Doenças emergentes, infecciosas e negligenciadas

O tema Doenças Emergentes, Infecciosas e Negligenciadas pretende contemplar o desenvolvimento e internacionalização das pesquisas voltada para as necessidades dos pacientes e o desenvolvimento de ferramentas para prevenção (vacinas), diagnósticos (metodologia), tratamento (desenvolvimento de medicamentos) e acompanhamento de pacientes (controle de infecção). Estes processos já vêm sendo realizados em pesquisas de alto nível feitas localmente e através de diversas colaborações internacionais entre os programas de pós-graduação em Microbiologia e Imunologia (Nota 7), Infectologia (Nota 5), Oftalmologia (Nota 6) e Enfermagem (Nota 5) que englobam pesquisadores de diferentes áreas (básica, aplicada e clínica). As pesquisas atualmente desenvolvidas nesta Instituição na área de Doenças Infeciosas englobam estudos que vão da biologia básica à aspectos patológicos e o manejo de pacientes, em vírus, bactérias, fungos e parasitas. Neste sentido, as colaborações internacionais são importantes para a transferência de novas tecnologias e no compartilhamento de informações epidemiológicas destas doenças. Esta temática oferece também possibilidades inúmeras de formar e consolidar redes de colaborações entre a Unifesp e diversas Universidades e Empresas internacionais. Pretendemos dentro do projeto de Internacionalização promover esta congregação de esforços e criar localmente um ambiente de alto nível pesquisa e ensino para atingir metas específicas dentro do conceito de internacionalização.


Linhas de Pesquisa

  • Desenvolvimento e aplicações diagnósticas para doenças infecciosas.


O diagnóstico para doenças infecciosas provocadas principalmente por infecções emergentes ou negligenciadas, isto é, aquelas que afetam principalmente países em desenvolvimento como o Brasil, ainda não estão adequadamente estabelecidos. O Brasil é o quinto maior país do mundo em área e população com mais de 192 milhões de pessoas. O país possui condições sócias demográficas heterogêneas e tem passado por rápidas mudanças econômicas, sociais e ambientais. Apesar das reduções pronunciadas no número de óbitos por doenças infecciosas, principalmente devido a infecções por HIV e doenças tropicais nas últimas seis décadas, o ressurgimento de doenças como dengue, chikungunya, Zika e, mais recentemente, febre amarela tem sido observada. Na área de diagnóstico inúmeras limitações e dificuldades que advém de questões de variabilidade local, dificuldade de coleta e processamento e interpretação dos resultados. Também é precário o prognóstico tanto após a identificação do agente como durante o tratamento. Diversas linhas de pesquisa na Unifesp enfocam agentes infecciosos, como estudos de vírus (HIV, Dengue, Zika, Influenza) bactérias e fungos patogênicos além de protozoários parasitas. Existe grande potencial de atração de grupos internacionais para o estabelecimento de novas técnicas de diagnóstico e prognóstico, muitas já feitas em redes internacionais. Este projeto procurará criar um ambiente de compartilhamento de informações e tecnologias diagnósticas desde a caracterização de antígenos até o emprego de novos testes moleculares contribuindo para preencher esta importante lacuna na área de saúde. Nosso objetivo será também fortalecer e internacionalizar a linha de pesquisa relacionada à Infecção entre os pesquisadores de enfermagem. Desta forma, este projeto irá enfocar em análises epidemiológicas, descrição de fatores de risco e prevenção. O ponto positivo é a abrangência de atuação dos profissionais enfermeiros em centros de alta complexidade, vigilância hospitalar, ambiental comunidade, escolas e populações vulneráveis e especiais.

