Por Daniel Patini
André, Brendol e Gabriel entraram na universidade com a ajuda dos cursinhos da Unifesp (Fotos: arquivo pessoal)
Visando melhorar as condições de estudo de alunos da rede pública e auxiliá-los a ingressar no ensino superior, os cursinhos preparatórios da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) tiveram aprovação recorde de candidatos neste ano. Abaixo, estão alguns relatos de estudantes que conquistaram sua vaga na universidade com a ajuda desses projetos e seus voluntários, além de muita dedicação aos estudos:
“O Cuja foi fundamental para a minha aprovação”, André Tsuji (Cuja - Campus São Paulo)
Criado há 17 anos por graduandos e pós-graduandos da própria universidade, o Cursinho Pré-Vestibular Jeannine Aboulafia (Cuja), um projeto de ação social do Campus São Paulo, aprovou um número recorde de candidatos em 2016 (30).
Dentre esses aprovados está André Tsuji, paulistano de 20 anos, que passou em Biomedicina e Medicina na Universidade de São Paulo (USP) e em Medicina na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Unifesp, após três tentativas. Antes de estudar no Cuja, o qual conheceu por meio de uma matéria na imprensa, ele fez cursinho particular e também estudou por conta.
André, que concluiu o ensino médio na Escola Técnica Estadual de São Paulo, optou pelo curso de Medicina da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp). “Em 2014 e 2015, passei em Engenharia de Materiais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), mas queria mesmo Medicina”, relata.
Segundo ele, a experiência no Cuja foi muito boa e isso se deu, principalmente, pelos professores, pois se formou uma grande família que se ajudava dentro e fora da sala de aula, possibilitando o aprendizado de uma maneira mais leve e natural.
“Recebi várias dicas dos professores, dentre elas, a de dirigir meus estudos com base nas provas que fazia. Fiz muitos simulados e procurei estudar os assuntos mais recorrente que eu não dominava, tentando, também, me adaptar aos diferentes estilos de provas. O Cuja foi fundamental para a minha aprovação”, atesta.
“O cursinho também desenvolve o senso crítico dos alunos”, Brendol Assis (Cardume - Campus Baixada Santista)
Brendol Assis, 18 anos, está entre os 23 estudantes do Cursinho Popular Cardume, do Campus Baixada Santista, aprovados no ano passado. O número representa um aumento de quase 100% nas aprovações do cursinho quando comparado com 2014, ano em que 12 alunos conquistaram uma vaga na educação superior.
Natural de Guarujá (SP) e oriundo de uma escola estadual, Brendol vai cursar o Bacharelado em Ciência e Tecnologia (BCT), da Universidade Federal do ABC (UFABC). Ele conheceu o trabalho do Cardume quando pesquisava sobre cursinhos preparatórios na Internet.
Em sua primeira e bem-sucedida tentativa, além de fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para concorrer à vaga ao BCT pelo Sisu, ele também prestou o vestibular da Unesp para Economia.
“Foi uma experiência ímpar, pois tive a oportunidade de participar de um cursinho que, além de preparar para o Enem, também desenvolve nos alunos um senso crítico por meio dos debates abordados em sala de aula. Além disso, as aulas de redação foram de suma importância para mim, pois tinha certa dificuldade com isso”, diz ele, que pretende seguir na área de pesquisa ou acadêmica.
“O CPPU ajuda a democratizar cada vez mais o ensino superior”, Gabriel Souza (CPPU - Campus Guarulhos)
O Cursinho Popular Pimentas Unifesp (CPPU), fundando em 2010 por estudantes da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) - Campus Guarulhos, formou quatro turmas com 90 estudantes cada em 2017, devido à grande procura. O cursinho teve mais de mil interessados, que se inscreveram online para participar de sua seleção.
Gabriel Souza, 25 anos, de Guarulhos (SP), foi aluno do CPPU durante 2016. Ele, que concluiu o ensino médio em uma escola estadual, prestou para o curso de História na Unifesp e na USP, mas optou por estudar Gestão de Políticas Públicas na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH/USP).
Ele conheceu o trabalho do CPPU pelo namorado, estudante de Ciências Sociais na própria Unifesp que descobriu o cursinho por conta de uma publicação no grupo dos estudantes em uma rede social. A experiência foi tão boa, que hoje Gabriel indica o cursinho para amigos e parentes que estão interessados em prestar vestibular em 2017.
“Gostaria de ressaltar o trabalho dos professores e o compromisso deles com o cursinho. E que, mesmo com pouco incentivo financeiro, tem uma excelente qualidade e, sem dúvidas, um enorme incentivo aos moradores da região. Gostaria de citar também a importância da existência dele no Campus Guarulhos, pois ajuda a democratizar cada vez mais o ensino superior”, ressalta.
Além desses três projetos, a universidade conta ainda com o Cursinho Universitário – CIUNI, um projeto de extensão universitária do Campus Diadema para atender aos alunos carentes da região, e o Pré-Vestibulinho Unifesp - Curso Preparatório Gratuito para Alunos do Ensino Fundamental, uma iniciativa do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) - Campus São José dos Campos, voltado a alunos do 9° ano da EMEF Profª. Rosa Tomita.