Como parte das atividades desenvolvidas durante 2021, segundo ano da pandemia do novo coronavírus, o Observatório Covid-19: Teatro William Silva de Moraes - Arteiros em Tela, desenvolvido no âmbito do grupo de pesquisa Etnografia e História das Práticas Artísticas e das Línguas das Áfricas (EHPALA), está reunindo narrativas da experiência da pandemia, as quais serão apresentadas, quando possível, em forma de arte cênica no Teatro William Silva de Moraes, do Campus Guarulhos da Unifesp.
Marta Jardim, coordenadora do EHPALA e professora do Departamento de História da Arte da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) - Campus Guarulhos, explica que as atuais ações de pesquisa e de extensão do grupo consistem em convidar moradores(as) vizinhos(as), estudantes, docentes e técnicos(as) do campus para participar da campanha Luto pela Vida, uma proposta iniciada pelas universidades estaduais de São Paulo e, em seguida, adotada pelas universidades federais e outros centros de pesquisa no Brasil e no exterior.
"Trata-se de uma campanha em luto pelos mortos e em defesa da pesquisa e da produção de conhecimento pela vida. Essa campanha convida a todos(as) para fazer uma faixa Luto Pela Vida a ser exibida na porta, janela ou portão de sua casa. Pretende-se, dessa maneira, expressar visualmente um grito de lamento e de força pela vida e pela capacidade criativa", comenta Jardim.
As ações de pesquisa do EHPALA no Teatro William Silva de Moraes são realizadas em conexão com pesquisadores(as) e artistas de outras instituições de ensino e núcleos de pesquisa no Brasil, como o Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais (LUME) da Unicamp, a Faculdade de Dança da Universidade Federal do Ceará e, também no exterior, como o Centro de Teatro da Faculdade de Letras de Lisboa em Portugal, a Escola de Comunicação e Arte de Maputo em Moçambique, a Killie Campbell Library na África do Sul e o ARK-T Centre em Oxford (Inglaterra).
Mapa elaborado por Cait Sweeney do ARK-T Centre de Oxford
"Durante a quarentena, estamos cruzando expressividades cênicas das periferias dessas cidades. Um exemplo, é o mapa assinado por Cait Sweeney do ARK-T. Sweeney observou que a população dos Pimentas, em torno de 154 mil habitantes, é a mesma da cidade de Oxford. Entretanto, a área onde vivem os 154 mil habitantes dos Pimentas é do mesmo tamanho da periferia de Oxford, e os 154 mil habitantes de Oxford vivem numa área três vezes maior que a dos moradores dos Pimentas. É como se todos os moradores de Oxford vivessem apertados na região da periferia da cidade inglesa. Cait Sweeney também sobrepôs ao seu mapa a faixa bilíngue para ser exibida na frente de sua casa no bairro Littlemore", detalha a docente.
Retrospectiva
Desde março de 2019, o grupo vem mantendo a página de seu observatório temático no Facebook. Durante 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19, a página reuniu artistas e pesquisadores para tematizar a desigual experiência da pandemia no Brasil, um dos países mais desiguais do mundo e de recente passado escravista.