Edição 12 (15)

Terça, 06 Dezembro 2016 12:32

Mundo virtual estimula laços superficiais

Escrito por

Carine Mota

“Estamos diante de uma geração que utiliza os meios tecnológicos como recurso principal para lidar, superficialmente, com seus problemas de relacionamento”, afirma Denise De Micheli,chefe da disciplina Medicina e Sociologia do Abuso de Drogas (Dimesad) do Departamento de Psicobiologia da Unifesp. Em entrevista, Denise discute algumas das características do perfil dos adolescentes usuários de internet e mídias digitais, e a possível influência desse comportamento na sua qualidade de vida. Boa parte dos dados foram obtidos a partir de uma pesquisa para dissertação de mestrado orientada por Denise e apresentada em 2014 por Fernanda Davidoff ao Programa de Pós-Graduação em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da Unifesp.

Entrementes - Há uma relação entre o aumento no uso das redes sociais com o crescimento dos casos de depressão e suicídio?

Denise De Micheli - Não há, até onde sabemos, uma relação linear. O que se percebe é que devido ao aumento no uso de redes sociais pelos adolescentes, esses estão construindo outros níveis de amizade e sociabilidade. Níveis estes considerados distantes e superficiais, sem aquisição de vínculo. Isso sim sabe-se que é muito prejudicial.

E – É possível um uso controlado das redes sociais e aplicativos de relacionamentos?

DDM -Em se tratando de adolescentes, a questão do controle é mais complicada, pois o momento que eles vivem, do ponto de vista neurobiológico, não permite ainda um controle dos impulsos e autorregulação. Nesse caso, são necessárias interferência e monitorização dos pais, por meio do estabelecimento de regras de uso e tempo.Quando se trata dos adultos, o controle também não é tão simples, embora do ponto de vista neurobiológico o adulto já tenha maior controle de impulsos. Já existem alguns estudos que mostram que a navegação na internet, como em casos de jogos, por exemplo, ativa alguns neurotransmissores (a dopamina em especial) em áreas de recompensa do cérebro e isso causa prazer. É extremamente reforçador. Neste caso, o autocontrole também acaba sendo difícil. Por essa razão já existem alguns serviços para atender dependentes de redes sociais.

E -Pessoas que buscam relacionamentos em aplicativos, portais e sites têm que tomar quais precauções?

DDM -As pessoas devem tomar muito cuidado. Uma das questões que se observa na rede é que as pessoas, em geral, expõem seu melhor lado e muitas vezes mentem ou omitem informações de acordo com sua conveniência. Esse é o maior perigo. Os pais devem monitorar os filhos, orientando-os a não manter conversas com desconhecidos, a não fornecer informações pessoais a ninguém.;

E - Quais os prejuízos do uso excessivo das tecnologias, principalmente antes de dormir?

DDM -O indivíduo que se mantém conectado antes de dormir não permite que seu corpo e mente relaxem. Não são raras as pessoas que adormecem com o celular nas mãos, por estarem conectadas e interagindo em redes sociais até tarde da madrugada. Isso impede o completo relaxamento, não permite que o indivíduo tenha as horas de sono necessárias para seu bem-estar no dia seguinte. E, com isso, tem-se uma pessoa cansada física e mentalmente.

E - Como os pais podem orientar seus filhos ao utilizarem as redes?

DDM -Uma conversa transparente e verdadeira é sempre o melhor caminho. Explicar os perigos reais que crianças e adolescentes podem correr ao se exporem, mantendo contato com estranhos na internet, é sempre o melhor a se fazer. Os jovens precisam entender as razões pelas quais eles não devem se conectar a estranhos. Caso contrário, não fará sentido esse alerta e certamente irão burlar ou infringir as regras. Eles devem saber que podem correr perigo ao passar informações pessoais, como endereço, telefone, entre outras coisas.

E - Por que atualmente os jovens e adultos têm mais dificuldade para interagir fora do mundo virtual?

