Por Luciano Gamez
Ensinar crianças da rede municipal a programar de forma lúdica e divertida. Esse foi o foco do primeiro Scratch Day promovido pelo Polo EAD da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no dia 26 de maio.
Com a participação de educadores e alunos do curso superior de Tecnologia em Design Educacional (Tede) da Unifesp, o laboratório multimídia do Polo EAD Unifesp recebeu estudantes da oitava série do ensino fundamental para um dia de aprendizado tecnológico. O evento faz parte da décima edição do Scratch Day, acontecimento global que visa incentivar o desenvolvimento de projetos como um dos principais movimentos de educação aberta do mundo.
A iniciativa ocorreu no âmbito das atividades de extensão do Tede (Curso Superior de Tecnologia Educacional), por incentivo da docente Paula Carolei, coordenadora do curso, ao aluno Felipe Gonzalez, inspirada pelo scratch day. “Há um ano, entrei para a Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa, onde a gente trabalha algumas tecnologias em educação aberta aplicadas para a escola pública e com impacto social. Então, como eu sou um dos articuladores da rede, a gente achou interessante trazer essa iniciativa aqui para a universidade e fazer essa ponte com a escola pública e com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo”, relata a docente.
Criado em 2007 pelo Lifelong Kindergaten, do MIT Media Lab, sob a liderança do professor Mitchel Resnick, Scratch é uma plataforma de educação aberta voltada à programação simples desenvolvida especialmente para crianças do ensino fundamental. Destina-se à criação e promoção de sequencias animadas para que os jovens aprendam a programar ao passo que desenvolvem jogos, animações e histórias interativas. Aprender programação em Scratch permite aos alunos e professores unirem a tecnologia a outras disciplinas escolares na montagem de projetos específicos, permitindo assim que as crianças interajam de forma criativa e interdisciplinar.
O uso da plataforma Scratch no contexto educacional de jovens tem crescido muito no Brasil, sobretudo por adeptos da Educação aberta e em rede. Essa característica facilitou o seu uso nas aulas de informática pela professora Maria Cláudia da Silva, da EMEF Raul de Leoni, na Zona norte da capital paulista. “O aprendizado da programação auxilia também nas aulas de matemática. A gente trabalha usando o plano cartesiano para mostrar o scracth. A gente tenta usar isso ao máximo nos projetos para desenvolver, para buscar ideias, criatividade”, explica Maria Cláudia.
A característica interdisciplinar proporcionada pelo uso da ferramenta é reforçada pela professora de português Ana Maria Profili que acompanhou as crianças no evento. “A utilização do scratch pode ser aplicada na construção de textos, de personagens, e inclusive nas aulas de gramática, pois os alunos aplicam os conhecimentos a uma prática de jogos trazendo os personagens que estão vendo nos textos. É notória a satisfação das crianças daquilo que eles estavam vivenciando na escola, e que hoje eles estão vivenciando em outro ambiente. Tem aluno ali que a gente percebe que tem uma dificuldade muito grande na prática do português, mas aqui ele estava numa facilidade para entender”.
Giovana Vieira, aluna da oitava série que também compareceu ao evento afirma que ter participado da oficina foi muito interessante. “Aqui eu aprendi a programar jogos. Se eu quiser fazer um jogo do meu jeito eu posso fazer. Fazer um jogo pra mim, pra eu ficar jogando, e que vai ser a minha cara, é muito mais divertido”. Para o aluno Pablo Gustavo Almeida da Silva, que também participou do evento, “é muito interessante aprender a programar o Scratch, pois além das aulas de informática e de matemática, ensina a gente também a mexer com robótica”.
Felipe Gonzalez, idealizador do evento e aluno do Tede conta com entusiasmo que promover o Scratch Day na Unifesp o fez sentir-se realizado. “É muito bom ver a alegria, o brilho no olhar que elas demonstram toda vez que têm uma interação de tecnologia e elas fazem o ciclo de aprendizagem em cima de uma construção, vendo o resultado, sendo autoras do próprio contexto de aprendizagem. Ver essa alegria nelas, a interação, a colaboração, essa sinergia... isso não tem preço”. Segundo ele, a interação entre os alunos fortalece principalmente as relações sociais. “Às vezes, a tecnologia é aplicada na escola de uma forma errada, que não aproxima as pessoas. Isso é muito gratificante”.
Ao final das oficinas os estudantes receberam o certificado de participação e posaram orgulhosos para as fotos.
Alunos exibem seus certificados
Créditos das fotos: Luciano Gamez