Terça, 13 Dezembro 2016 15:17

Pesquisadora da Unifesp coordena GDS 2017 no Brasil

Clarice Madruga (Uniad/Unifesp) organizará dados no país; coleta de informações ocorre até 31 de janeiro de 2017

Por Valquíria Carnaúba

Durante a primeira década do milênio, o narcotráfico faturou, em média, 900 bilhões de dólares ao ano, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). A cifra é equivalente a 35% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ou a 1,5% de toda a riqueza produzida no globo. Trata-se de um mercado extremamente dinâmico, sempre alimentado por “novidades” (como as metanfetaminas e as sintéticas, em geral) ou por ondas renovadas de consumo de drogas antigas (como a heroína e os opiáceos, atualmente responsáveis por 40 mil mortes anuais nos Estados Unidos).

O Global Drugs Survey (GDS) desponta como uma ferramenta importante para compreensão do problema. Maior levantamento online sobre drogas do mundo, o GDS já está com participação aberta desde novembro deste ano para a elaboração do próximo relatório, a ser divulgado em 2017. Nessa edição, o estudo foca na entrada de novas drogas no mercado, padrões de uso, preços e nível de acesso, bem como no impacto sobre o consumo mundial da maconha após mudanças de seu status legal.

 Pílulas de ecstasy
Entre 2013 e 2015, triplicou o número de usuários de ecstasy que buscaram atendimento médico de emergência no país. Crédito: Denarc/RS


O GDS é realizado desde o ano 2000 sob a coordenação do psiquiatra Adam Winstock, Consultor sobre Vícios do Maudsley Hospital (Londres) e professor honorário do Kings College London, e por uma equipe de especialistas ao redor do mundo. Conta com a participação de 20 países, incluindo o Brasil, onde o levantamento é organizado por Clarice Sandi Madruga, psicóloga e pesquisadora da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad/Unifesp).

Segundo Clarice, a expectativa é que os pesquisadores reúnam informações suficientes para realizar uma análise de tendências de 2016 e comparação entre os países coparticipantes. “Para isso, devemos ultrapassar a marca de cinco mil coletas, número de brasileiros registrados no levantamento do ano passado”, afirma. A coleta anterior contou com a participação de 107.624 participantes de diferentes nacionalidades.

Os resultados contribuem com o planejamento de ações governamentais voltadas à saúde da população e auxiliam o desenvolvimento de estratégias para instituições de ensino. Os dados da Global Drug Survey de 2015, por exemplo, propiciaram a formação de políticas públicas no Reino Unido e em outros países europeus. Além disso, o estudo detectou pela primeira vez o uso da maconha sintética no Brasil, identificando os riscos associados a essa substância, que coloca um a cada oito usuários em serviços de emergência por complicações relacionadas ao uso.

Colabore para que esse ano o Brasil tenha uma participação representativa nesse importante levantamento. Todos os indivíduos com 16 anos ou mais podem responder ao inquérito, independente de serem ou não usuários de qualquer droga. O questionário (em português) fica disponível neste link até 31 de janeiro de 2017.

Lido 10245 vezes Última modificação em Sexta, 13 Janeiro 2017 12:10

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