Sexta, 27 Abril 2018 15:27

Sistema respiratório de pré-escolares da rede municipal é avaliado pela Unifesp

Dados preliminares mostram que oscilometria pode ser utilizada para diagnósticos precoces em crianças saudáveis e asmáticas

Por Valquíria Carnaúba

Pesquisa da Unifesp avalia sistema respiratorio de pre escolares da rede municipalCrédito: arquivo pessoal

Duas pesquisas desenvolvidas por Patrícia Polles de Oliveira Jorge, pós-doutoranda em Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), devem em breve lançar luz ao diagnóstico precoce de disfunções pulmonares e doenças respiratórias em crianças pré-escolares. Ambas as investigações fazem parte de uma linha de pesquisa que busca avaliar as condições do sistema respiratório de jovens saudáveis e asmáticos, valendo-se de questionário específico e da oscilometria, exame não-invasivo que consiste no ato de assoprar um aparelho que avalia a mecânica ventilatória pulmonar.

Os trabalhos, denominados Estudo da Resistência das Vias Aeríferas em Crianças Sibilantes de 3 a 6 Anos e Valores de Referência de Oscilometria de Impulso para Crianças Brasileiras na Idade de 3 a 6 Anos, são conduzidos em associação com Dirceu Solé, orientador credenciado do Programa de Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria, e Gustavo Falbo Wandalsen, pediatra e professor afiliado da instituição, respectivamente, desde os anos de 2016 e 2018. Pela relevância, a segunda pesquisa também tem o envolvimento outras duas instituições: o Laboratório de Função Pulmonar do Serviço de Pneumologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e o Laboratório de Função Pulmonar do Serviço de Alergia e Pneumologia Pediátrica da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Segundo Polles, as investigações foram motivadas especialmente pela ausência de valores de referência de oscilometria para crianças pré-escolares no Brasil, fundamental para o diagnóstico precoce de doenças respiratórias. “O exame tradicionalmente realizado para investigar a função pulmonar, a espirometria, é difícil de ser aplicado nessa faixa etária devido a necessidade de reproduzir manobras de expiração forçada e requer compreensão por parte do paciente. Os parâmetros oscilométricos utilizados por aqui até então são os aceitos internacionalmente, mas recomenda-se que cada país tenha o seu”, explica.

A oscilometria, acrescida do questionário, é aplicada em crianças da rede pública de ensino do município de São Paulo, atendidas no ambulatório de Laboratório de Função Pulmonar de Lactente, Criança e Adolescente da Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia do Departamento de Pediatria (EPM/Unifesp). O exame consiste em respirar normalmente pela boca, de 3 a 5 vezes, por 30 segundos. Em seguida, são aplicadas duas doses de sulfato de salbutamol (Aerolin®), totalizando 200 microgramas, por meio da utilização de máscara e espaçador, dispositivo que garante que a dose exata do medicamento chegue aos pulmões da criança. Posteriormente, após 15 minutos, são efetuadas novas mensurações. Enquanto se espera o enfeito do medicamento, são aplicados dois questionários curtos, que têm a intenção de correlacionar os dados obtidos com os sintomas.

A previsão é que a coleta de dados perdure até julho de 2018, porém os dados preliminares mostram que é possível identificar alterações da função pulmonar por meio da oscilometria. Portanto, até lá é importante que os pais ou responsáveis por alunos da rede pública de ensino infantil fiquem atentos à agenda escolar de seus filhos, pois o convite para participar da pesquisa pode ocorrer por lá. “Até o momento, solicitamos autorização por parte da direção de três escolas da zona sul de São Paulo, e a receptividade foi muito boa. Todas as crianças com idade entre três e quatro anos foram convidadas e mais ou menos um terço compareceu com suas crianças para realização do exame”, comemora Polles. 

Ainda assim, ela reforça que, se houver interesse em participar da pesquisa e verificar se o pulmão dos pequenos está em ordem, pais e responsáveis podem entrar em contato pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou por WhatsApp® (16-9-9991-8586).

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