Quarta, 17 Junho 2020 10:13

Estudo avaliará como a ansiedade em tempos de pandemia pode impactar na saúde mental de gestantes

Serão avaliadas 1.330 mulheres, em 10 centros de instituições públicas do país, durante dois meses

 Por Denis Dana

Mulher grávida com as mãos na barriga
(Imagem ilustrativa)

Embora a ciência esteja amplamente dedicada ao entendimento acerca dos impactos da covid-19 na saúde, os potenciais efeitos da infecção materna no feto e da infecção neonatal são preocupações válidas e que devem permanecer sem respostas ainda por algum tempo. Essa incerteza se repete no íntimo e na psique das pacientes gestantes e puérperas, com implicações no seu estado emocional. Um estudo que está sendo realizado pelo Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) no Hospital São Paulo, o hospital universitário da Universidade Federal de São Paulo (HSP/HU Unifesp), busca saber justamente o tamanho dessa interferência emocional, tanto para a mãe quanto para o bebê.

“Prognósticos incertos, restrição das liberdades individuais, isolamento social, perdas econômico-financeiras crescentes e mensagens conflitantes das autoridades somam-se como fatores estressores e, possivelmente, desencadeiam a ansiedade. Isso afeta ainda mais a saúde mental das mulheres no período gestacional, já alterado em razão das intensas modificações psicológicas, fisiológicas e físicas que passam nesse período”, afirma a professora Roseli Nomura, responsável por coordenar o estudo.

Para analisar o impacto da ansiedade nessas futuras mães, os pesquisadores avaliarão 1.330 gestantes, em 10 centros de instituições públicas do país, durante dois meses. “A pandemia da covid-19 pode exercer efeitos na ansiedade materna, principalmente, ao final da gestação, o que pode influenciar na adaptação materna ao período após o parto. Queremos entender o tamanho dessa influência, bem como se e quanto interfere no desenvolvimento saudável do feto”, destaca Roseli.

Para o estudo, serão avaliadas mulheres acima de 18 anos; puérperas com recém-nascido único, vivo e sem malformações; com ausência de transtorno psiquiátrico ou mental em tratamento; e com idade gestacional do parto acima de 36 semanas. As pacientes participantes deverão responder um questionário sociodemográfico e perguntas sobre conhecimento geral, cuidados no pré-natal, no parto e no pós-parto no contexto da pandemia da covid-19. A ansiedade materna será avaliada por meio do questionário Beck Anxiety Inventory (BAI), sobre sinais e sintomas observados nos sete dias antes do parto. Serão comparados os grupos de acordo com o grau de ansiedade detectada.

“A pesquisa permitirá comparar a ansiedade materna nas diferentes cidades onde o estudo será realizado, de acordo com o contexto local da pandemia. Dessa forma, esperamos dimensionar como a covid-19 pode impactar na saúde mental das gestantes e como a ansiedade pode interferir nesse momento tão especial”, conclui a pesquisadora.

 

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