Segunda-feira, um conflito envolvendo crianças da comunidade que estavam no campus e um vigia da Unifesp provocou uma situação tensa e desnecessária. Ele alegou ter sido agredido por uma delas e sentindo-se ameaçado, acionou a Polícia Militar, aparentemente indicando uma ocorrência grave, o que fez com que várias viaturas respondessem à chamada e que policiais entrassem no campus sem que a Direção Acadêmica autorizasse.
A Diretora Acadêmica, Profa. Magali Silvestre, havia acabado de mediar o conflito e conversado com o líder da equipe de vigilância sobre o ocorrido. Embora seja de conhecimento de toda a equipe de vigilância, explicou mais uma vez que medidas vem sendo tomadas para superar os inúmeros problemas identificados causados por uma situação que é real e não pode ser ignorada, o fato de meninos e meninas entrarem no campus em situação de alta vulnerabilidade. Antes do ocorrido, durante toda a tarde, em ação conjunta entre a direção e um grupo de estudantes, as crianças foram acompanhadas e, finalmente, orientadas a irem para casa, pois não havia mais nenhuma atividade programada para elas.
Mesmo com todo o esforço de mediação, que vem acontecendo há tempos, o conflito ocorreu e a polícia foi acionada adentrando o campus. Após tomar conhecimento a Diretora imediatamente dirigiu-se à portaria e solicitou, com a ajuda de outros professores, que os policiais se retirassem deixando claro o exagero da abordagem e o clima de tensão desnecessário criado no campus colocando estudantes e servidores presentes em clima de estresse elevado e forte intimidação. Felizmente, a polícia se retirou sem que nenhuma ocorrência mais grave ocorresse.
No dia seguinte todas as providências foram tomadas junto ao setor administrativo relacionadas à equipe de vigilância e, também, realizou-se reunião conjunta com os coletivos de discentes da EFLCH com o objetivo de esclarecer a situação e aprofundar a discussão sobre as dificuldades do tempo em que vivemos e de como é preciso dialogar e evitar situações que possam colocar em risco, ainda mais, a segurança da comunidade universitária, o que não significa, obviamente, deixar de lado, o pensamento crítico e a ação transformadora.
Na verdade, pensamento crítico e ação transformadora é que recomendam prudência no Brasil de 2019, ainda mais para um campus de humanidades, localizado em um bairro popular da Região Metropolitana de São Paulo.
Sobre a presença de crianças no Campus Guarulhos
Esse episódio faz parte de uma situação mais complexa e que exige tempo para ser resolvida de forma construtiva. Ainda quando a EFLCH funcionava provisoriamente na região central de Guarulhos houve tensões na comunidade universitária decorrentes da permanência de crianças sem responsáveis no campus. Quando a EFLCH voltou ao Pimentas a situação se repetiu e embora seja um ambiente atrativo, o campus é, ao mesmo tempo, repleto de riscos para esses meninos e meninas. Em abril de 2017 houve nova tensão em razão de crianças entrarem no campus, sem nenhum responsável, fazendo corre-corres, adentrando espaços destinados às atividades acadêmicas e se expondo a situações de grande risco e que acentuam sua vulnerabilidade. Um bom exemplo do que aconteceu nesse ano inclui o pai de uma das crianças, que não queria que os seguranças da portaria deixassem o filho e outras crianças entrarem na Unifesp. A situação revelou um mal-entendido, pois ainda que elas entrassem à revelia, criou-se a impressão de que havia autorização da Direção.
Na ocasião houve discussão no campus sobre o assunto, reuniões no CEU e no teatro. Foi então formado, com o apoio da Direção Acadêmica, que chegou a participar diretamente das reuniões, um grupo de voluntários para atuar com esses meninos e meninas. Infelizmente, o projeto não avançou por razões complexas. Paralelamente, a Direção Acadêmica alertou as autoridades competentes sobre a situação de vulnerabilidade de algumas crianças no entorno do campus e pediu que atuassem na região para protegê-las (Conselho Tutelar, CREAS e CRAS).
As tensões envolvendo a entrada de crianças na EFLCH voltaram a crescer no segundo semestre de 2018. Um grupo de estudantes, então, propôs atuar em benefício delas, organizando atividades lúdicas e educativas e tornando-se responsável pela sua permanência. Como ocorreu em 2017, houve o apoio da Direção Acadêmica.
Desde então, notam-se avanços significativos e acreditamos que nos próximos meses a situação continuará a evoluir positivamente, o que não significa dizer sem tensões. Em breve divulgaremos mais informações sobre o projeto e as formas como a comunidade universitária poderá colaborar com o grupo de estudantes em favor dessas crianças da vizinhança.
Trata-se de uma situação real e que não pode simplesmente ser ignorada, como afirmado anteriormente.
Diante dos acontecimentos, a Direção Acadêmica solicita à toda a comunidade acadêmica que se esforce para manter um clima de tranquilidade no campus evitando estressar ainda mais um ambiente que já está extremamente tenso devido aos acontecimentos internos e à todas as questões externas que vem se apresentando.
Guarulhos, 19 de março de 2019.
Direção Acadêmica
Profa. Magali Aparecida Silvestre
Prof. Janes Jorge