Mesa de abertura da Semana da Consciência Negra
Ocorreu na sexta-feira (18/11) a abertura da semana preparada pela Unifesp para comemorar o Dia da Consciência Negra. Com o tema 2022: Os 10 Anos da Lei de Cotas no Ensino Superior, a cerimônia de abertura da Semana da Consciência Negra Unifesp foi transmitida on-line e contou com a participação da vice-reitora no exercício da Reitoria, Raiane Assumpção, Renata Gonçalves e do Carlos Lírio, respectivamente coordenadora e vice-coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), Diana Mendes, coordenadora do Observatório da Violência Racial (Ovir), iniciativa do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (Caaf), e de Diógenes Fagundes dos Santos, estudante de Direito da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (Eppen/Unifesp) - Campus Osasco e membro do coletivo Eppen Preta.
O evento contou, ainda, com a mediação de Melissa Leandro Celestino, docente de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional no Departamento de Ciências do Movimento Humano do Campus Baixada Santista, apresentação da exposição de Wagner Celestino, e palestra principal ministrada por Luciana Alves, pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis.
De acordo com a professora Raiane Assumpção, é preciso olhar para as instituições públicas do presente e reconhecer que as federais tiveram e têm um papel fundamental no combate à discriminação racial, trazendo a dimensão artístico-cultural e a reflexão necessária para uma formação antirracista.
Apresentação cultural realizada na abertura do evento
O professor Carlos José Lírio, da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) - Campus Guarulhos, representou o Neab para lembrar que Unifesp oferta vagas raciais há uma década. “Comemorar 10 anos das cotas raciais em um momento em que a sociedade brasileira tem a possibilidade de tomar um destino mais justo, ético e equânime, é crucial para além dos muros da universidade”.
Em sua fala, Mendes pontuou que o Ovir está completando um ano de existência, nascendo de uma demanda de pesquisadoras do Caaf que demandavam um olhar específico sobre a violência de estado cometida contra a população negra. “A partir disso, foram sendo construídas outras possibilidades, como o rastreamento da estruturação do racismo estrutural e como isso retorna à sociedade por meio da ação do estado”.
Apresentação cultural realizada na abertura do evento
A professora Luciana Alves lembrou que sempre ouviu que, se há um dia da Consciência Negra, seria preciso 'haver também um dia da consciência branca'. "Essa pergunta nos faz refletir sobre o que é ser branco, mas não farei uma fala sobre branquitude. A consciência negra começa a emergir apenas no século XV, pois até então ‘não existiam’ negros, assim como ‘não existiam’ indígenas, o que existiam eram malês, nagôs, tupis-guaranis, berberes, enfim, uma infinidade de povos que se autoclassificavam de outros modos que não seguiam a lógica racial. Ela foi imposta pelos conquistadores brancos, por isso a primeira consciência racial de que temos notícia é a consciência branca, que nasceu com um projeto colonial, de dominação”, afirmou. A pró-reitora adjunta destacou que essa relação entre consciência branca e projetos de dominação e opressão é, inclusive, uma característica que se repete em movimentos como o nazismo, fascismo, skinhead, dentre outros. "Assim, reivindicações sobre a consciência branca são problemáticas da perspectiva histórica, o melhor seria o engajamento de pessoas brancas na luta antirracista", completou.
A abertura completa pode ser conferida no YouTube. Já a programação completa fica disponível no site até a próxima sexta-feira, e as atividades dependem de inscrição prévia.
Fotos: Dan Levy