Terça, 01 Fevereiro 2022 09:45

Projeto de extensão possibilita discussões sobre causas e lutas sociais por meio de produções estéticas

Cátedra Kaapora/Unifesp recebe debates políticos de coletivos que trabalham o tema pelo viés da arte e da cultur

Por Paula Garcia

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1º Encontro - Artivismos Coletivos: Atravessamentos Estéticos e Políticos na Região de Guarulhos

Proposto pela Cátedra Kaapora de conhecimentos tradicionais e não hegemônicos, da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec/Unifesp), o projeto busca aproximar a universidade de coletivos artivistas, atuantes no entorno dos campi Zona Leste, Baixada Santista e Guarulhos. Começou a se desenvolver no primeiro semestre de 2021, com o levantamento das informações sobre perfil, localização e formas de atuação desses coletivos, realizado pelas graduandas Camila Stefanie de Matos Gomes, do curso de Serviço Social da Baixada Santista, Camila Padilha, do curso de Ciências Sociais de Guarulhos, e Sarah Isis da Silva, também do curso de Ciências Sociais de Guarulhos.

“O projeto alia extensão, pesquisa e formação de um modo interessante e bem sucedido. Levantar coletivos artivistas em territórios onde estão alguns campi da Unifesp, estabelecendo contato com eles, apresentando-lhes nossa universidade e permitindo que formem redes entre si, é uma estratégia com alto teor extensionista. Ao mesmo tempo, acredito que contribuímos para a formação das estudantes envolvidas no projeto, que participaram ativamente de todas as etapas, saindo desta experiência com uma vivência intensa não apenas em extensão, mas em pesquisa coletiva também”, afirma Ilana Goldstein, uma das coordenadoras do projeto e docente da EFLCH/Unifesp.

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2º Encontro - Artivismos Coletivos: Atravessamentos Estéticos e Políticos na Região da Baixada Santista

De modo geral, artivismos são expressões que convergem intervenção estética e política. No caso do projeto, buscou-se formações coletivas cujas criações envolvem pessoas vinculadas pelo compartilhamento de um território, de um universo cultural, de uma religiosidade, de uma trajetória, ou então por causas comuns, que podem estar ligadas a questões raciais, de gênero, entre muitas outras. Suas formas expressivas são diversas, como artes visuais, música, dança, poesia e teatro, singularizando assim cada coletivo.

“Numa primeira fase, foram mapeados grupos que atuam de modo coletivo - chamados por alguns autores de coletivizações, para enfatizar o desejo permanente de compartilhar, ao invés de centralizar/individualizar as ações. Os dois requisitos eram que trabalhassem com alguma linguagem artística/expressiva e que tivessem sua sede ou foco de ações próximos a um dos três campi da Unifesp selecionados”, conta Goldstein. Para aprofundar o contato com os grupos foram realizados encontros virtuais, sendo o primeiro deles dentro da Semana da Consciência Negra da Unifesp, com debates sobre a participação política coletiva e sua produção artística.

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3º Encontro - Artivismos Coletivos: Atravessamentos Estéticos e Políticos na Região da Zona Leste de São Paulo

“Em primeiro lugar, percebemos que a aliança entre militância política e expressão artística funciona bem e está num momento de crescimento no Brasil. Provavelmente porque, num contexto de desmonte de políticas e instituições culturais, o engajamento é inseparável da vida dos artistas e criativos em geral. Sem militância, não haverá mais espaços, verbas e recursos humanos para as práticas culturais diversas. E, sem poesia, sem imaginação e sem prazer, talvez a luta político-ideológica se torne árdua e penosa demais. Em segundo lugar, notamos que um termo que tem aparecido cada vez mais em textos e eventos acadêmicos - artivismo - não é de modo algum consensual. Trata-se de uma categoria em construção, ainda em disputa”, explica Goldstein.

Sobre a Cátedra Kaapora

Órgão complementar da Proec que propõe diálogos entre o saber acadêmico e modos de viver, produzir e circular conhecimentos de coletividades não-hegemônicas, como grupos indígenas, de matriz afro e periféricos, com os quais se pode aprender sobre outras formas de pensar, se expressar e resistir.

As iniciativas da Kaapora voltam-se para contribuições de pessoas e coletividades que integrem modos de conhecer, saberes e práticas, relacionando conhecimentos a formas expressivas. Para mais informações, visite a página: https://kaapora.unifesp.br.

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Artivismos coletivos: atravessamentos estéticos e políticos da negritude (Assista aqui)

 

Lido 2242 vezes Última modificação em Quinta, 10 Fevereiro 2022 18:04

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