Segunda, 27 Junho 2016 16:21

Celebrado convênio entre Unifesp, Universidade do Sul da Flórida e Cryopraxis

Em acordo, Unifesp cede ao laboratório a responsabilidade pelo desenvolvimento de testes clínicos, com células-tronco, para tratamento de angina refratária

Por Valquíria Carnaúba

Um convênio celebrado entre a Unifesp, a Universidade do Sul da Flórida (USF) e a empresa Cryopraxis, primeiro banco privado de sangue de cordão de umbilical do Brasil, promete trazer grandes avanços à medicina cardiovascular. O documento, assinado pela reitora Soraya Smaili, transfere ao laboratório a responsabilidade pelo desenvolvimento de testes clínicos, com células-tronco, para tratamento da angina refratária.

Trata-se da continuidade de um produto inovador, cuja patente já foi concedida nos Estados Unidos e na Rússia e pedidos de patente correspondentes encontram-se em análise pelos órgãos de Propriedade Intelectual competentes em diferentes países, inclusive pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no Brasil.

Desenvolvido por pesquisadores das três instituições, o estudo inicial foi realizado com pacientes entre 53 e 79 anos de idade que apresentavam problemas nas artérias coronárias e não respondiam aos tratamentos clínicos convencionais.

“A angina refratária é uma condição clínica crônica caracterizada por dores no peito e desconforto causados pela isquemia, ou seja, a diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo e, consequentemente, baixa oxigenação do músculo cardíaco. O tratamento hoje consiste em terapias farmacológicas (aspirinas e vasodilatadores) e procedimentos intervencionistas, como a cirurgia de revascularização miocárdica”, explica Nelson Hossne, professor adjunto de Cirurgia Cardiovascular da Unifesp.

Os pesquisadores decidiram, então, apostar nos monócitos, pela sua grande capacidade de promover a angiogênese, ou seja, criação de novos vasos sanguíneos e regeneração tecidual de tecidos isquêmicos, e pela ausência de polêmicas éticas. No procedimento, as células são retiradas da medula óssea do próprio paciente, eliminando o risco de rejeição, preparadas em formulação específica e, em seguida, injetadas diretamente nas áreas afetadas do músculo cardíaco.

“São registrados aproximadamente 150 mil novos portadores de angina refratária no Brasil por ano. Caso a terapia celular para angina refratária seja aprovada como tratamento reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina, não ficando restrito a pesquisas clínicas, um grande número de pacientes poderá se beneficiar do mesmo”, comemora o pesquisador. “A angina refratária é uma condição de alto custo social e econômico. Há dez anos, este estudo com células-tronco, e outros pelo mundo, estavam na fase de testes iniciais. Com mais esse avanço no projeto, em breve, o produto estará presente no arsenal terapêutico de profissionais de saúde”, destaca Eduardo Cruz, presidente da Cryopraxis.

 

Lido 7989 vezes Última modificação em Quarta, 06 Julho 2016 18:14

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