DDM Cada vez mais as pessoas apresentam dificuldades em lidar com seus sentimentos e dificuldades. A internet e as redes sociais acabam alimentando essa dificuldade, uma vez que proporcionam um contato à distância e de forma superficial. Hoje muitos adolescentes iniciam e terminam um relacionamento por meio do WhatsApp, e com isso não estabelecem vínculos, tampouco vivenciam a expectativa do sim do início do namoro e nem a tristeza do término. Tudo fica banal e simples, não se lida com sentimentos.

foto de um rapaz e uma moça usando o celular

E - Como os pais podem perceber que seus filhos sofrem cyberbullying e como os jovens podem se proteger dessas agressões?

DDM - Os pais devem sempre estar atentos a qualquer manifestação de comportamento diferente dos filhos, seja para o lado do isolamento e depressão, seja para o lado da euforia e extroversão. Qualquer um dos extremos deve ser observado com atenção.

E - Quais fatores do cyberbullying fazem os jovens chegarem ao ponto de pensarem no suicídio?

DDM - O jovem que pensa em suicídio já vivencia uma situação interna emocional grave. O cyberbullying somente vem a agravar a situação.

Brasil lidera em tempo gasto nas redes

 

O número de usuários de telefones móveis cresceu 7% no Brasil de outubro de 2014 para março de 2015, correspondendo a quase 39 milhões de novos adeptos. O país é líder global em maior tempo gasto nas redes sociais e elas atendem a uma demanda social 60% maior que a média mundial.

São gastos em média 21 minutos em cada rede, tempo 60% maior que a média mundial; 650 horas nas redes sociais/mês e 290 horas a mais nelas do que navegando em portais. Segundo a ComScore, o sistema Android corresponde a 72% do acesso móvel dos brasileiros, seguido por 15% do sistema IOS.

O percentual de brasileiros de 10 anos ou mais que são usuários de internet chegou a 55%, o que corresponde a 94,2 milhões de usuários. A atividade mais realizada pelos usuários nos três meses anteriores à pesquisa é o envio de mensagens instantâneas, como por exemplo o chat do Facebook, Skype ou WhatsApp (83% dos usuários de internet). A participação em redes sociais figura entre as ações mais citadas, com 76%.

Os dados são da 10ª edição da pesquisa TIC Domicílios, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

entrementes 12 nov 2015  Sumário do número 12

Segunda, 05 Dezembro 2016 15:59

Redes acentuam epidemias psíquicas

Escrito por

Multiplicação de aplicativos, chats e redes dedicadas a relacionamentos coincide com o crescimento global da solidão, depressão e de taxas de suicídio entre jovens

Segunda, 05 Dezembro 2016 15:22

Unifesp mostra a sua arte

Escrito por

Evento abriga 1º Concurso de Fotografias, Poemas Curtas-metragens

Quinta, 01 Dezembro 2016 13:03

Lançamentos da Editora FAP-Unifesp

Escrito por
Sexta, 25 Novembro 2016 13:48

Futuro do ensino depende das lutas sociais

Escrito por

Roberto Leher, reitor da UFRJ, discorre sobre principais dificuldades enfrentadas pela maior universidade federal do país

Sexta, 25 Novembro 2016 13:26

Um debate necessário

Escrito por

Expansão das universidades federais coloca novos desafios para o seu funcionamento democrático, incluindo a questão central da paridade

Mayara Toni

Nos últimos anos, o sistema federal de educação superior passou por um intenso processo de expansão, promovido pelo governo federal e incentivado pela sociedade em geral. Novas universidades federais, novos campi, novos cursos de graduação, pós-graduação e extensão estão sendo oferecidos, ampliando o acesso à educação pública de qualidade, embora ainda aquém das necessidades do país.

Esse crescimento trouxe consigo também o aumento do número de profissionais que pudessem suprir a demanda inevitável. Mais do que nunca, o novo quadro coloca em pauta a questão da democracia no âmbito da universidade pública. Como enfrentar os inúmeros problemas provocados por uma crônica falta de recursos? Como integrar milhares de novos professores e alunos à vida universitária, preservando a autonomia da instituição, a liberdade de cátedra e a qualidade do ensino? Como assegurar um processo de interlocução transparente e produtivo com a sociedade?