  • Mecanismos de patogenicidade de agentes infecciosos

Já existem dentro dos nossos programas de pós-graduação grupos de excelência que buscam compreender os mecanismos envolvidos no desenvolvimento de infecções causadas por microrganismos. Estes programas envolvem trabalhos de caracterização morfológica, bioquímica, celular dos agentes infecciosos até os mecanismos de resposta e adaptação no hospedeiro humano. Além disso, há um grande enfoque nos aspectos clínicos destas patologias possibilitando correlacionar os dados clínicos com os mecanismos de virulência. Desta forma, o objetivo deste projeto será o de congregar os diferentes grupos de pesquisa em plataformas que caracterizem determinantes de virulência através da identificação de clones ou isolados altamente virulentos a partir de experimentação ou de disseminados em unidades hospitalares brasileiras. Estes clones serão caracterizados através de sequenciamento em larga escala, hoje aplicado para muitos microrganismos. A obtenção destas linhagens será feita de forma multicêntrica, possibilitando uma continua interação com Centros Internacionais. Neste sentido, as missões, intercâmbios e estágios permitirão consolidar estas interações.

  • Resistência a drogas e novos medicamentos

A disponibilidade de tratamentos contra doenças infecciosas é bastante limitada no caso de doenças negligenciadas e emergentes e a resistência microbiana também representa um importante problema de saúde pública nos hospitais brasileiros. Embora a maioria da população dependa do sistema público de saúde, uma fração crescente de pessoas é assistida por instituições privadas, refletindo em práticas distintas de cuidados de saúde e prevenção de controle de infecções relacionadas à assistência à saúde. Como resultado, a ausência de tratamentos e diferentes padrões de resistência antimicrobiana podem surgir ou já existem no país. Neste projeto, diversos grupos dos programas de pós-graduação vêm trabalhando com agentes patogênicos como protozoários, vírus, bactérias e fungos através de colaborações internacionais já existentes. O projeto permitirá criar colaborações internas e consolida-las como uma rede de instituições internacionais. Além disto, o acesso a diferentes cortes de pacientes servirá para atrair grupos internacionais, possibilitando dar um melhor treinamento local tanto na área básica como aplicada à saúde.


Países envolvidos

Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Israel, Itália, Reino Unido, Rússia.


Coordenador
Prof. Dr. Sérgio Schenkman

Temas Transversais

longevidade neurociencia Cidades e desenvolvimento oncologia

Longevidade

O aumento da longevidade humana pode ser considerado o fenômeno mundial mais importante da atualidade, com implicações sociais, econômicas, previdenciárias...

Neurociência, Cognição e Educação

A neurociência agrega conhecimentos de Humanas, Exatas e Biológicas, que se reúnem para a aplicação em setores clínicos, industriais e educacionais.

Cidades e Desenvolvimento Sustentável

Os centros urbanos, onde vive atualmente pouco mais da metade da população mundial, estão no centro do debate sobre sustentabilidade global...

Oncologia

O desenvolvimento do câncer está 10% relacionado a fatores hereditários e uma boa parte a fatores ambientais e hábitos de vida.

Promoção do bem estar (2) contemporaneidade inflamação (1) doenças

Promoção do Bem-Estar

Os problemas associados ao uso de drogas e à violência destacam-se entre os principais desafios na área de políticas públicas de saúde, educação e segurança...

Estudos da Contemporaneidade

As questões culturais que se colocam hoje à sociedade envolvem processos migratórios, identidade nacional e nacionalismo, democracia, economia global, papel da ciência...

Inflamação

A inflamação está diretamente relacionada a diversas patologias, como doenças pulmonares, neuropatias e câncer, que geram anualmente elevado custo aos sistemas de saúde do país...

Doenças emergentes, infecciosas e negligenciadas

O tema Doenças Emergentes, Infecciosas e Negligenciadas pretende contemplar o desenvolvimento e internacionalização das pesquisas voltada para as necessidades dos pacientes...

