Por Javier Amadeo e Valquíria Carnaúba

No dia 27 de junho, a cientista política e pesquisadora visitante do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Unifesp, Élide Rugai, abordou em palestra a presença de elementos orientais na formação da Península Ibérica e, por extensão, das colônias hispânicas e portuguesa na América Latina.

Para a professora Élide Rugari, a temática do não europeísmo da sociedade ibérica foi abordada por vários autores espanhóis e portugueses. Estendendo esse debate, vários escritores brasileiros, ao discutir a formação nacional, são influenciados por essa tese. A palestra ilustra esse desenvolvimento a partir da obra de Gilberto Freyre, fixando-se não só nos conhecidos trabalhos de 1930, mas lembrando daqueles escritos em 1920, que exploram a importância da manutenção das tradições luso-hispanas e do regionalismo para garantir a unidade nacional.

Se a lembrança da diversidade da formação social e cultural adiciona elementos enriquecedores para o conhecimento da sociedade, a não atenção ao fato de que, na maior parte das vezes, a ênfase na diversidade encobre a desigualdade acarreta problemas a um desenvolvimento político democrático. Ao lado de outros exemplos, ela lembrou que, nos anos 1930, a exclusão dos trabalhadores rurais da legislação trabalhista e da sindicalização esteve apoiada pela tese da especificidade da relação patriarcado/trabalhadores, desenvolvida por Gilberto Freyre.

O encontro foi o quarto seminário pertencente ao ciclo O Estranho e o Estrangeiro, promovido pela Cátedra Edward Said de Estudos da Contemporaneidade e realizado na universidade ao final de todo mês deste ano. O objetivo da instância universitária é desenvolver análises e reflexões acerca da cultura moderna, no âmbito das transformações políticas e culturais do presente em suas relações com a História.

Foto: Jornal da Unicamp (edição 265 - de 13 a 19 setembro de 2004)