Sexta, 25 Outubro 2019 10:23

Excesso de peso e obesidade causam 168 mil mortes por ano no Brasil

De acordo com pesquisa inédita, redução do índice de massa corporal (IMC) poderia evitar as principais doenças crônicas

Por Matheus Campos

Pessoa se pesando em uma balança
(Imagem ilustrativa)

Aproximadamente 168 mil mortes por ano no Brasil são atribuíveis ao excesso de peso e obesidade, aponta estudo inédito publicado na revista científica Preventing Chronic Disease, do renomado Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta, EUA (em inglês, Center for Disease Control and Prevention – CDC). O estudo foi conduzido por pesquisadores brasileiros, dentre eles, Leandro Rezende, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo.

O excesso de peso/obesidade pode ser estimado pelo cálculo do índice de massa corporal (IMC). “Pessoas com o IMC alto apresentam risco aumentado para diversas doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias e câncer”, adverte Rezende.

No Brasil, essas doenças representam 75% de todas as causas de morte atuais. Para estimar o IMC na população brasileira, os pesquisadores utilizaram dados da Pesquisa Nacional de Saúde, conduzida pelo IBGE. Em 2013, mais de 40% da população brasileira já apresentava excesso de peso (IMC 25≥ kg/m2).

“Nesse sentido, foi estimada a proporção e o número de mortes pelas principais doenças crônicas (doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer) que poderiam ser evitadas no Brasil mediante a redução do IMC”, explica o professor Rezende. Na pesquisa, foram considerados três diferentes cenários: O primeiro cenário estimou que, se toda população brasileira adulta tivesse o IMC de 22kg/m2, ou seja, se não houvesse excesso de peso/obesidade, aproximadamente 168 mil mortes por ano no Brasil seriam evitadas. Esse número representa cerca de 25% das mortes pelas principais doenças crônicas (doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer) e 15% de todas as mortes ocorridas.

A maior parte das mortes evitáveis seria por doenças cardiovasculares (106.307), seguidas por doenças respiratórias (33.471) e câncer (28.653). No segundo cenário, os pesquisadores estimaram quantas mortes seriam evitadas se o IMC da população brasileira, fosse o mesmo de 2002/2003, e encontraram que aproximadamente 65 mil mortes seriam evitadas nesse caso, representando 10% das mortes pelas principais doenças crônicas e 5,8% das mortes por todas as causas. Por fim, o terceiro cenário estimou a redução de uma unidade do IMC (1Kg/m2) na população, o que evitaria cerca de 30 mil mortes, representando 4,6% das mortes pelas principais doenças crônicas e 2,7% das mortes por todas as causas.

“Os resultados podem ter importantes implicações para políticas públicas voltadas à prevenção e controle da doença associadas ao excesso de peso e obesidade”, conclui Rezende.

 

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