Sexta, 26 Agosto 2016 13:17

Cai número de estudantes ingressantes brancos e aumenta o de pardos e vindos do ensino público

Perfil socioeconômico, cultural e acadêmico de alunos que entraram nos cursos de graduação em 2015 traça comparativos entre os anos anteriores nos seis campi

Por Ana Cristina Cocolo e Mariane Santos

A ampliação do número de vagas e de cursos noturnos na Unifesp, a partir do processo de expansão iniciado em 2005, promoveu a inclusão na universidade pública. É o que mostra um estudo apresentado hoje, durante o II Seminário de Políticas de Permanência na Universidade: O sistema de cotas e a trajetória acadêmica dos estudantes de graduação da Unifesp em perspectiva, que compreendeu os seis campi da Unifesp (Baixada Santista, Diadema, Guarulhos, Osasco, São José dos Campos e São Paulo).

O levantamento censitário, desenvolvido pela Comissão de Estudo do Perfil do Estudante de Graduação (CEPEG), vinculada à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) e à Pró-Reitoria de Graduação (ProGrad), traz informações de 2.753 (100%) estudantes ingressantes do ano de 2015 nos 51 cursos de graduação, e incluiu algumas comparações com o perfil dos ingressantes dos anos de 2012, 2013 e 2014, a fim de apresentar o perfil socioeconômico, cultural e acadêmico desse público.

De acordo com o estudo, atualmente a Unifesp apresenta um perfil distinto do encontrado quando a instituição se resumia a um único campus em São Paulo (Escola Paulista de Medicina e Escola Paulista de Enfermagem). Comparativamente, entre os anos de 2012 e 2015, as mudanças mais marcantes referem-se fundamentalmente ao decréscimo de 7,5% no percentual de ingressantes de cor/ raça/etnia branca e ao aumento de 3,7% de estudantes pardos, além do crescimento de 6% no número de estudantes vindos exclusivamente do ensino público, variações relacionadas à política nacional de cotas para a rede federal de ensino.

No que se refere ao Índice de Vulnerabilidade Sociocultural (VS), os ingressantes foram predominantemente classificados no nível que indica menor vulnerabilidade na escala elaborada pelo estudo (43,7%). Os grupos de cor/raça/etnia amarela e branca têm maior representação nessa classificação (59,2% e 50,2%, respectivamente), assim como os que estudaram integralmente em escolas privadas ao longo da escolarização média (61,9%).
 
O questionário de 2015 contém 56 questões alternativas, agrupadas em: a) dados gerais sobre o ingressante; b) antecedentes escolares; c) perfil socioeconômico; d) moradia e mobilidade; e) saúde, lazer e informação.
 
Para as pró-reitoras Maria Angélica Minhoto (ProGrad) e Andrea Rabinovici (Prae), um dos maiores desafios atualmente é acompanhar o ingresso, a permanência e a qualidade do percurso acadêmico, bem como a conclusão da graduação. “Para isso, entre o ingresso e a conclusão, tudo tem sido feito buscando a transversalidade de ações de inclusão, a diminuição da intolerância étnica e racial, a minimização do impacto da desigualdade socioeconômica, de gênero e diversidade na trajetória acadêmica, implicando o delineamento de novas políticas universitárias voltadas às ações afirmativas e de permanência”, explica Andrea.

Maria Angélica afirma que, ainda que imprescindível, apenas a política de cotas não será suficiente para democratizar o acesso à formação de qualidade da universidade pública. Para ela, as universidades precisam, cada vez mais, de autonomia, compromisso e respaldo financeiro para propiciarem uma formação verdadeiramente universitária e capaz de minimizar as desigualdades e injustiças sociais. "Apesar de não constar nos resultados da atual pesquisa, já pudemos constatar em estudo anterior que as ações da Unifesp conseguem aproximar o desempenho de estudantes de diferentes perfis no decorrer do percurso acadêmico", afirma a Pró-reitora de Graduação, Maria Angélica Minhoto.

Outros dados
 
A turma de 2015 caracterizou-se por ser predominantemente feminina (54,0%), de cor/raça/etnia branca (62,5%), proveniente da região sudeste (97,5%), mais especificamente, do estado de São Paulo (95,7%). No momento em que responderam ao questionário socioeconômico, tinham entre 20 e 22 anos de idade, eram solteiros (91,7%), sem filhos (93,5%), residiam com os pais (79,1%), em casa própria (55,4%), não trabalhavam (72,6%) e pretendiam se deslocar para a universidade por meio de transporte coletivo (78,7%). Entre os campi, destaca-se maior nível de vulnerabilidade sociocultural para os estudantes de Guarulhos.
 
No Ensino Médio, estudaram em cursos regulares (83%), no período diurno (66,7%), levaram três anos para concluí-lo (90,6%), tendo cursado integral (48,3%) ou parcialmente (6,5%) na escola pública. Antes de ingressarem na Unifesp, fizeram cursinhos preparatórios pré-vestibular (54,1%), pelo período de um ano (54,1%) ou mais (27,8%), optando exclusivamente pela matrícula no curso de graduação da Unifesp (84,8%) – o qual representou a primeira experiência de ensino superior em suas trajetórias acadêmicas (59,9%).
 
À época, suas famílias possuíam rendimentos totais superiores a cinco salários mínimos (51,1%), com renda per capita de até 1,5 salários mínimos (53,5%) e somente 5% fizeram parte de programas sociais de transferência de renda. Afirmaram ainda que a sua permanência na universidade seria financiada pelos familiares (65,9%). O perfil de renda familiar dos ingressantes está fortemente relacionado com a carreira escolhida, sendo os estudantes do curso médico os provenientes de núcleos familiares com os maiores rendimentos médios – acima de dez salários mínimos.
 
Declararam ser praticantes de atividades físicas ou esportivas (62,6%) e não possuírem qualquer tipo de deficiência física (97,3%). Como fontes de lazer indicaram predominantemente a internet (25,4%), o encontro com amigos (21,3%) e a leitura (19,0%) e, como principal fonte de informação, a internet (85,9%).
 
A pesquisa completa está disponível neste link.

 

Lido 10847 vezes Última modificação em Segunda, 12 Setembro 2016 14:53

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