Todas essas questões, e muitas outras que poderiam ser agregadas, remetem ao processo decisório no âmbito das universidades, reintroduzindo com força o debate sobre a paridade, tema recorrente na luta pelo ensino público, gratuito e de qualidade no Brasil. A ideia da paridade consiste em um processo de eleição nas universidades que garantem aos três segmentos, estudantes, professores e técnicos administrativos, o direito ao voto com igual peso.

Os desafios postos pelo processo de expansão são sentidos de forma particularmente intensa pela Unifesp, dadas as características específicas da universidade: em menos de uma década, o número de estudantes na graduação foi multiplicado por oito em apenas seis anos – de 1.200 para quase 10 mil. Cerca de 1.400 docentes atuam em diferentes áreas, nos seis campi situados na Grande São Paulo, na Baixada Santista e em São José dos Campos. Por outro lado, houve pouco aumento no número de técnicos administrativos. Como resultado, a estrutura ficou deficiente.

Como tentativa de criar um quadro de reflexão capaz de apontar perspectivas, não apenas para o seu próprio futuro, mas para as universidades públicas federais em geral, a Reitoria da Unifesp propôs a realização de um Fórum em Defesa da Educação Pública, em 10 de abril, com um debate realizado no anfiteatro central da Unifesp, e outros organizados em todos os campi. Procurou-se, com isso, estimular a participação da comunidade acadêmica, tanto no processo de reflexão quanto na elaboração de uma prática capaz de assegurar a democracia na instituição.

Na ocasião, foi aprovado um manifesto que vincula o processo de democratização à adoção de políticas públicas capazes de estender o ensino público superior ao conjunto dos jovens e trabalhadores brasileiros: “Os desafios da democratização do acesso à educação superior de qualidade ainda estão longe de serem vencidos. Uma das metas do atual Plano Nacional de Educação é a de elevar a taxa de matrícula para 33% da população de 18 a 24 anos e assegurar a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público. Para além da expansão quantitativa, é fundamental a defesa da qualidade do ensino superior, assim como a garantia de recursos adicionais de custeio proporcionais à expansão já alcançada, ampliando ações afirmativas e de assistência estudantil”.

O fórum previa a criação de um processo de interlocução permanente junto à comunidade universitária, parlamentares, intelectuais, entidades representativas e organizações sociais afins, em defesa do orçamento da educação e do financiamento que garanta o crescimento e consolidação da educação pública e de qualidade. “É fundamental que tenhamos uma política econômica que permita os diretos da Educação. Esse é o início de um movimento com o qual acreditamos conquistar a adesão por parte de reitores, entidades, organizações e a sociedade. Temos esperança que o novo ministro da Educação e a presidente Dilma tenham a sensibilidade da educação como direito e estamos aqui para ajudar e apresentar as nossas capacidades para a pátria educadora”, afirmou a reitora Soraya Smaili.

foto em audiência pública, com Roberto Leher, Soraya Smaili e Álvaro Costa
Encontros

Como desdobramento desse processo, a Reitoria organizou audiências públicas concentradas no debate sobre experiências de democratização nas universidades, incluindo a questão da paridade, reivindicação constante dos servidores públicos e da comunidade acadêmica. Em agosto, participaram a reitora Soraya Smaili, o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, o vice-reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Álvaro Penteado Costa e o assessor da Reitoria da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Marco Antonio Zabotto.

A audiência foi aberta pela apresentação dos sistemas de participação da comunidade nas universidades, dando a palavra aos representantes componentes da mesa. A Unifesp procurou trazer para o debate experiências diferentes das que a instituição vive atualmente, com a finalidade de agregar conhecimento para os presentes. “Nós buscamos trazer experiências que já são de longa data como a federal do Rio de Janeiro, a federal de São Carlos e também a Unicamp”, explicou Soraya Smaili.

Diante das experiências apresentadas, o debate foi aberto para a comunidade apresentar suas questões sobre o assunto. Entre reivindicações e dúvidas, o assunto sobre paridade prevaleceu. As perguntas foram pontualmente respondidas pelos presentes. “O tema da paridade faz parte dessa experiência de democracia nas nossas universidades”, apontou Soraya.

Em setembro, dando continuidade à ação, estiveram presentes na universidade o Prof. Dr. André Rubião Resende, representante da Unifenas e Faculdades Milton Campos (MG) e autor do livro História da Universidade: Genealogia do Modelo Participativo, o presidente da Associação dos Docentes da Unifesp (Adunifesp), Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni e o Prof. Dr. Félix Ruiz Sanchez, representando a Reitoria da Unifesp.

Na ocasião, os presentes foram contemplados com palestras e discussões presentes no livro citado, no qual Rubião conta como os modelos históricos de gestão das universidades pelo mundo influenciam as decisões modernas, além de demonstrar formas de praticar as questões de paridade e democratização com base nesses estudos.

entrementes 12 nov 2015  Sumário do número 12

Quinta, 24 Novembro 2016 11:51

Demandas movimentam os campi

Escrito por

Em todos os campi, os comandos e coletivos locais de mobilização, eleitos pelos técnicos administrativos, levantaram reivindicações referentes aos principais problemas encontrados no dia a dia da universidade. As pautas orientaram a ação da Reitoria no sentido da tentar encontrar a resolução dos problemas. Listamos, em seguida, as principais demandas e as respostas dadas pela gestão, segundo os relatos oferecidos pelos próprios comandos e coletivos.

Campus Baixada Santista
foto da entrada do campus baixada santista

Demandas: Insuficiência do quadro de servidores técnicos; o setor de infraestrutura carece de recursos que garantam o funcionamento regular mínimo para cumprimento adequado de suas atividades; aumento da velocidade de conexão da internet (uma vez que o campus tem a pior conexão em relação aos demais); a necessidade de uma política institucional mais eficiente e transparente, contra o assédio moral também por diversos setores do campus; ampliação da negociação e flexibilização das regras que visem estimular a adesão de todos os técnicos na implementação das 30 horas.

Respostas da gestão/Reitoria: A Direção Acadêmica acolheu a carta de reivindicações e informou que iria estudá-la para responder item a item. Comprometeu-se com a preservação da manutenção de serviços essenciais - aqueles cuja interrupção poderia causar prejuízos irreparáveis, envolvendo bolsas e atendimentos inadiáveis – e a estudar formas de resolver as demais demandas.

“Entramos em greve no dia 16 de julho, portanto, fizemos quase 3 meses de greve. A Reitoria tem demonstrado boa vontade na resolução de impasses e reivindicações, como as 30 horas, qualificação dos TAEs, desprecarização de situações insalubres de trabalho, entre outras, mas isso ainda é muito pouco; precisamos que o diálogo siga franco, com prazos definidos de resolução, e que esta administração, como um todo, lute contra a precarização, vassalagem, depredação e privatização que a educação superior pública tem sofrido, amplamente promovido por quem deveria ser seu maior defensor: o governo federal”.

(Coletivo Mobilizado dos TAEs do Campus Baixada Santista)

Campus Guarulhos

Foto da entrada do campus Guarulhos

Demandas: Desigualdade na relação do número de alunos por técnico entre os campi; um novo sistema técnico e administrativo; segurança, construções e reformas prontas para o retorno ao Pimentas; paridade nas consultas e nos órgãos colegiados.

