Sexta, 23 Novembro 2018 08:24

CAAF/Unifesp analisa métodos da Antropologia Forense para o contexto brasileiro em estudo

Projeto é aprovado em financiamento de renomada agência de fomento internacional para Ciências Forenses


Projeto de Validacao em Antropologia Forense
Claudia Plens, coordenadora do Provaf, e Andersen Líryo, colaborador do projeto. Crédito: Arquivo pessoal

O Projeto de Validação em Antropologia Forense (Provaf), desenvolvido pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Unifesp, em conjunto com o Instituto de Ensino e Pesquisa de Ciências Forenses de Guarulhos (IEPCF), acaba de ser aprovado para financiamento pela agência de fomento Centro de Recursos Humanitários e de Direitos Humanos, vinculado à Academia Americana de Ciências Forenses e ao Centro de Excelência em Tecnologia Forense, programa do Instituto Nacional de Justiça. É o primeiro trabalho desenvolvido por pesquisadores brasileiros a receber este apoio.

“Por vir de uma importante agência internacional de Ciências Forenses, o financiamento confere um reconhecimento pelo trabalho de formação desenvolvido e o perfil do CAAF na pesquisa científica em Ciências Forenses”, coloca Claudia Plens, coordenadora do Provaf. Segundo ela, a verba será destinada aos equipamentos básicos para análise e execução do projeto.

O Projeto de Validação em Antropologia Forense tem como objetivo analisar os métodos empregados na Antropologia Forense para o contexto brasileiro. “A maioria dos procedimentos para a identificação do perfil biológico é baseado em metodologias desenvolvidas em populações norte-americana ou europeia e, inclusive, em coleções arqueológicas de muito tempo atrás”, descreve Claudia. “Isto quer dizer que os métodos foram realizados em grupos populacionais com diversos estilos de vida, como própria a alimentação, distintos da nossa população, podendo levar em constituições biológica e óssea bastante diferentes”. Desta forma, um dos compromissos é criar um banco de dados que permite saber se os procedimentos mais comumente usados para a identificação de pessoas pela Antropologia Forense são precisos e quão são válidos quando analisados a partir do cenário brasileiro.

“Essa pesquisa é um passo importante para uma atuação concreta na área de Direitos Humanos. O objetivo do desenvolvimento da Antropologia Forense é que, a partir de uma maior identificação do contexto de morte e da identificação de pessoas, seja possível apontar os agentes que cometem os crimes, levar a conhecimento para a sociedade sobre estes contextos para que haja uma cobrança por punição dos responsáveis. A longo prazo, espera-se que, com esse processo, seja possível diminuir a violência e as mortes na nossa sociedade”, finaliza Claudia.

Projeto de Validação em Antropologia Forense

O Provaf é fruto do convênio firmado, em novembro de 2017, pela reitora da Unifesp, Soraya Smaili, e pelo antropólogo forense e presidente do IEPCF, Luiz Airton Saavedra. Além do desenvolvimento deste projeto de pesquisa, o material fornecido pelo instituto contribui também para o curso de especialização em Antropologia Forense e Direitos Humanos do CAAF/Unifesp – o qual está, inclusive, formando a sua primeira turma no fim deste ano.

Para os trabalhos do projeto de pesquisa, o material é constituído por uma amostragem de indivíduos provenientes do IEPCF, responsável pela documentação com registro de idade, sexo, afinidade geográfica, causa da morte e condições patológicas identificadas, informações oriundas dos registros (obituários) da administração do serviço funerário do município de Guarulhos. “A coleção osteológica é constituída de cerca de 150 indivíduos, em sua grande maioria, totalmente ou parcialmente esqueletizados, provenientes do Cemitério Público Necrópole do Campo Santo, localizado em Guarulhos”, relata Claudia. A coordenadora explica que, por ser um cemitério público, após o prazo legal de três anos, os familiares devem solicitar a exumação dos remanescentes humanos para transferência ao ossário individual. Contudo, se após esse período não houver uma reclamação pelo corpo, a administração funerária do município procede com a exumação e os remanescentes humanos são encaminhados para o ossário geral. “Com o objetivo de fomentar pesquisas na área das Ciências Forenses, o IEPCF solicitou a custódia dos esqueletos”.

Projeto de Validacao em Antropologia Forense
Da esquerda para direita: Thais Lopez Capp, Claudia Plens, Luiz Airton Saavedra e Camila Diogo de Souza. Crédito: Arquivo pessoal

A equipe do Provaf é formada também pelas co-coordenadoras Camila Diogo de Souza, professora visitante do CAAF/Unifesp, e Thais Lopez Capp, do IEPCF. Como colaboradores, Eugénia Cunha, antropóloga forense da Universidade de Coimbra/Portugal, além de Andersen Líryo, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Maria Elizete Kunkel, do CAAF/Unifesp.

 

Lido 7409 vezes Última modificação em Quarta, 05 Dezembro 2018 13:17

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