Terça, 18 Setembro 2018 15:07

Pesquisa examina musculatura orofacial e comportamento alimentar de crianças cardiopatas

Estudo inédito indica ser possível avaliar musculatura orofacial em associação com a termografia

Por Valquíria Carnaúba

A mestranda Marcela Dinalli, por meio do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana da Unifesp, está desenvolvendo uma pesquisa que compara crianças pré-escolares da rede pública de ensino (4 a 6 anos) a crianças acometidas pela cardiopatia congênita, má-formação cardíaca que afeta um em cada 100 bebês nascidos vivos (Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, 2013). Dinalli deve em breve evidenciar as principais alterações da musculatura e das funções orofaciais (termo relacionado ao sistema envolvido na respiração, mastigação, deglutição e fala), características da doença, valendo-se de questionário, exames físicos e de termografia facial, técnica de captação da temperatura da pele cuja aplicação na Fonoaudiologia trata-se da principal novidade do estudo. 

Termografia pesquisaPortal
Imagem do exame de Termografia Facial

Orientado pela docente do Departamento de Fonoaudiologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) – Campus São Paulo, Silvana Bommarito, o estudo foi desenvolvido em parceria com o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Inicialmente, as escolas que aceitam contribuir com a pesquisa enviam aos pais e responsáveis pelos alunos um Termo de Consentimento junto ao material escolar dos alunos. “As crianças autorizadas a participar são então convocadas às terças-feiras para avaliação de peso e altura, verificação da respiração, sucção (tomar água com canudinho), mastigação (mastigar uma bolacha recheada) e deglutição (engolir água), procedimento gravado para análise dos dados”, explica a pesquisadora. Na sequência, é realizada a termografia, uma fotografia do rosto da criança que mostra a temperatura na pele. Ao final, é aplicado um questionário, junto ao responsável pelo menor, para obtenção de informações sobre seu comportamento “A finalidade é selecionar o grupo controle, composta por crianças sem cardiopatia congênita para compará-las com o grupo experimental (crianças com cardiopatia congênita).

A cardiopatia congênita é uma anormalidade na estrutura ou função cardiocirculatória que ocorre desde o nascimento, possível de ser diagnosticada posteriormente. “Conforme aponta o Ministério da Saúde, as crianças podem apresentar cansaço às mamadas, palidez cutânea, sudorese acentuada, taquicardia, redução da amplitude dos pulsos centrais e periféricos e hipotensão arterial sistêmica", completa

A previsão é que a coleta de dados perdure até dezembro de 2018. Portanto, pais ou responsáveis pelos alunos convocados devem ficar atentos à agenda escolar de seus filhos, pois o convite para a pesquisa pode ocorrer por lá. A participação é importante tanto pela contribuição com a pesquisa quanto pela possibilidade de atendimento imediato da criança caso apresente algum problema de fala e em funções orofaciais detectado durante o estudo. "É crucial sabermos as alterações miofuncionais orofaciais em pacientes com cardiopatia para o correto diagnóstico e tratamento fonoaudiológico. Até o momento, encaminhamos duas crianças para o ambulatório de Fonoaudiologia da Unifesp para avaliação miofuncional orofacial e realização de exames complementares, assim como tratamento fonoaudiológico", finaliza Dinalli.

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