Inflamação

A inflamação é uma resposta à infecção ou lesão tecidual que ocorre para erradicar microrganismos ou agentes irritantes e para potenciar a reparação tecidual. Quando ativada de forma excessiva ou persistente, a inflamação pode causar o comprometimento de órgãos e sistemas, levando à descompensação, disfunção orgânica e morte. Atualmente, é reconhecido que a inflamação está implicada em diversas doenças, infecciosas ou não, destacando doenças causadas por protozoários e bactérias, a osteoartrite, doenças do sistema cardiovascular, neuropatias, doenças pulmonares, esclerose múltipla e câncer, os quais geram, todos os anos, elevado custo aos sistemas de saúde do país. Apesar deste conhecimento, os mecanismos celulares e moleculares envolvidos na patogenia destas doenças ainda não estão totalmente elucidados, o que implica na limitação diagnóstica e na aplicação de terapias mais efetivas. Assim, o contínuo investimento em pesquisas e treinamento de recursos humanos, no âmbito técnico/científico, é fundamental para o avanço da identificação de novos alvos, que visem o desenvolvimento de estratégicas terapêuticas mais eficazes ao tratamento dessas doenças de natureza inflamatória. Neste contexto, as pesquisas atualmente desenvolvidas nesta instituição, na área de inflamação, englobam três temas principais: 1) bases moleculares e celulares de doenças inflamatórias; 2) identificação de alvos moleculares envolvidos em doenças inflamatórias e 3) desenvolvimento de tratamentos e terapias para doenças inflamatórias.

Linhas de Pesquisa

  • Bases moleculares e celulares de doenças inflamatórias

Nesta linha de pesquisa serão contemplados estudos que visam esclarecer os mecanismos subjacentes a participação de mediadores inflamatórios em condições fisiofarmacológicas e o estabelecimento do processo inflamatório da célula ao órgão, em diferentes condições patológicas. A inflamação está presente em diversos processos patológicos e tem sido um alvo terapêutico importante, entretanto, o nosso entendimento de como se estabelece e se a inflamação é causa ou consequência do processo patológico é ainda limitado. Neste sentido, em nossa instituição diversos grupos de pesquisa já estão desenvolvendo estudos que têm como principal finalidade investigar os mecanismos e as repercussões sistêmicas da inflamação. A presente proposta é convergente no sentido de agrupar estes diferentes grupos institucionais, com características multidisciplinares e translacionais, bem como, incluir colaboradores internacionais de reconhecida reputação na área que permitirão avançar no conhecimento científico e de inovação, além de promover a formação de recursos humanos de alta qualidade e avançar na internacionalização. Os principais tópicos a serem abordados são os mecanismos moleculares, celulares, funcionais e integrativos relacionados à inflamação em diversos modelos experimentais fisiopatológicos (in vitro, in vivo, in situ, ex-vivo) incluindo: doenças cardiovasculares, respiratórias, renais, metabólicas (obesidade e diabetes), infecciosas bacterianas ou parasitárias, neurodegenerativas, autonômicas e hematológicas, endócrinas e reprodutivas. Pretende-se por meio de diferentes abordagens identificar os mecanismos moleculares agudos e crônicos da inflamação, suas repercussões e interações, investigando processos como autofagia, inflamassomas, acetilação de proteínas, alterações epigenéticas, angiogênese, estresse oxidativo, alterações neuro-humorais, repercussões de intervenções como exercício físico, dieta e efeito nutracêutico, imunidade inata, rede de sinalização de receptores nucleares, entre outros. Um dos focos será a abordagem translacional, por exemplo, o estudo de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca e de revascularização, assim como pacientes com doenças inflamatórias do trato reprodutor masculino e de portadores de doenças falciformes.

  • Identificação de alvos moleculares envolvidos em doenças inflamatórias

Nesta área do conhecimento, os estudos são voltados para o entendimento das ações de mediadores de diversas naturezas e da caracterização de alvos biológicos, ou biomarcadores, envolvidos em distúrbios ou doenças inflamatórias, visando o desenvolvimento de novos fármacos com atividade anti-inflamatória. Estes estudos estão inseridos em duas frentes de investigação: 1) estudos do papel fisiopatológico de agentes anti- e pró-inflamatórios, e seu mecanismo molecular sobre a resposta celular em determinados órgãos ou sistemas; 2) identificação e caracterização de alvos farmacológicos ou compostos exógenos, com potencial efeito regulatório sobre a resposta inflamatória. Para tanto, são empregados protocolos experimentais in vivo e in vitro, que incluem modelos de inflamação aguda de lesão tecidual e dermatológica e de inflamação crônica das vias aéreas, neurais e sensoriais. Ainda, são utilizadas técnicas de biologia molecular, microscópicas e funcionais, além de análises da biologia de sistemas, como metabolômica e lipidômica.

  • Desenvolvimento de tratamentos e terapias para doenças inflamatórias

A inflamação aguda é definida como reação imunológica do corpo Humano com o objetivo de defesa contra elementos estranhos - estes incluem microrganismos e toxinas. Esse processo ocorre em diversas etapas (podendo ser única ou múltipla) com lesões e reparações teciduais em busca do retorno ao estado fisiológico normal. Não raramente, em processos inflamatórios leves a moderados, de curta duração, ocorre a reparação tecidual sem sequelas, no entanto, a severidade com cronicidade do processo inflamatório pode levar a modificações teciduais de diversos graus e contribuir para a indução de várias doenças, podendo levar a falência dos órgãos afetados e até mesmo a morte do paciente. Este projeto tem como objetivo a compreensão fisiopatológica com foco no tratamento e desenvolvimento de terapias de diversos tipos de doenças de cunho inflamatório, que incluem doenças isquêmicas (ex. cerebrais, cardíacas, de membros e de estruturas sensoriais da orelha interna); doenças respiratórias causadas pela poluição ambiental, alergias; doenças metabólicas (como diabetes e suas consequências) e tóxicas (ex. acidentes com toxinas de animais peçonhentos). Dessa maneira, aproveitando os conhecimentos gerados por pesquisas em ciências básicas e translacionais, pretende-se desenvolver terapias baseadas na modulação de genes que controlam a atividade das células inflamatórias (como monócitos e macrófagos), no uso de células-tronco entre outras abordagens que visam potenciais tratamentos anti-inflamatórios e regenerativos.

Países envolvidos
Canadá; Austrália; Reino Unido; Itália; Noruega; Alemanha; Estados Unidos; França; Chile; Costa Rica; Portugal.

Coordenadora
Prof.ª Dr.ª Karina Bortoluci

 

Oncologia

Oncologia é dedicada ao estudo e tratamento do câncer, cujo desenvolvimento está relacionado a fatores ambientais e hábitos de vida, sendo 10% hereditários. O tratamento multidisciplinar, com foco na prevenção, diagnóstico e tratamento, é fundamental. O instituto nacional de câncer estima 600 mil novos casos de câncer no biênio 2018-2019 no brasil. À exceção do câncer de pele não melanoma, os tipos de câncer mais incidentes em homens serão próstata, pulmão, intestino, estômago e cavidade oral e, nas mulheres, os cânceres de mama, intestino, colo do útero, pulmão e tireoide. Apesar de grandes avanços no conhecimento da etiopatogenia do câncer, esse continua retirando milhões de vidas todos os anos, sendo a 2ª causa de óbito no brasil. 90% destes tumores poderiam ser curados se fossem diagnosticados precocemente e tratados adequadamente. Embora esta patologia seja bastante complexa em seus mecanismos de desenvolvimento e respostas à aplicação terapêutica, poucas faculdades de medicina têm uma disciplina específica de oncologia em sua grade curricular. O diagnóstico e tratamento dos diferentes tipos de tumor avançaram nos últimos 15 anos. Métodos de imagens permitiram a identificação de tumores cada vez menores e biomarcadores permitiram que os diagnósticos fossem mais precisos. A inclusão da biologia molecular e celular tem resultado na identificação de potenciais alvos terapêuticos e marcadores de risco para desenvolvimento de tumores. No entanto, o conhecimento sobre o câncer é extremamente dinâmico. Os desafios para o estabelecimento de tratamentos mais específicos, com menos efeitos colaterais e resistência aos fármacos, estão atualmente presentes. Assim, o aprimoramento e a troca de conhecimento dos mecanismos moleculares e celulares do câncer, a procura por novos biomarcadores e terapias antitumorais e o cuidado com o paciente e seus familiares são fundamentais. A unifesp é um centro de excelência em pesquisa, ensino e assistência clínica, e precisa desenvolver visão ampla e multidisciplinar na área da oncologia com a formação de recursos humanos altamente qualificados. Além disso, precisa estimular a formação de redes de pesquisas internacionais com vistas a aprimorar a qualidade da produção acadêmica vinculada à pós-graduação sobre o tema.

Linhas de Pesquisa

  • Mecanismos Moleculares e Celulares do Câncer

O diagnóstico precoce e preciso do câncer é fundamental para seu tratamento adequado. O conhecimento dos mecanismos moleculares e celulares de tumores hereditários e esporádicos permitirá realizar diagnóstico individualizado que resultará em acompanhamento e tratamento personalizado. A constante replicação das células tumorais demanda uma grande quantidade de energia e para sustentar este processo a célula neoplásica precisa ajustar o seu metabolismo, o que leva à desregulação energética celular. Além disso, a célula neoplásica precisa adquirir a capacidade de evasão da resposta imune, ou seja, sair dos mecanismos de vigilância e adquirir resistência aos mecanismos efetores do sistema imune. Estabelecido o tumor, este precisará de nutrientes e oxigênio. Haverá então importante interação com o sistema circulatório por meio da indução de angiogênese. Finalmente, a progressão da doença se dá pela invasão e metástase. Essa capacidade é uma das mais letais do câncer desde que, apesar dos avanços da ciência e da medicina, o tratamento da doença metastática, na maioria dos casos, não é bemsucedido. Todos estes processos estão sendo estudados por pesquisadores de diferentes disciplinas da UNIFESP. É fundamental o aprimoramento do conhecimento desses mecanismos e o desenvolvimento de novas metodologias, recentemente disponíveis em centros internacionais de excelência na área oncológica. Entre as ferramentas disponíveis estão o sequenciamento de nova geração (NGS) e o desenvolvimento de pipelines de análise (Bioinformática). Uma vez identificados os eventos, é necessário distinguir os genes associados ao câncer (drivers) daqueles que não desempenham papel fundamental na gênese e progressão. Além de aprimorar nosso conhecimento em cultura de células em 3D e outros ensaios biológicos e bioquímicos, ferramentas de edição gênica baseadas na tecnologia CRISPR-Cas9 precisam ser implantadas em nossos laboratórios. Para a obtenção do material biológico, projetos de aprimoramento técnico em cirurgia minimamente invasiva precisam ser desenvolvidos na UNIFESP. A descoberta de novos imunoterápicos e fármacos para o tratamento do câncer dependerá da caracterização molecular e celular dos diferentes cânceres, mas principalmente de estudos pré-clínicos e ensaios clínicos bem desenhados para pacientes caracterizados quanto ao perfil molecular.

  • Biomarcadores e Terapia Antitumoral

Os marcadores biológicos são moléculas presentes no tumor ou fluidos biológicos, cujo aparecimento e/ou alterações em suas concentrações estão relacionados com a gênese e o crescimento de células tumorais. Em alguns casos, o biomarcador pode ser produzido por indivíduos saudáveis, mas níveis elevados indicam desregulação e, portanto, a presença de um tumor. Existe uma enorme variedade de biomarcadores, que podem ser enzimas, receptores de membrana celular ou anticorpos, ácidos nucleicos, pequenos peptídeos, entre outros. Esses marcadores podem auxiliar o médico no diagnóstico, estadiamento, avaliação de resposta terapêutica, recidiva e prognóstico. Auxiliam também no desenvolvimento de novas modalidades de tratamento e/ou avaliação da farmacocinética de fármacos. Um dos grandes desafios é o desenvolvimento de fármacos alvo-específicos que não causam danos às células normais ou que possam ser usados em associação a terapias convencionais. Tratamentos que alvejam o microambiente tumoral e fatores teciduais de resistência aos fármacos também precisam ser mais bem explorados. A identificação de biomarcadores é agora favorecida pelo uso de técnicas como sequenciamento de larga escala, matrizes de expressão gênica e espectroscopia de massas. A grande quantidade de dados gerados usando essas técnicas significa que atenção especial deve ser dada ao desenho do estudo e análise dos dados, a fim de minimizar associações que são posteriormente determinadas como falso-positivas. A UNIFESP possui equipamentos multiusuários para as tecnologias “ômicas” e laboratórios de diferentes áreas do conhecimento vêm desenvolvendo técnicas de biologia molecular e celular, bioquímicas e estudos in vivo com animais na busca de novos alvos. Encontramo-nos na era do desenvolvimento da pesquisa translacional, em que estudos clínicos estão acoplados à pesquisa de marcadores preditivos de resposta; desenvolvimento do tratamento personalizado dirigido contra alvos moleculares específicos; bem identificação de mutações em genes e outras alterações que predispõem ao câncer, os quais podem ser marcadores para a indicação de medidas de prevenção e detecção precoce da doença. A colaboração com pesquisadores internacionais para a troca de conhecimentos e aprimoramento dos mesmos será extremamente importante para o avanço da nossa pesquisa científica e da formação de recursos humanos altamente qualificados.