Respostas da gestão/Reitoria: Quanto à distribuição de técnicos, a gestão alega necessitar do término do censo para tomar medidas adequadas. Sobre o novo sistema técnico e administrativo, há uma sinalização de que o Departamento de Tecnologia da Informação está construindo algo, mas sem uma resposta concreta com prazos. Quanto ao retorno aos Pimentas, ficou garantido que os técnicos só voltariam ao campus após a conclusão da obra. O ponto mais polêmico refere-se à paridade: segundo o comando de greve, a gestão não quer levar adiante o que foi decidido no Congresso da Unifesp. Sinaliza que apoia a paridade apenas nas consultas, mas não nos órgãos colegiados (incluindo o Consu). Para o comando, a paridade na consulta é insuficiente e não foi isso que ficou decidido no congresso.

“A Unifesp nasceu muito desigual, em diversos aspectos. Ficou claro após esta greve que, caso essas desigualdades não diminuam, a expansão não será consolidada. Nós continuaremos buscando a redução delas”.

(Comando de Greve de Guarulhos)

Campus Osasco

Foto da entrada do campus osasco

Demandas:Devolução das oito vagas de servidores pactuadas que foram distribuídas para outros campi da instituição; ampliação do número de vagas de servidores nos próximos anos; diminuição do alto déficit de TAEs existente no campus; melhorias nas condições de trabalho.

Respostas da gestão/Reitoria: A Reitoria assumiu o compromisso de devolver as vagas ao campus o mais rápido possível, apesar de não ter instituído um prazo. Ressaltou a criação de uma política de gestão das vagas dos TAEs para minimizar as desigualdades. Além disso, está em constante conversa com o MEC para a liberação de novas vagas.

“É fato que o crescimento dessa unidade universitária, que se dá com a ampliação do número de alunos na graduação e pós-graduação, não teve a sua devida correspondência na categoria TAE, cuja relação aluno/TAE excede a 30 e até recentemente tal questão sequer era problematizada pela Reitoria”.

(Movimento Grevista dos TAEs de Osasco)

Campus São José dos Campos

Foto da entrada do Campus de São José dos campus

Demandas:saúde do trabalhador (insalubridade/precarização das instalações); deficiência no quadro de pessoal do campus; necessidade de crescimento e desenvolvimento responsável/regramento estratégico bem definido; falta de transparência nos atos administrativos e na publicidade dos documentos gerados; descentralização organizacional (padronização entre os campi e fluidez no processo de tomada de decisão).

Respostas da gestão/Reitoria: Na avaliação do comando de greve, a Reitoria não ofereceu, ainda, uma resposta satisfatória para as demandas referentes à saúde do trabalhador e ao problema da deficiência no quadro de pessoal do campus, problema agravado pela expansão da pós-graduação sem um planejamento adequado. O comando também aponta falta de transparência nos atos administrativos, na publicidade dos documentos gerados e dificuldade de acesso aos atos administrativos, principalmente à prévia dos documentos produzidos nos debates das instâncias várias (conselhos, comissões, câmaras, entre outros). O comando também aponta para a necessidade de descentralização efetiva na estrutura organizacional para melhor conhecimento das várias realidades locais e melhor trato na tomada de decisões com celeridade e assertividade.

“Gostaria de apontar a invisibilidade do corpo de TAEs em nossa instituição que, ironicamente, tem de aderir ao movimento paredista para enumerar em sua pauta de reivindicações questões que fazem parte do programa de campanha da gestão e que obrigatoriamente deveriam ser objeto de apreciação e resolução direta de nossas autoridades competentes. As reivindicações são apresentadas por nós à comunidade universitária na tentativa de alcançar a ressonância e a reverberação necessárias, que as permitam romper as barreiras impostas pelos incautos que não percebem a universidade de forma sistêmica, sob uma perspectiva holística e que vise o bem comum”.

(Clayton Rodrigues dos Santos – TAE e membro do Comando Local de Greve de São José dos Campos)

Campus São Paulo e Hospital São Paulo

Fotos da entrada do campus são PauloFotos da entrada do campus do hospital são paulo

Demandas:: 30 horas para o HSP/HU/Unifesp; gestão melhor para APH ; reposição de folgas não concedidas nos dois últimos períodos anuais (retroativos); correção das distorções na carga horária; atendimento às reivindicações dos celetistas do HSP; democratização do HSP.

