Em 2017 a Reitoria da Unifesp recebeu a demanda de reunião com o Fórum de Professores(as) Indígenas do Estado de São Paulo (FAPISP) e Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Naquele ano, a estratégia do Fapisp foi tentar sensibilizar as universidades públicas do Estado de São Paulo para abertura de curso específico para professores(as) indígenas, considerando as necessidades da escola indígena, dos professores(as) e das comunidades. O Fapisp e a Funai foram recebidos pela ProEC, Pró-Reitores e CDH, momento em que apresentaram as demanda de um curso de graduação específico, diante do cenário do Estado: cerca de 250 professores(as) indígenas atuando no Estado sem formação superior, o Estado de São Paulo ofereceu somente uma edição de licenciatura diferenciada em 2014 na USP e está defasado em relação a outros Estados, direitos a educação diferenciada não estão sendo respeitados.
A ProEC, naquele momento, permaneceu disponível para pensar ações de extensão, mas já apontou os limites para abertura de um novo curso de graduação, sem destinação de recursos, em momento histórico de desinvestimento nas IFES. Passado alguns meses, a ProEC recebeu novamente o Fapisp, desta vez junto ao Comitê Interaldeias, com a proposta de realização de curso de extensão, fomentado pela verba de compensação pela construção de estrada de ferro com impacto em terras indígenas.
Através de articulação entre Coordenadoria de Direitos Humanos/ ProEC Unifesp, Cátedra Kaapora/PROEC, FAPISP, FUNAI e Comitê Interaldeias, foi implementado em 2018 o curso de extensão Por uma licenciatura intercultural indígena no Estado de São Paulo. Destinado a professores e professoras de diferentes aldeias do Estado e indicados pelo FAPISP. Teve por objetivo viabilizar cinco oficinas de trabalho com professores(as) indígenas para a construção de uma proposta de Licenciatura Indígena no Estado de São Paulo, por meio do engajamento com outras experiências de licenciaturas indígenas, com práticas escolares marcadas pelo paradigma da educação diferenciada, específica e bilíngue, e de uma reflexão permanente sobre o papel da formação de professores(as) indígenas na efetivação do direito indígena à educação.
O curso foi coordenado por professores(as) indígenas e professores(as) da Unifesp e Unicamp. Ao longo dos cinco módulos, o grupo, com o apoio dos professores(as) responsáveis e especialistas convidados, consolidou um documento conceitual para a proposição da licenciatura em Instituições de Ensino Superior (IES) e órgãos governamentais estaduais e federais.
O curso também se constitui como espaço para pactuação de compromissos entre os professores(as) indígenas e as Instituições de Ensino Superior (IES) e órgãos governamentais estaduais e federais.
Em final de 2019 o Projeto Político Pedagógico foi apresentado aos órgãos governamentais, às universidades públicas do Estado e aos parceiros em um evento na Procuradoria Geral da República (PGR) de São Paulo, para o qual foram convocados Secretários da Educação e do Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, reitores das IES no Estado, secretário de modalidades especializadas da educação do MEC, representantes do Comitê Interaldeias e professores(as) universitários, pesquisadores(as) e profissionais de diferentes universidades públicas.
Reportagens sobre a Licenciatura Indígena: