade pública: ensino, pesquisa, extensão e administração. São ensinados diversos conceitos sobre obesidade e patologias relacionadas. “Criamos, aplicamos e investigamos estratégias didáticas inovadoras, desenvolvidas em pesquisas do nosso grupo LExEF (Laboratório de Experimentação e Educação em Fisiologia) ”. A comunidade externa e público leigo são envolvidos em situações de conscientização sobre o tema, e, ainda, contam com o apoio da diretoria acadêmica, especialmente o setor de transportes e departamento de tecnologia da informação. “Vale a pena todo esforço, pois obesidade e diabetes matam”, finaliza o professor.