Respostas da gestão/Reitoria: As etapas de flexibilização da jornada de trabalho, a adequação e acertos do número de folgas foram estabelecidas, bem como a publicação da portaria da comissão para gestão do APH.

“Audiências sobre 30 horas e a democratização nas universidades foram realizadas pela Reitoria. A discussão das 30 horas foi suficiente. Foi composta uma comissão para o HU, cujo efeito final consideramos positivo. Quando falamos HU, falamos no maior segmento que é a enfermagem”.

Comando de Greve do Campus São Paulo e Hospital São Paulo (Sintunifesp)

Até o fechamento da edição, os comandos de greve do Campus Diadema e do prédio da Reitoria não responderam aos questionamentos.

entrementes 12 nov 2015  Sumário do número 12

Quinta, 24 Novembro 2016 11:12

Acordo consolida o caminho das 30 horas

Escrito por

Em 2014, a Reitoria iniciou um processo de flexibilização da jornada de trabalho dos servidores da universidade, considerando também o Hospital São Paulo, hospital universitário (HSP/HU/Unifesp), segundo o decreto e a regulamentação estabelecidos pelo Conselho Universitário (Consu).

foto da Reunião com TAEs do Campus Osasco acontecendo

Dessa forma, sete setores e 200 TAEs do HU tiveram sua jornada de trabalho flexibilizada com a finalização da segunda fase do projeto piloto aprovado pelo conselho.

Em 5 de agosto de 2015, após audiência pública, foi proposta a formação de uma Comissão Especial de Flexibilização da Jornada dos Servidores da Enfermagem do hospital com o intuito de ampliar as 30 horas para os demais setores.

Por ser uma das principais reivindicações do Sintunifesp durante o período de greve, foram realizadas várias reuniões entre o sindicato e a Reitoria a fim de se estudar as possibilidades e de apresentar as propostas para essa implementação.

O acordo

Em portaria publicada no dia 23 de outubro de 2015 foram estabelecidas as etapas para a flexibilização da jornada de trabalho dos demais 742 servidores de enfermagem de 42 setores do HU e ambulatórios, que voltaram ao trabalho no dia 24 de outubro.

O acordo proposto pela Comissão Especial de Flexibilização, pelo Conselho Gestor, Superintendência, Diretoria de Enfermagem do Hospital São Paulo e pelos representantes dos servidores técnico-administrativos estabeleceu as seguintes resoluções:

- Jornada de 6 horas diárias para os 379 servidores da enfermagem que atualmente trabalham 6h15 por dia, acrescentando uma folga;

- Adequação do número de folgas para flexibilização dos 300 servidores de enfermagem que cumprem jornada de 12/36, com a manutenção das folgas estabelecidas anteriormente e o acréscimo de uma folga em meses alternados;

- Flexibilizar para 6 horas a jornada dos 63 servidores que cumprem 7 horas por dia, com adequação das folgas de forma que a carga não seja inferior às 30 horas semanais;

- Acerto de folgas devidas, referente ao ano de 2014, conforme acordo com a Direção do hospital;

- Publicação da portaria da comissão para gestão do Adicional por Plantão Hospitalar (APH) na instituição.

Próximos passos

Em etapa posterior, a ser realizada a partir de 2016, após a conclusão efetiva da implementação apresentada acima, a Comissão Especial de Flexibilização dará continuidade às suas atividades, com o acompanhamento e avaliação desse processo.

Ainda nessa segunda etapa, estão previstos deslocamento de APH de outros setores para enfermagem e realização de concurso público de 2015 (em publicação).

 

entrementes 12 nov 2015  Sumário do número 12

Quarta, 23 Novembro 2016 13:02

Sintunifesp faz balanço positivo da greve

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foto da Reunião com TAEs do Campus São José dos Campos durante a greve

Mariane Tescaro e Daniel Patini

O movimento grevista nacional de trabalhadores técnico-administrativos em educação foi encerrado com a saída unificada dos trabalhadores no dia 08 de outubro. Segundo a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), foram 133 dias de paralisação, 65 instituições federais de ensino participantes e a adesão da maioria dos trabalhadores.