  • Assistência ao paciente oncológico e sua família: ações para a melhoria da qualidade de vida e segurança

O câncer é um problema mundial de saúde pública. No Brasil, a mortalidade representa 16,2%. As abordagens de tratamento envolvem diversos cenários de assistência e agregam inúmeros profissionais para propiciar as condições necessárias para a sua prevenção, diagnóstico e tratamento, lidando rotineiramente com os avanços tecnológicos e terapêuticos. O entendimento sobre o papel de cada profissional nesses contextos é essencial para uma assistência de qualidade ao paciente oncológico e sua família. No Brasil, políticas de atenção oncológica vêm favorecendo o arsenal terapêutico e estimulando a multiplicação de centros de atendimento com alta resolutividade. O Estado de São Paulo concentra uma rede complexa de atendimento ao paciente oncológico usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), mas apesar do incremento na oferta diagnóstica e terapêutica, ainda convive-se com estatísticas sombrias de mortalidade, pois na maioria dos casos o paciente apresenta-se em estágios avançados da doença. Deste modo, o câncer gera fragilidades e vulnerabilidades, social, econômica, étnica e educacional nos indivíduos, tanto pela sua prevenção e agressão da patologia como pelo tratamento, cuidados paliativos e cuidados no fim da vida. Os eventos adversos em pacientes oncológicos se configuram em fonte de preocupação em todas as áreas de assistência inclusive na enfermagem. Além de prestar assistência, o enfermeiro oncologista tem o papel educacional, orientando paciente e seus familiares durante o tratamento. É primordial desenvolver as competências, tanto no ensino quanto na prática profissional, para tornar o cuidado em oncologia efetivo e eficaz. De acordo com o Programa Nacional de Segurança do Paciente, ainda recente, são necessárias à melhoria dos processos assistenciais, na qual são sistematicamente abordadas pela Organização Mundial da Saúde. A cooperação internacional irá proporcionar: - a ampliação nas discussões sobre gestão de riscos e eventos adversos; custos da não qualidade; estratégia de qualidade associada à prática clinica; gestão de qualidade; desenvolvimento de indicadores; participação do paciente em sua própria segurança; impactos sociais e econômicos da gestão da qualidade; - formação de recursos humanos destacando-se: liderança; comunicação; trabalho em equipe; advogar em favor do paciente; manejo do risco; inteligência emocional; tomada de decisão e gestão e planejamento centrado na segurança.

Países envolvidos
Irlanda; Canadá; França; Itália; Bélgica; Alemanha; Chile; Austrália; Espanha; Estados Unidos; Holanda; Reino Unido; Portugal.

