Sexta, 26 Fevereiro 2021 14:55

“Amostras da cepa brasileira do coronavírus estão sendo analisadas em Oxford”, afirma infectologista da Unifesp

Segundo Nancy Bellei, especialista em pesquisas sobre coronavírus, as amostras da variante brasileira estão sendo estudadas junto à vacina Oxford/Astrazeneca

Por Matheus Campos

A variante brasileira do coronavírus, bem como as cepas identificadas no Reino Unido e na África do Sul, preocupou o mundo devido ao fato de ser mais contagiosa e mais resistente a anticorpos. A ciência, no entanto, avança nas análises da cepa em relação à resposta vacinal, com amostras já sendo analisadas na Universidade de Oxford.

O que sabemos?

De acordo com Nancy Bellei, infectologista da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo, foi observado em estudos in vitro que a variante brasileira, da mesma forma que a variante sul-africana, teve uma redução importante da produção de neutralização, ou seja, da ação dos anticorpos neutralizantes. Os estudos utilizaram soros de pacientes imunizados com as vacinas da Pfizer e Moderna.

Por outro lado, os estudos da vacina Oxford/Astrazeneca na África do Sul foram suspensos devido à uma eficácia menor de 50% com a variante sul-africana. “Essa cepa tem, de modo geral, mutações diferentes da brasileira, mas possui também mutações em comum que determinam diminuição de atividade neutralizante com a cepa anterior”, explica Bellei.

“Assim, é de se pensar que eventualmente essas cepas brasileiras podem determinar que indivíduos vacinados corram o risco de não ter uma boa resposta, mas não sabemos ainda”, complementa a infectologista.

Novas análises

Amostras da cepa brasileira já foram enviadas para a Universidade de Oxford para que se faça o estudo das células. “Para essa análise, os cientistas possuem as amostras da cepa brasileira e soros de vacinados com a vacina Oxford/Astrazeneca”, garante Bellei.

A infectologista diz que é importante aguardar resultados. “É fundamental a gente entender que esses títulos que foram mais baixos, ou essa eficácia no continente africano, foi para a doença leve. Nós ainda não sabemos o quanto essas vacinas atuais vão ter um papel, ainda que a gente tenha cepas variantes no país, para a redução de hospitalização e óbito”, conclui.

Lido 5889 vezes Última modificação em Terça, 02 Abril 2024 14:17

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