A Unifesp incorporou-se ao movimento desde o início, a começar pelo Campus São Paulo e Hospital São Paulo, Reitoria e depois a adesão de todos os campi (Baixada Santista, Diadema, Guarulhos, Osasco e São José dos Campos).

O Entrementes esteve na antiga sede do Sindicato dos Trabalhadores da Unifesp (Sintunifesp) para ouvir os representantes, José Ivaldo da Rocha, coordenador geral, e Maria do Socorro Limeira da Silva, membro do Comando Local de Greve, para saber os desfechos e a avaliação da greve, considerada uma das mais longas, segundo a Fasubra.

Rocha, mais conhecido entre os seus pares como Zezinho, enumerou algumas das principais e importantes reivindicações do eixo nacional: reposição de 27,3% das perdas salariais do período de 2012 a 2015, aumento do step para 5% (diferença entre um nível e outro na tabela salarial); dissídio coletivo para 1º de maio; luta contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH); reenquadramento dos aposentados na carreira; fim das terceirizações e abertura de concursos públicos; diminuição nos impactos do ajuste fiscal proposto pelo governo.

Diante desse cenário, alguns assuntos tiveram bom êxito, como: o índice de reajuste referente a reposição das perdas salariais para agosto de 2016, que será de 5,5%, e janeiro de 2017, de 5%; inclusão de 0,1% de reajuste no step. Já os benefícios serão reajustados a partir de janeiro de 2016, nos seguintes índices: auxílio saúde, 22,8% (diferenciado por idade e faixa salarial); auxílio pré-escolar hoje com valores variáveis, de 66 a 95 reais, passa para R$ 321,00; e o auxílio alimentação sobe de R$ 373,00 para R$ 458,00.

Na Unifesp

Foi criado durante a paralisação um comando unificado de greve abrangendo todos os campi da universidade. Dessa forma foi possível estabelecer o eixo de reivindicações para a Reitoria. “O movimento gerou um relacionamento histórico muito importante, pois houve o envolvimento e consonância dos técnicos administrativos de todas as unidades”, explica Maria do Socorro.

Zezinho avalia o desfecho da greve como bom, somando aos resultados obtidos. “Nós temos uma perspectiva muito positiva. Essa greve é consequência de um trabalho de reorganização da nossa categoria, da recuperação da nossa entidade sindical em termos de atuação, de prática política e posições”, comemora.

O coordenador geral do Sintunifesp considera ainda os ganhos da Unifesp até maiores dos que as conquistas de nível nacional. “Consideramos uma greve vitoriosa também pelo resultado material, teórico e intelectual, de perspectivas futuras, principalmente com relação à carreira da categoria. Foi uma semente de fortalecimento da nossa organização como representação de classistas e a experiência de realizarmos uma paralisação com uma gestão oriunda de um movimento político e sindical da nossa universidade”.

Em meio a tantas solicitações, os representantes chamaram a atenção do tema paridade, que é assunto do eixo nacional e tem reflexos na Unifesp. “A gente entende aqui na universidade como uma questão crucial e reivindicamos o seu encaminhamento”.

Os técnicos administrativos em educação (TAEs)retornaram ao trabalho no início de outubro, porém os trabalhadores do Campus São Paulo/ Hospital São Paulo, predominantemente da enfermagem, decidiram continuar com o movimento a fim de obter a jornada de trabalho de 30 horas para todos, que resultou em uma flexibilização para 942 servidores daquela área com carga horária de 30 horas e 33 minutos semanais, após a publicação de uma portaria no dia 23 de outubro [mais detalhes na matéria abaixo].

O Sintunifesp conta hoje com aproximadamente 2.300 associados e com uma sede própria, localizada à Rua Pedro de Toledo, nº 386, Vila Clementino

entrementes 12 nov 2015  Sumário do número 12

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