Coordenadora
Prof.ª Dr.ª Catarina Segreti Porto

 

Cidades e Desenvolvimento Sustentável

Hoje, as cidades encontram-se no centro do debate sobre a sustentabilidade global. Pouco mais da metade da população mundial vive em cidades invariavelmente marcadas por profundas desigualdades socioespaciais. Um terço dessa população urbana vive na pobreza, em assentamentos precários desprovidos de serviços, equipamentos e infraestruturas básicas, sob exposição a diferentes tipos de riscos e em áreas degradadas e contaminadas. A desestabilização climática global potencializa as crises econômica, social e política de cidades e governos em todo o mundo. A ruptura dos sistemas ecológicos afeta a produção de alimentos, a saúde pública, os sistemas hídricos, os assentamentos urbanos, o transporte, o fornecimento de energia e a capacidade de atender às crescentes situações emergenciais. Em breve, milhões de pessoas terão que ser removidas de áreas costeiras, onde se encontram as maiores cidades, e de regiões áridas da terra; por toda parte o modo de vida urbano e a agricultura precisarão ser reajustados. Discutir como as cidades podem adotar uma agenda de sustentabilidade, identificando, no plano nacional, regional e local os gargalos que travam a produção de cidades e assentamentos humanos justos, saudáveis, resilientes e seguros, implica mudar o conceito de sustentabilidade para além da visão simplista de que se trata de “meio ambiente”. Muitas nações já estão adotando a sustentabilidade como projeto político central alinhado às necessidades do século 21. Assim como a sociedade brasileira se mobiliza em diferentes espaços e coletivos para trazer suas múltiplas visões de mundo traduzidas em propostas, a universidade deve se empenhar na tarefa e produzir algo a partir da diversidade de olhares de centros de pesquisa em outros países e realidades. Ante o caráter global dessa temática, acompanhar o debate sobre no âmbito internacional torna-se exigência crucial para a Unifesp e seus programas de pesquisa e pós-graduação da área. Criar processos produtivos inovadores, que respeitem o ambiente e garantam o desenvolvimento sustentável exige investimentos em tecnologia, e em formação de pessoal qualificado que possa investigar e propor ações para uma transição a uma economia de baixo carbono. Intercambiar pesquisas com outros polos acadêmicos internacionais contribuirá com o estabelecimento de condições para que o Brasil faça a sua inserção entre as maiores economias do mundo no século 21.

Linhas de Pesquisa

  • Biodiversidade e o processo de urbanização costeira: impactos antrópicos

O processo de urbanização é atualmente um dos principais fatores modificadores da biodiversidade em ecossistemas costeiros. Uma questão fundamental atrelada à urbanização são os efeitos adversos sobre a biodiversidade. Impactos provocados por poluentes, construções e turismo podem gerar diferentes modificações estruturais que alteram a composição e o funcionamento dos ecossistemas. Entretanto, estes efeitos não são igualmente nocivos entre os diferentes ecossistemas. Por exemplo, a influência do pisoteio sobre a biodiversidade é maior em praias arenosas do que em costões rochosos, enquanto que construções artificiais podem ser espaços com potencial para serem colonizados por espécies invasoras. Por possuírem biodiversidades específicas devido à suas constituições físicas, os ecossistemas costeiros são afetados de maneiras diferentes e, para tanto, são necessárias avaliações da influência de tais impactos sobre a biodiversidade de diferentes ecossistemas costeiros (praias, costões rochosos e manguezais, por exemplo). Nossa proposta visa avaliar como a biodiversidade de ecossistemas costeiros como praias arenosas e manguezais é afetada por diferentes impactos de origem antrópica e com relação ao processo de urbanização costeira. Para tanto empregaremos métodos de monitoramento como também experimentação em campo e/ou laboratório para avaliar os efeitos de alguns fatores típicos de urbanização costeira. Neste sentido, devido a notória urbanização, a Baixada Santista é considerada como uma localidade de alto interesse para tais análises; e um estudo como este ainda apresenta a contrapartida de eleger áreas prioritárias para o monitoramento a longo prazo dos efeitos da urbanização.

