Por Pedro De Biasi
Um levantamento desenvolvido na região metropolitana da Baixada Santista reuniu dados sobre a incidência do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Realizado pelo Governo Estadual de São Paulo, em parceria com a Unifesp e outras instituições, o estudo EPICOBS (Epidemiologia da Covid-19 na Região Metropolitana da Baixada Santista) foi realizado de 29 de abril a 20 de junho, com resultados que reforçam a recomendação de manter o isolamento social e o uso de máscara.
"O estudo proporciona elementos muito consistentes para o planejamento das ações de enfrentamento da pandemia de covid”, destaca Arthur Chioro, que faz parte do grupo técnico do estudo como professor e pesquisador da Unifesp e da Universidade Santa Cecília (Unisanta).
Além de ser inédito no Estado de São Paulo, o EPICOBS é apenas o segundo estudo de base populacional para pesquisa de infecção por Sars-CoV-2 realizado no Brasil.
O trabalho buscou estimar o percentual da população da Baixada com anticorpos para o Sars-CoV-2, determinar o aumento do número de infectados ao longo do tempo, obter cálculos mais precisos da letalidade do vírus e avaliar quão bem informada a população está sobre os riscos de transmissão e as medidas de isolamento.
Para atingir esses objetivos, o estudo realizou 2.442 testes nos nove municípios da região (Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá, Cubatão, Itanhaém, Peruíbe, Bertioga e Mongaguá) ao longo de dois meses, com intervalos de 15 dias. A seleção dos cidadãos foi definida por sorteio e as coletas foram realizadas em domicílio.
Do universo de amostras coletadas, 160 foram positivos para a presença de anticorpos do novo coronavírus. Os cálculos sugerem que, para cada caso notificado Baixada Santista, há outros sete não notificados, representando aproximadamente um infectado para cada 15 habitantes da região.
Sars-CoV-2 em ascensão na Baixada Santista
Os dados indicam que 6,6% da população entrou em contato com o novo coronavírus. Fazendo o cálculo para o total de habitantes da região, chegou-se à estimativa de 120.904 portadores do vírus.
Além disso, o estudo chegou a dois percentuais para estimar a proporção de óbitos causados pelo novo coronavírus na Baixada Santista. Baseando-se nos casos notificados (18.521) e no total de óbitos (812), a letalidade é de 4,5%. Já com o total estimado de casos (120.904), a taxa de mortalidade cai para 0,7%, usando o mesmo número de 812 mortes.
Essas e outras informações encontradas pelo estudo levam à conclusão de que a prevalência do Sars-CoV-2 está em ascensão na região e que a velocidade de disseminação da infecção na Baixada Santista é mais acelerada do que todos os estudos semelhantes no mundo.
“Com base em nossos achados, é fundamental a manutenção do isolamento social”, afirma o professor Chioro. “Não há evidência de que já atingimos um patamar de controle e de que é segura a flexibilização das atividades econômicas nos moldes que estão sendo adotados no estado e na Baixada Santista".
O estudo EPICOBS é realizado pela Fundação Parque Tecnológico de Santos e reúne mais de 40 pesquisadores de todas as universidades da região, com apoio da Associação Comercial de Santos. A compra dos testes rápidos utilizados na amostragem foi financiada pelo Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista).