Por Juliana Cristina
Imagem ilustrativa (fotógrafo: Alex Reipert)
Projeto de iniciação científica intitulado A (in)segurança alimentar e nutricional e a sua relação com o consumo alimentar de escolares de municípios da Baixada Santista, desenvolvido pela estudante Maria Inês Santos do Sacramento do curso de Nutrição do Instituto de Saúde e Sociedade (ISS/Unifesp) - Campus Baixada Santista, analisou o nível de insegurança alimentar e nutricional em residências com crianças e adolescentes estudantes do ensino fundamental I e II em três municípios da Baixada Santista (SP) e a ligação entre grupos alimentares com base na classificação NOVA, a qual categoriza alimentos conforme os níveis de processamento antes de chegarem aos consumidores.
O estudo transversal avaliou 637 estudantes com idades entre 6 e 16 anos e seus respectivos pais, por meio do questionário de marcadores de consumo do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), e dados coletados em reuniões de pais e mestres de sete escolas localizadas em áreas de vulnerabilidade social em três diferentes municípios da Baixada Santista.
Para analisar o nível de insegurança alimentar e nutricional dos escolares e sua ligação com a procedência dos alimentos consumidos nas escolas, foi aplicada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Os pesquisadores também avaliaram o consumo de alimentos marcadores de comportamentos alimentares saudáveis ou não e o consumo e origem de alimentos durante o período de permanência na escola.
Em relação aos marcadores de consumo, o estudo indica que não houve divergência significativa para a maioria quanto ao nível de insegurança alimentar e nutricional, isto é, independentemente desse, os estudantes tiveram acesso aos mesmos alimentos – na escola ou em suas casas. No mais, o estudo demonstrou que 54,63% das famílias se encontram em insegurança alimentar e nutricional, sendo 42,54% classificada em insegurança leve (risco de fome) e 12,09% em insegurança modera ou grave (fome). Além disso, a maior parte dos escolares (majoritariamente do ensino fundamental I declarou consumir alimentação fornecida na escola de três a cinco vezes por semana, grande parte relatou não comprar alimentos na escola ou arredores (sendo que estudantes do ensino fundamental II compram mais alimentos) e, ainda, mais da metade disse não levar lanches de casa.
Os pesquisadores apontam que a adesão à alimentação escolar apresentou relação positiva com a insegurança alimentar e nutricional, ou seja, estudantes que consomem mais alimentação na escola apresentam algum nível de insegurança alimentar e nutricional, o que, de acordo com os pesquisadores, revela a importância do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
O projeto, apresentado em 2021, faz parte da pesquisa A influência do Programa Nacional de Alimentação Escolar na situação de (in)Segurança Alimentar e Nutricional de famílias brasileiras e foi orientado pelo docente Daniel Henrique Bandoni, do ISS/Unifesp - Campus Baixada Santista, e coorientado pela pesquisadora Ana Laura Benevenuto, do Centro de Práticas e Pesquisa em Nutrição e Alimentação Coletiva (CPPNAC), também do Campus Baixada Santista da Unifesp.