Por Antonio Saturnino
Para dar continuidade ao Ciclo de Colóquios sobre Política Nacional de Educação: Textos e Contextos, foi realizado no último dia 30 de novembro, o segundo encontro com o objetivo de discutir as políticas nacionais de educação. Na ocasião Helena de Freitas, professora da Unicamp na área de formação de educadores, estudando políticas de formação e diretrizes curriculares, e Lisete Arelaro, da Faculdade de Educação da USP, na área de política educacional, planejamento, avaliação, financiamento e educação popular, foram as palestrantes e abordaram a formação de professores da educação básica.
A reitora da Unifesp, Soraya Smaili, compôs a mesa de abertura do evento e falou sobre a importância que ele representa para a universidade. “Nós estamos vivendo um dos maiores ataques ao ensino público. Precisamos resistir e lutar pela educação, em especial pela educação pública como um direito, pois estamos na eminência de perdê-lo. Continuaremos nesta luta, pois não podemos retroceder. Seguiremos na defesa do ensino público e gratuito, que é a nossa luta de tantos anos e que vai continuar”, ressaltou.
Em sua fala, Lisete Arelaro parabenizou a Unifesp pela organização dos colóquios e criticou a publicação da Base Comum Curricular. “Para que serve a base, se não para dizer que nós, professores, somos decididamente incompetentes de dar conta da nossa tarefa? Por isso é necessário um documento que determine os conteúdos e critérios e que sejamos disciplinados o suficiente para obedecê-los. Fica explicito que a base, na verdade, é a desculpa que, de agora em diante, faremos apenas o que está definido nas diretrizes. Isto vem ao encontro da Emenda Constitucional 19, de 1998, a qual afirma que os funcionários públicos essenciais são apenas os Auditores Fiscais e Policiais Militares, ou seja, somos potencialmente dispensáveis. É realmente algo lamentável”, queixa a educadora.
Helena de Freitas, por sua vez, explicou como isso afeta também a formação de professores. “Temos um quadro bastante complicado. A política de formação envolve a base comum curricular e esses dois movimentos do ministério se apresentam de forma muito complexa. Eles explicam porque a própria Secretaria de Educação Básica instituiu um grupo de trabalho de formação docente, que tem como tarefa principal propor a revisão das licenciaturas, e nós teremos que adequar os currículos a esta base. Do ponto de vista da formação, esta é uma tendência ao estreitamento curricular, tanto na formação básica como na licenciatura”, afirma.
O último encontro da série de colóquios acontece na próxima sexta-feira (4 de dezembro), no anfiteatro da reitoria da Unifesp, e terá como palestrante a educadora Sandra Zita Silva Tiné, que já atuou na Secretaria de Educação e no Conselho de Educação do Distrito Federal e atualmente integra a diretoria de Currículos e Educação Integral/SEB.