Por Paula Garcia
Hospital São Paulo. Foto: Alex Reipert
No último dia 12/12, em publicação no Diário Oficial do Estado, a Secretaria da Saúde de São Paulo habilitou o pronto-socorro da Neurologia do Hospital São Paulo (HSP/HU Unifesp), como Centro de Atendimento Tipo III aos(às) pacientes com diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI) em sua fase aguda. O próximo passo será a visita da Vigilância Sanitária ao Hospital São Paulo, para confirmação de todas as exigências de funcionamento, seguindo depois os documentos para o Ministério da Saúde, para posterior publicação da portaria com a confirmação do Centro de Atendimento aos doentes com AVCI.
“Fomos o terceiro hospital do Brasil que mais contribuiu com doentes para o estudo Resilient, que demonstrou que a trombectomia mecânica aumenta em quase três vezes a chance do paciente com AVC isquêmico, com oclusão de uma grande artéria do cérebro, ficar independente e sem grandes sequelas, quando realizado dentro das primeiras oito horas do início dos sintomas do AVC. Também demonstrou que este é um tratamento custo-efetivo”, afirma Maria Elizabeth Ferraz, Neurologista da EPM/Unifesp e médica Coordenadora do Pronto-Socorro da Neurologia do HSP/HU Unifesp.
Após este estudo, o tratamento do AVCI com trombectomia mecânica foi incorporado pelo SUS no país e, neste momento, o Ministério da Saúde vem credenciando os centros aptos a este tratamento. “Com a incorporação deste centro de tratamento ao AVCI, o Hospital São Paulo, a Unifesp e a Escola Paulista de Medicina confirmam sua reconhecida vocação de serem centro de ensino, assistência e pesquisa em Neurologia no cenário nacional”, complementa Ferraz.
Sobre o Acidente Vascular Cerebral
O AVC é a segunda causa das mortes ocorridas no mundo, segundo dados de 2019 do grupo Global Burden of Diseases (GBD) Study, passando de primeiro para segundo lugar no Brasil em 2016, segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Também é a doença que mais deixa sequelas naqueles(as) que sobrevivem, em níveis nacional e global.
Geralmente, sua maior incidência é em países subdesenvolvidos, por conta da precariedade nos tratamentos de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e colesterol alto, assim como o sedentarismo, que são os principais fatores de risco para o desencadeamento tanto do AVC Isquêmico, que compreende cerca de 85% dos casos, quanto o do Hemorrágico.
“Há 20 anos começaram os tratamentos mais eficazes para o AVC Isquêmico, com medicamentos que dissolvem o coágulo sanguíneo responsável pelo entupimento da artéria cerebral. Atualmente, temos a opção de remoção do coágulo de dentro da artéria, que é realizada por meio da trombectomia mecânica, tratamento conhecido popularmente como cateterismo, onde um cateter é introduzido pela artéria femoral para a aspiração do trombo e desobstrução do fluxo de sangue, possibilitando tratar o(a) paciente com uma janela de tempo maior do que as três horas e meia passíveis de tratamento há 20 anos atrás”, explica a neurologista.