Durante a semana em que ficou exposta, a instalação “Africanidades – a beleza da África” chamou a atenção de quem passou não só pelo espaço do Aquário, como também nos corredores do Prédio Acadêmico. Com quadros e esculturas feitos de materiais do dia-a-dia, como folhas de caderno e papéis crepom, a exposição impressionou tanto pela simplicidade quanto pela riqueza de significados.
O projeto é desenvolvido por educadoras/es e educandos das turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Penitenciária Masculina José Parada Neto, vinculadas à E.E. Francisco Antunes Filho, em Guarulhos. Com debates e leituras de textos e contos, as professoras trouxeram para eles a reflexão sobre a “consciência negra” e, por meio das dúvidas e questionamentos dos educandos, foi possível produzir conhecimento das diversas áreas, como Geografia, História, Literatura, Artes, Biologia e Matemática.
A aluna Amanda Alves, do curso de História da Arte, que passeava pela exposição, enfatizou a importância de atentar para os materiais usado e para o processo criativo, já que, de longe, não é possível perceber do que as obras são feitas. A aluna também relatou que, todas as vezes que passava pelas obras, ela conseguia perceber e sentir coisas diferentes, pois eram muitos detalhes a serem reparados.
Amanda reconhece a importância dos educandos se autoafirmarem, no que vai ao encontro de uma declaração da professora Tamyres Siqueira: “Interessante que a maioria da população carcerária é negra, mas no início das conversas muitos se identificavam como brancos; ao final, muitos já podiam se declarar negros, percebendo que esta condição não é ruim, ao contrário do que a sociedade nos ensina desde crianças”.