Por Denis Dana
Ao final de março, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Marina Silva, anunciou que o Governo Federal estuda editar um decreto para reconhecer estado de emergência climática em mais de 1.000 municípios considerados potencialmente vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas no país. Para Décio Luis Semensatto Junior, professor do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF/Unifesp) - Campus Diadema, “o avanço dessa iniciativa é importante e representa uma grande oportunidade para que as cidades finalmente compreendam as mudanças em curso e se preparem melhor, sem que tenham que agir somente após o acontecimento de tragédias”.
Para Semensatto, o mapeamento e reconhecimento da vulnerabilidade de tantas cidades brasileiras impactadas com os efeitos das mudanças climáticas são essenciais para executar um planejamento que contenha previsibilidade e um plano de adaptação. “O decreto, assim, cria uma série de mecanismos administrativos para que os municípios acessem recursos ou estimulem estudos em seus territórios em busca da compreensão exata de cada alteração ou efeito ambiental. Nesse sentido, é valioso poder contar com toda a capacidade e ciência produzida nas universidades, em especial nas públicas, que já há anos cumprem com seu papel de descoberta, aquisição e difusão do saber, principalmente nesta área”.
Refugiados climáticos
Para além de todas as tragédias causadas pelas mudanças climáticas que atingem todo o planeta, incluindo o Brasil, que a cada ano experimenta imensos estragos causados pelas chuvas, o planejamento e o trabalho de gestão, especialmente nesses municípios mais vulneráveis, podem contribuir para frear um fenômeno que se encontra em franca expansão, chamado de refugiados climáticos.
“Os deslocados ou refugiados climáticos são aquelas pessoas que são obrigadas a abandonar o local onde moram por falta de segurança ou porque simplesmente seu lar foi levado por eventos climáticos extremos, como secas, enchentes e tempestades de grandes proporções, casos que se somam por todas as regiões do Brasil. Aqui e em muitos outros países temos visto aumentar o número de pessoas nessas condições, o que faz ainda mais necessário e urgente uma mobilização que envolva autoridades, pesquisadores e estudiosos sobre o tema e a sociedade”, destaca Semensatto.
“Trata-se de uma oportunidade para as nossas cidades e para cada um de nós, no sentido de se adaptar a essas mudanças que estão em curso e seguirão intensificadas nos próximos anos. É uma realidade global e o Brasil precisa estar atento e preparado”, conclui o docente da Unifesp.