Mariane Tescaro e Daniel Patini
O movimento grevista nacional de trabalhadores técnico-administrativos em educação foi encerrado com a saída unificada dos trabalhadores no dia 08 de outubro. Segundo a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), foram 133 dias de paralisação, 65 instituições federais de ensino participantes e a adesão da maioria dos trabalhadores.
A Unifesp incorporou-se ao movimento desde o início, a começar pelo Campus São Paulo e Hospital São Paulo, Reitoria e depois a adesão de todos os campi (Baixada Santista, Diadema, Guarulhos, Osasco e São José dos Campos).
O Entrementes esteve na antiga sede do Sindicato dos Trabalhadores da Unifesp (Sintunifesp) para ouvir os representantes, José Ivaldo da Rocha, coordenador geral, e Maria do Socorro Limeira da Silva, membro do Comando Local de Greve, para saber os desfechos e a avaliação da greve, considerada uma das mais longas, segundo a Fasubra.
Rocha, mais conhecido entre os seus pares como Zezinho, enumerou algumas das principais e importantes reivindicações do eixo nacional: reposição de 27,3% das perdas salariais do período de 2012 a 2015, aumento do step para 5% (diferença entre um nível e outro na tabela salarial); dissídio coletivo para 1º de maio; luta contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH); reenquadramento dos aposentados na carreira; fim das terceirizações e abertura de concursos públicos; diminuição nos impactos do ajuste fiscal proposto pelo governo.
Diante desse cenário, alguns assuntos tiveram bom êxito, como: o índice de reajuste referente a reposição das perdas salariais para agosto de 2016, que será de 5,5%, e janeiro de 2017, de 5%; inclusão de 0,1% de reajuste no step. Já os benefícios serão reajustados a partir de janeiro de 2016, nos seguintes índices: auxílio saúde, 22,8% (diferenciado por idade e faixa salarial); auxílio pré-escolar hoje com valores variáveis, de 66 a 95 reais, passa para R$ 321,00; e o auxílio alimentação sobe de R$ 373,00 para R$ 458,00.
Foi criado durante a paralisação um comando unificado de greve abrangendo todos os campi da universidade. Dessa forma foi possível estabelecer o eixo de reivindicações para a Reitoria. “O movimento gerou um relacionamento histórico muito importante, pois houve o envolvimento e consonância dos técnicos administrativos de todas as unidades”, explica Maria do Socorro.
Zezinho avalia o desfecho da greve como bom, somando aos resultados obtidos. “Nós temos uma perspectiva muito positiva. Essa greve é consequência de um trabalho de reorganização da nossa categoria, da recuperação da nossa entidade sindical em termos de atuação, de prática política e posições”, comemora.
O coordenador geral do Sintunifesp considera ainda os ganhos da Unifesp até maiores dos que as conquistas de nível nacional. “Consideramos uma greve vitoriosa também pelo resultado material, teórico e intelectual, de perspectivas futuras, principalmente com relação à carreira da categoria. Foi uma semente de fortalecimento da nossa organização como representação de classistas e a experiência de realizarmos uma paralisação com uma gestão oriunda de um movimento político e sindical da nossa universidade”.
Em meio a tantas solicitações, os representantes chamaram a atenção do tema paridade, que é assunto do eixo nacional e tem reflexos na Unifesp. “A gente entende aqui na universidade como uma questão crucial e reivindicamos o seu encaminhamento”.
Os técnicos administrativos em educação (TAEs)retornaram ao trabalho no início de outubro, porém os trabalhadores do Campus São Paulo/ Hospital São Paulo, predominantemente da enfermagem, decidiram continuar com o movimento a fim de obter a jornada de trabalho de 30 horas para todos, que resultou em uma flexibilização para 942 servidores daquela área com carga horária de 30 horas e 33 minutos semanais, após a publicação de uma portaria no dia 23 de outubro [mais detalhes na matéria abaixo].
O Sintunifesp conta hoje com aproximadamente 2.300 associados e com uma sede própria, localizada à Rua Pedro de Toledo, nº 386, Vila Clementino