Quarta, 07 Abril 2021 16:06

Nova sede do CAAF é anunciada em evento virtual

As obras de reforma do espaço são custeadas por emendas parlamentares

NovaSede CAAF portal
A solenidade virtual contou com a presença de diversos atores envolvidos na consolidação do CAAF (Imagem: reprodução de tela)

Em cerimônia virtual realizada na terça-feira (6/4), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) anunciou a nova sede do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF). As obras de reforma do espaço, em andamento, estão sendo custeadas por duas emendas parlamentares dos deputados federais Luiza Erundina e Ivan Valente, que juntos destinaram para o projeto R$ 700 mil. A nova sede ocupa 150m² na rua Varpa, próximo à estação de metrô Hospital São Paulo e do Campus São Paulo.

A solenidade contou com a presença de diversos atores envolvidos na consolidação do CAAF, como representantes da atual gestão da Unifesp, políticos e integrantes de movimentos sociais. Para Débora Silva, fundadora do movimento Mães de Maio, o CAAF simboliza uma vitória que leva à consolidação dos direitos humanos no país. “É uma luta árdua, mas gratificante”, cita a mãe do gari Edson Rogério Silva dos Santos, uma das vítimas dos chamados Crimes de Maio (2006).

Soraya Smaili, reitora da Unifesp, comemora o privilégio de poder conhecer e conviver com todos os apoiadores do centro. “Uma das nossas premissas era atuar ao lado dos familiares impactados pelos eventos investigados. As outra eram nos juntarmos academicamente a especialistas internacionais, e trabalharmos fielmente com a história, reconstruindo e construindo o tempo todo”, assegura.

Pedro Arantes, pró-reitor de Planejamento, pontua que o projeto do futuro espaço prevê a existência de auditório, sala de reuniões, copa, jardim, sala de trabalho, laboratório de antropologia forense, sala de lavagem, laboratório de genética, área para simulação de escavações e depósito dos itens que costumam ser avaliados. O coordenador do centro, Edson Luis Teles, complementa que todos os ambientes foram projetados para facilitar o acesso de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. “Além disso, todos os critérios de biossegurança, incluindo os requisitos de pisos e paredes, estão sendo atendidos”, complementa.

Teles afirmou ainda que a construção do CAAF atende ao intuito de torná-lo um centro de referência em direitos humanos na instituição. “Nesses sete anos, desenvolvemos metodologias próprias e conquistamos respeito de parceiros, instituições públicas e movimentos sociais. Desenvolvemos outras pesquisas além das que integravam o escopo do projeto – investigação das ossadas de Perus e dos crimes há 15 anos em São Paulo. Hoje temos um leque de pesquisas, cursos de especialização, atividades de extensão, banco de dados, todo um conjunto de ações pautadas na Arqueologia Forense”, detalhou.

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Representação da futura sala para lavagem remanescentes ósseos, uma parte importante do trabalho investigativo da Antropologia e Arqueologia Forense (Imagem: reprodução)

Sobre o CAAF

O CAAF, criado em 2014, é um centro acadêmico de referência para estudos de investigação sobre violação de direitos humanos no Brasil. Entre os trabalhos desenvolvidos, destacam-se o projeto de pesquisa sobre os Crimes de Maio de 2006, que investigou os episódios de violência de Estado ocorridos na região da Baixada Santista há 12 anos, e o Grupo de Trabalho Perus (GTP), também instituído em 2014, a partir de um acordo de cooperação técnica entre as Secretarias Nacional e Municipal de Direitos Humanos e a Unifesp, com a finalidade de analisar os restos mortais encontrados em 1990 no local que ficou conhecido como vala clandestina de Perus, no Cemitério Dom Bosco, na zona norte de São Paulo. Em agosto, o GTP entregou formalmente os restos mortais do desaparecido político Dimas Casemiro aos seus familiares, que foram identificados em fevereiro deste ano, após resultados de exames de DNA.

 

Lido 2702 vezes Última modificação em Sexta, 11 Março 2022 12:30

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