Desenvolvido em colaboração com universidades do Canadá e Polônia, o projeto estudou territórios dos indígenas Xavantes
Por Tamires Tavares
Grupo de pesquisa durante trabalho de campo (Imagem: Claudia Plens)
O projeto de pesquisa Colonização dos Lugares Sagrados do Território Xavante de Marãiwatsédé e São Marcos foi selecionado em edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em parceria com a Plataforma Transatlântica para Ciências Humanas e Sociais (T-AP). Desenvolvido em colaboração entre a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Universidade de Winnipeg (Canadá) e a Universidade de Wroclaw (Polônia), o projeto tem por objetivo a investigação arqueológica e linguística desses territórios, localizados no Estado do Mato Grosso (MT), para compreensão dos processos de ocupação no século XX.
O projeto foi um dos 10 selecionados dentre 75 de universidades internacionais, avaliados pela Fapesp juntamente às demais agências coordenadoras da T-AP – a canadense Social Sciences and Humanities Research Council of Canada (SSHRC) e a holandesa Dutch Research Council (NWO).
Desenvolvido durante cerca de dois anos, o trabalho contemplado pelo edital envolve a Unifesp, como principal instituição, através do Laboratório de Estudos Arqueológicos, de responsabilidade da docente do Departamento de História Cláudia R. Plens, a Universidade de Winnipeg, Canadá, representada pelo Prof. Ivan Roksandic, e a Universidade de Wroclaw, Polônia, representada pela Prof. Katarzyna Górka.
“Se até o início do século XX no território oeste do Brasil algumas sociedades indígenas conseguiram se manter estruturadas e isoladas, o aceleramento dos processos socioeconômicos provenientes, sobretudo, das novas conjecturas políticas durante a Ditadura Militar (1964-1985), foram a gota d'água para impactar profundamente as sociedades tradicionais desta região”, contextualiza Plens.
“Parte desse processo de tomada dos territórios das populações tradicionais, para além da violência extrema contra a população, houve um processo contínuo do apagamento da memória, história e cultura dessas populações que sustentam e legitimam a perda dos direitos dessas comunidades. A pesquisa pretende apurar os processos de lembrança e esquecimento e o processo histórico decorrente em paralelo que levou a tomada do território destas populações”, conclui a docente.