Em 2006, o primeiro grupo docente contratado para atuar no Curso de Pedagogia da EFLCH-UNIFESP procedeu a uma revisão da matriz curricular proposta originalmente. Esse processo de revisão levou em consideração o ambiente legal que não apenas alterava a organização dos Cursos de Pedagogia no país, mas que, desde 2001, instituía a base comum de formação docente expressa em diretrizes com o fim de possibilitar a revisão criativa de modelos, recomendando amplo processo de análise dos problemas presentes na formação de professores no país.2
A UNIFESP tinha a oportunidade de fundar um projeto de formação de professores não apenas inovador, mas audacioso, capaz de enfrentar questões centrais tais como a aprendizagem prática dos licenciandos e o fortalecimento de vínculos entre a instituição formadora e o sistema educacional. Assim nasceu a proposta de organização dos estágios curriculares como Residência Pedagógica, inspirada na experiência da tradição de formação médica, de onde foi retirado o princípio da imersão, adaptando o modelo como parte da formação inicial dos pedagogos. A Residência Pedagógica guarda proximidades e distanciamentos em relação à Residência Médica. A diferença central encontra-se na finalidade: a RP é parte da formação inicial; é essencialmente uma aprendizagem situada que acompanha a graduação, enquanto a Residência Médica ocorre após a graduação e ganha sentido de especialização profissional. A proximidade está na imersão do estudante, no processo de contato sistemático e temporário com práticas profissionais reais – no caso, com professores e gestores educacionais (formadores) que atuam nos contextos das escolas públicas.
Com base nessas reflexões, desenhou-se o primeiro esboço de um Programa de Residência Pedagógica, que envolveria as escolas de educação básica no Município de Guarulhos, sede da EFLCH-UNIFESP. Esse programa especial de estágios curriculares obrigatórios envolveria os estudantes nas seguintes ações:
• Acompanhamento a prática pedagógica de um docente da escola;
• Acompanhamento à política educativa (Projeto pedagógico) da escola nos aspectos que envolvem a gestão da escola e da sala de aula: direção da unidade, coordenação pedagógica e formação permanente do docente, espaços e tempos de planejamento e avaliação;
• Conhecimento do contexto e das relações entre a escola e as famílias e entre a escola e o território (entorno); relações entre a gestão local e os órgãos intermediários do sistema de ensino;
• Preparo de pré-projeto de intervenção sob a orientação de um professor da universidade e do docente que acolhe o residente, podendo envolver outros profissionais da escola e o Conselho de Escola ou instância de deliberação da Unidade;
• Intervenção; e
• Elaboração de relatórios parciais e final da experiência, apresentando um balanço da residência e os resultados da intervenção.