Quarta, 29 Agosto 2018 13:34

Tabagismo é uma doença. E a Unifesp oferece tratamento.

Serviço é gratuito e tem duração de um ano; núcleo oferecerá tratamento a gestantes a partir de 2019

Por Valquíria Carnaúba

O Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo – PrevFumo, ligado à disciplina de Pneumologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) e ao Hospital São Paulo, hospital universitário da Unifesp, oferece tratamento gratuito para quem deseja parar de fumar. Os atendimentos são feitos em grupo ou individualmente por uma equipe multiprofissional, formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos. O Núcleo realiza, em média, quatro mil atendimentos por ano.

A psicóloga Rosângela Vicente, coordenadora do Prevfumo, afirma que o núcleo atende atualmente oito grupos de atendimento, cada um com aproximadamente 20 pessoas, e que abrem 30 novas vagas toda semana. Ela destaca ainda que o agendamento é simples. "Basta ligar e marcar uma avaliação inicial. Não é necessário encaminhamento médico, mas verificamos uma série de fatores, como índice de dependência, ambiente social, sintomas e medicação utilizada".

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A coordenadora do Prevfumo, Rosangela Vicente, durante palestra a grupo de pacientes ex-fumantes: “A culpa nem sempre é do cigarro. A vontade de fumar vem de uma situação, seja estresse, seja felicidade. É necessário enxergar esse momento e ver que o cigarro não vai resolver nada”

Todo o trabalho do grupo apoia-se em dois pilares: mudança comportamental e estratégias de redução de danos. As sessões, de 75 minutos, acontecem uma vez por semana, durante um mês. Posteriormente, a cada duas semanas, por dois meses; e uma vez por mês, até completar um ano. Nelas, os pacientes dividem suas experiências, dificuldades, angústias e sucessos diários. Durante o tratamento, ações como adiar o primeiro cigarro da manhã, beber água e exercícios físicos. Paralelamente, a equipe de apoio aos pacientes do Prevfumo fornece o antidepressivo Bupropiona e medicamentos de terapia de reposição de nicotina (TRN), na forma de adesivos e gomas. 

Segundo Vicente, a taxa de abandono do programa é muito pequena, em torno de 10%, refletindo, por um lado, o trabalho comportamental desenvolvido pela equipe do núcleo e, por outro, o sucesso da estratégia de restrição publicitária de combate ao tabagismo adotada no Brasil desde 1988. Uma pesquisa de 2013 da Organização Panamericana de Saúde (Opas) aponta que, desde aquele ano, um em cada três fumantes cessaram o tabagismo. Entretanto, o cigarro continua sendo apresentado precocemente às vidas das pessoas. Pressão dos colegas, falta de supervisão dos pais, tabagismo dos familiares próximos e atividades noturnas de lazer são os principais motivos do início do uso de cigarros entre os adolescentes.

Apoio às gestantes

O pneumologista José Roberto de Brito Jardim, também coordenador do Prevfumo, afirma que em janeiro de 2019 o núcleo ganha uma novidade: tratamento para gestantes dependentes do tabagismo. Fruto de um trabalho da mestranda Márcia Bilezikjian Kalaidjian, do Programa de Pós-Graduação em Pneumologia, o programa contará com o tratamento do tabagismo durante a gestação e após o parto, quando muitas consideram que o risco para o bebê está distante - o que não é verdade. "Fumar durante a gravidez aumenta o risco de aborto, parto prematuro e bebês com baixo peso. Após o nascimento, o tabagismo passivo sujeita bebês e crianças a doenças respiratórias", relembra Jardim.


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Equipe do Prevfumo, que trabalha junto à psicóloga Rosangela Vicente: os pneumologistas Aldo Agra, José Roberto Jardim, Lygia Sampaio e Oliver Nascimento; a psicóloga Talita Lobo e a enfermeira Fabíola Letícia. 

Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo – PrevFumo
Rua Botucatu, 979, na Vila Clementino, em São Paulo/SP (próximo ao Metrô Santa Cruz).

Para agendar uma avaliação inicial, é preciso ligar nos telefones (11) 5572-4301 ou (11) 5576-4848 (ramais 17002 / 17004), de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.
Lido 18623 vezes Última modificação em Terça, 14 Janeiro 2020 14:10

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