Pesquisa de mestranda da Unifesp indica que, até 2030, as doenças relacionadas ao excesso de peso devem custar 1,8 bilhão de dólares ao SUS
Por Ligia Gabrielli
(Imagem ilustrativa)
Um estudo recente, conduzido por especialistas em saúde pública da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), projetou um aumento significativo nos custos para o Sistema Único de Saúde (SUS) devido à obesidade e ao excesso de peso no Brasil até 2030. Utilizando uma simulação avançada, os pesquisadores estimaram que os custos diretos e indiretos relacionados à obesidade podem somar cifras alarmantes nos próximos anos.
Os custos diretos com tratamentos de saúde devido a doenças associadas à obesidade estão projetados para atingir cerca de 1,8 bilhão de dólares internacionais de 2021 a 2030. Mais preocupante ainda, os custos indiretos, que incluem a perda de produtividade devido aos anos de vida produtiva perdidos, são estimados em cerca de 20,1 bilhões de dólares.
O trabalho também explorou cenários alternativos, nos quais medidas preventivas poderiam reduzir significativamente esses custos. A análise dos resultados revela que a prevalência de excesso de peso, que estava em 55,4% entre a população adulta brasileira em 2019, pode ser equilibrada para manter a obesidade constante até 2030, o que resultaria em economia de 40,8 milhões de dólares.
Metodologia
A pesquisa utilizou uma abordagem de simulação que cobre uma ampla faixa etária, de 17 a 117 anos, aplicando modelagem de tabelas de vida multiestado para estimar os custos associados às doenças não transmissíveis (DNT) decorrentes do excesso de peso no Brasil. Esta metodologia permitiu a análise detalhada dos custos diretos de saúde, como despesas ambulatoriais e hospitalares no Sistema Único de Saúde (SUS), e custos indiretos, como a perda de anos de vida produtiva, sob diferentes cenários de prevalência de excesso de peso de 2021 a 2030.
Beatriz Giannichi, mestre em Saúde Coletiva pela Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo, afirma que os resultados deste estudo sublinham a urgente necessidade de políticas públicas que enderecem diretamente as causas e as consequências do excesso de peso no Brasil.
“Investir em prevenção não é apenas uma questão de saúde pública, mas uma ação econômica estratégica que pode resultar em economias significativas para o sistema de saúde no longo prazo", reforça a pesquisadora.
Leandro Rezende, professor do Departamento de Medicina Preventiva da EPM/Unifesp e orientador do estudo, comenta que: "a trajetória ascendente da obesidade não apenas impõe desafios clínicos, mas também exacerba a carga econômica sobre nosso sistema de saúde. Os cenários mostram claramente como intervenções eficazes poderiam levar a benefícios econômicos substanciais até 2030."
Os dados sugerem que medidas eficazes de controle e redução do excesso de peso poderiam resultar em economias significativas, destacando a importância de estratégias preventivas no combate à obesidade.