Por Matheus Campos
(Imagem ilustrativa)
Aproximadamente 168 mil mortes por ano no Brasil são atribuíveis ao excesso de peso e obesidade, aponta estudo inédito publicado na revista científica Preventing Chronic Disease, do renomado Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta, EUA (em inglês, Center for Disease Control and Prevention – CDC). O estudo foi conduzido por pesquisadores brasileiros, dentre eles, Leandro Rezende, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo.
O excesso de peso/obesidade pode ser estimado pelo cálculo do índice de massa corporal (IMC). “Pessoas com o IMC alto apresentam risco aumentado para diversas doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias e câncer”, adverte Rezende.
No Brasil, essas doenças representam 75% de todas as causas de morte atuais. Para estimar o IMC na população brasileira, os pesquisadores utilizaram dados da Pesquisa Nacional de Saúde, conduzida pelo IBGE. Em 2013, mais de 40% da população brasileira já apresentava excesso de peso (IMC 25≥ kg/m2).
“Nesse sentido, foi estimada a proporção e o número de mortes pelas principais doenças crônicas (doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer) que poderiam ser evitadas no Brasil mediante a redução do IMC”, explica o professor Rezende. Na pesquisa, foram considerados três diferentes cenários: O primeiro cenário estimou que, se toda população brasileira adulta tivesse o IMC de 22kg/m2, ou seja, se não houvesse excesso de peso/obesidade, aproximadamente 168 mil mortes por ano no Brasil seriam evitadas. Esse número representa cerca de 25% das mortes pelas principais doenças crônicas (doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer) e 15% de todas as mortes ocorridas.
A maior parte das mortes evitáveis seria por doenças cardiovasculares (106.307), seguidas por doenças respiratórias (33.471) e câncer (28.653). No segundo cenário, os pesquisadores estimaram quantas mortes seriam evitadas se o IMC da população brasileira, fosse o mesmo de 2002/2003, e encontraram que aproximadamente 65 mil mortes seriam evitadas nesse caso, representando 10% das mortes pelas principais doenças crônicas e 5,8% das mortes por todas as causas. Por fim, o terceiro cenário estimou a redução de uma unidade do IMC (1Kg/m2) na população, o que evitaria cerca de 30 mil mortes, representando 4,6% das mortes pelas principais doenças crônicas e 2,7% das mortes por todas as causas.
“Os resultados podem ter importantes implicações para políticas públicas voltadas à prevenção e controle da doença associadas ao excesso de peso e obesidade”, conclui Rezende.