Por Denis Dana
(Imagem ilustrativa)
Enquanto pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) avançam na fase III do estudo clínico da vacina de Oxford, numa parceria com a universidade do Reino Unido, outras linhas de produção científica se debruçam sobre novos fármacos para o combate e tratamento dos pacientes que desenvolvem a covid-19. Atualmente, dois grandes grupos de estudos estão sendo desenvolvidos. Um trata de fármacos já conhecidos e que podem ser reposicionados. O outro aborda novas drogas com estratégias antivirais.
“Claro que o mundo todo aguarda ansiosamente os resultados positivos que mostrem a segurança e eficácia de uma vacina que proteja a população contra o novo coronavírus. Mas, enquanto os estudos acerca dessa proteção caminham, nossos pesquisadores devem seguir por outros caminhos que encontrem tratamento eficaz aos convalescidos. A universidade tem como missão essa contribuição científica de modo a dar respostas para a sociedade e nossos pesquisadores, altamente qualificados, estão focados nessa finalidade”, destaca a reitora da Unifesp, Soraya Smaili.
Dentre os fármacos conhecidos e já aprovados para uso em outras doenças e que estão em estudo laboratorial na Unifesp, com resultados promissores, estão a Rapamicina, usado classicamente como antifúngico que pode diminuir a infecção da célula pelo vírus; o Verapamil, muito utilizado como antiarrítmico, mas que pode bloquear a translação viral; e o Losartan, usado como anti-hipertensivo, mas que está sendo testado no bloqueio da entrada do vírus na célula.
“Em geral, esses são fármacos que podem ter diferentes mecanismos de ação, mas que podem diminuir ou minimizar a infecção. Além desses, existem outros que podem minimizar os efeitos da infecção, em especial os efeitos inflamatórios”, explica Soraya.
Há, também, alguns fármacos em estudos clínicos na Unifesp já aprovados pelo Comitê Nacional de Ética em pesquisa (Conep) envolvendo pacientes internados. O Baricitib, por exemplo, fármaco utilizado no tratamento da artrite reumatoide, pode diminuir o processo inflamatório promovido pela infecção viral. De acordo com a reitora, “trata-se de um estudo global, com participação de vários países, e que se encontra na fase III, com finalização prevista para setembro”.
Outra droga em estudo clínico e já em fase avançada é o Tocilizumabe, anticorpo monoclonal normalmente utilizado para a artrite reumatóide. Ele está sendo utilizado em pacientes com pneumonia grave em uma tentativa de diminuir os efeitos da covid-19 e diminuir o tempo de internação. Os resultados deste estudo poderão estar disponíveis em breve. A Nitazoxanida é mais uma em estudo. Esse fármaco deve ter seu estudo finalizado em setembro, normalmente é usado como antiviral e antiparasitários.
Novos fármacos
Dentre os novos fármacos com estratégias antivirais em pesquisa estão o Rendesevir, antiviral associado que tem sido estudado em diversos países e demonstrou, até aqui, diminuir o tempo de internação de pacientes graves e também uma tendência a diminuir o número de óbitos. Neste caso, seria extremamente importante que houvesse uma política para a compra deste fármaco, já que pode ser um importante adjuvante no tratamento e possui evidências. Nos Estados Unidos vem sempre utilizado em associação com outros fármacos; e o Otilimabe IV, que está em estudo em pacientes com doença pulmonar grave. O estudo desse fármaco deve ser finalizado em dezembro deste ano.
“Apesar de se mostrarem eficazes, os principais problemas enfrentados com as novas drogas são que o tempo para os testes é maior e seus custos também são elevados, especialmente dos anticorpos monoclonais. São obstáculos a serem superados, especialmente se houver estudos em coalização e também colaboração entre farmacêuticas e governos”, ressalta Soraya.
Existe ainda uma expectativa com fármacos que podem ter um efeito protetor em relação à infecção, tal como o estrógeno, a vitamina D, que em laboratório já demonstraram inibir a infecção. São substâncias que não têm uma relação direta de neutralização viral, mas que podem proteger e estimular o sistema imunológico a combater o vírus. Não são estratégias de proteção celular, e que também estão sendo estudadas por pesquisadores da Unifesp.