Os APopS atuam voluntariamente, buscando promover o cuidado comunitário e formas de proteção em relação à doença
Como parte das atividades do projeto de extensão Fortalecendo Redes territoriais de cuidado no enfrentamento à covid-19 na Baixada Santista, desenvolvido desde março de 2020, o Instituto de Saúde e Sociedade (ISS/Unifesp) - Campus Baixada Santista realizou, entre junho e julho deste ano, um curso de extensão para a formação de agentes populares de saúde - APopS, destinado a lideranças comunitárias nas regiões do centro histórico, morros e zona noroeste do município de Santos.
Os APopS são moradores(as) que atuam voluntariamente em seus territórios, buscando promover o cuidado comunitário e formas de proteção da vida em relação à covid-19, com o intuito de reduzir a propagação do vírus, ampliar o monitoramento de sintomas, mapear as necessidades coletivas para o enfrentamento do agravamento das condições de vida impostos pela pandemia, com vistas a fortalecer também a luta por direitos e a relação da comunidade com os serviços de saúde e assistência social, além de serem agentes facilitadores da aproximação entre diferentes grupos de mobilização popular.
O curso foi oferecido em parceria com o Instituto Procomum e o Instituto Elos Brasil, a partir de experiências análogas que vêm ocorrendo em todo o país, como o projeto de Formação de APopS em Recife, proposto pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e movimentos sociais. Para a proposta, foi composta uma comissão pedagógica plural, incluindo não só atores da Unifesp, mas também trabalhadores da rede de saúde e assistência social, dos Institutos Procomum e Elos, do Fórum da Cidadania e também lideranças comunitárias de diferentes regiões da cidade.
"A importância de formações como essa está no fato de mostrar que o enfrentamento de uma situação tão grave como a que vivemos no Brasil, onde se sobrepõem à crise sanitária, uma crise econômica e também política, só será possível se estivermos juntos. E que é papel da universidade pública, como a Unifesp, compor junto com os movimentos sociais e comunitários essa rede e essas lutas em defesa da vida, que nos permitem esperançar um futuro melhor para o nosso país", relatam Lia Zangirolani e Simone Ramalho, docentes responsáveis pela iniciativa.
O que se aprende e como?
O curso de formação foi oferecido durante cinco sábados, de 12 de junho a 10 de julho de 2021, de maneira híbrida, buscando garantir as condições de segurança sanitária. Assim, ele foi ministrado virtualmente para três pólos regionais: a sede do Instituto Procomum, a Sociedade Melhoramentos do Morro Nova Cintra e a sede da ONG Arte no Dique. Contou com aulas e troca de experiências com convidados da UFPE, UNISANTA, CRAS e NASF de Santos, MST estadual e também com agente popular de saúde de Recife.
Foram formados no último sábado, 18 APopS, sendo seis em cada polo regional, que tiveram a possibilidade de discutir e aprender mais sobre a pandemia, o coronavírus, os impactos da pandemia em populações mais vulneráveis, as formas de transmissão e contágio, as formas de cuidado e monitoramento de sintomas. Também discutiram e aprenderam sobre a importância e a fonte de informações confiáveis, do combate às fake news, sobre a importância da luta e da defesa dos direitos sociais e o papel da mobilização popular para lutar contra retrocessos e avançar nas conquistas. E, por fim, tiveram ainda o apoio de facilitadores(as), em todos os polos, e puderam construir planos de ação comunitária para os seus territórios, além de planejarem encontros para desenvolver ações interterritoriais.