  • Engenharia ecológica como solução para manutenção da biodiversidade costeira frente aos impactos da urbanização e das mudanças climáticas

Este projeto conta com a parceria com University of New South Wales, premiada no desafio ‘Soluções Baseadas na Natureza’ da Fundação Grupo Boticário e Fundação Getúlio Vargas, dezembro/2017.A crescente urbanização costeira é uma ameaça à biodiversidade marinha em todo mundo. Áreas naturais estão sendo tomadas pela infraestrutura cinza das cidades, o que tem causado conflito entre a conservação ambiental e as necessidades socioeconômicas (p.ex. a infraestrutura para o crescimento demográfico e para adaptação/mitigação às mudanças climáticas). Assim, tornam-se necessárias soluções que minimizem a perda de habitat e da biodiversidade e, por consequência, mantenham os serviços ecossistêmicos (recursos pesqueiros, lazer, turismo, mobilidade e proteção costeira) e os benefícios socioeconômicos, fortalecendo o desenvolvimento sustentável e a conservação da natureza. Para a resolução deste conflito, o uso da engenharia ecológica é uma prática que já tem mostrado resultados ambientais, sociais e econômicos positivos em ambientes terrestres (green engineering) e costeiros (blue engineering). Esta Solução baseada na Natureza (SbN) garante a manutenção da biodiversidade local e, por consequência, dos serviços ecossistêmicos, em regiões onde as intervenções de engenharia são necessárias. Apresentamos uma proposta de intervenção para infraestruturas ecológicas na região da Baixada Santista, que se encontra sobre impacto das mudanças climáticas e com previsões de elevação do nível do mar e impacto econômico de R$ 1,5 bilhões até o final do século. Esta proposta beneficiará os diferentes setores locais: do maior porto da América Latina ao polo industrial de Cubatão; da população urbana e turistas às comunidades tradicionais que vivem da pesca e aquelas em condição de vulnerabilidade pelos impactos na linha de costa. Assim, a implantação de blue engineering irá beneficiar diretamente a conservação da biodiversidade através de (1) políticas públicas, (2) da restauração da biodiversidade costeira e dos benefícios socioeconômicos em regiões urbanizadas onde a restauração de ecossistemas naturais (por ex. Manguezais) apresenta menor viabilidade e (3) onde o impacto das mudanças climáticas é eminente.

  • Biodiversidade costeira e Políticas públicas: metodologias e ações para integrar diferentes setores da sociedade

Esta proposta aborda questões interdisciplinares para integrar pesquisadores, tomadores de decisão e sociedade civil para desenvolver um programa de Políticas Públicas Inovadoras com relevância social para a conservação da biodiversidade costeira. Nosso principal objetivo é desenvolver conhecimentos e habilidades e apoiar a produção de políticas públicas participativas construídas sobre as visões de diferentes setores da sociedade. Usaremos a biodiversidade costeira de manguezais, costões rochosos e praias arenosas da região de Santos e Guarujá como sistemas modelo. A região costeira é uma área modelo importante para políticas públicas sociais inovadoras em conservação, devido a sua importância socioeconômica e cultural dentro de um mosaico de impactos humanos. Desenvolveremos uma abordagem diagnóstica para avaliar a biodiversidade costeira e políticas públicas relevantes, juntamente com avaliações sócio-ecológicas-ambientais para avaliar a percepção ambiental das partes interessadas. Com base nisso, desenvolveremos um programa de ciência cidadã para o monitoramento da biodiversidade costeira, a fim de fortalecer os elos entre a sociedade e o meio ambiente. Finalmente, para atingir nosso objetivo principal, integraremos tais ações e conhecimentos com os tomadores de decisão, a fim de desenvolver um programa integrativo entre as partes interessadas para a produção de novas políticas públicas com importância social e ecológica. Usando uma metodologia ativa, estimularemos as partes interessadas a compartilhar seus conhecimentos e identificar avanços e desafios na transferência de conhecimento e expectativas. Também iremos contribuir para o desenvolvimento de suas habilidades e competências em liderança, planejamento e capacidade de trabalhar em grupos para estimular o estabelecimento de um programa social inovador de políticas públicas que possa ser expandido para outras regiões e questões, a fim de permitir um retorno de médio a longo prazo. Esta é uma oportunidade para o desenvolvimento de capacidades interdisciplinares que irão beneficiar o bem-estar humano para as próximas gerações, fornecendo as melhores soluções e práticas para a gestão e conservação da biodiversidade marinha e dos serviços ecossistêmicos.

Países envolvidos
Chile; Uruguai; Austrália; Estados Unidos; Reino Unido.

Coordenador
Prof. Dr. Zysman Neiman