Mateus Vechia Leiva

Poema enviado por Mateus Vechia Leiva

 

PÓ DE PALHAÇO

 Há muitas histórias sobre palhaços e muitas também sobre a morte deles.
 Dizem que palhaço não morre, dizem que vira anjo ou se torna parte da lona, dizem ainda que o mundo chora quando um palhaço vai embora.
 Palhaço é gente... E gente vira pó...
 Quando um palhaço acaba-se, seu corpo vira poeira, se desfaz em milhares, em milhões de pedacinhos...
 E sua alma? Ah sua alma! Não se eterniza como todo mundo diz. Sua alma é de palhaço e palhaço inteiro vira pó.
 Alma de palhaço vira poeira, daquelas que gostam de voar na ventania e entrar pela janela, grudar no vidro e sujar a casa inteira.
 A alma dessa gente coça, invade a janela do riso e inunda o coração, coça lá no fundo da memória e traz lembranças dentro de um nariz vermelho.
 O pó que coça o mundo, o pó que coça o riso.
 Palhaço caído não voa, palhaço não vira espírito...
 Palhaço é gente e gente vira pó.