O documento apresenta interpretações da relação entre saúde e sociedade objetivando gerar subsídios para elaboração de políticas públicas
Por Juliana Cristina
Realizado pelo Laboratório de Estudos sobre a Desigualdade Social (LEDS) do Instituto Saúde e Sociedade (ISS/ Unifesp - campus Baixada Santista), o projeto “Desigualdades e subjetividade: construção da práxis no contexto da pandemia de Covid-19 em território vulnerável” foi desenvolvido nos últimos três anos na Vila dos Pescadores, em Cubatão. Como resultado, foi lançado, este ano, um dossiê que apresenta interpretações acerca da relação entre saúde e sociedade no intuito de constituir subsídios para implementação de políticas públicas.
O dossiê aponta para artigos que elucidam a interdisciplinaridade do estudo e propõe reflexões com intuito de auxiliar na constituição de análises, discussões e desenvolvimento de políticas públicas, pensadas em relação a territórios vulneráveis. De acordo com o documento, o local estudado apresenta vulnerabilidade muito alta, com “aglomerados subnormais” e na qual o rendimento per capita de 32% dos moradores não ultrapassa meio salário-mínimo.
O coordenador do projeto, Carlos Roberto de Castro-Silva, docente do Departamento de Políticas Públicas e Saúde Coletiva do ISS/ Unifesp, campus Baixada Santista, comenta: “Creio que esta proposta de pesquisa, de caráter participativo, traz consigo muitas expectativas e desafios, pois implica em uma construção coletiva, envolvendo pessoas da comunidade que confiam e acreditam que a universidade pode colaborar com a transformação de uma realidade cotidiana muito dura, marcada pela exclusão social e diferentes tipos de violência”.
De acordo com o dossiê, estudos que consideram as práticas da Atenção Primária à Saúde (APS) têm sido desenvolvidos desde 2012. Essas, por sua vez, são apontadas como “desencadeadoras de temas associados ao processo saúde-doença-cuidado em território vulnerável”, nesse caso, em Cubatão. Castro-Silva declara: “Especialmente as lideranças comunitárias envolvidas neste projeto, têm uma trajetória de vida de muita luta e, ainda assim, estão atentas às necessidades da comunidade, acreditando, inclusive, que todos merecem ter melhores condições de vida. Além disso, a convivência com essas lideranças tem contribuído muito para a formação de profissionais mais sensíveis e engajados com uma transformação social pautada pela cidadania e conquista de direitos”. O docente afirma, ainda, que as conversas e trocas com as pessoas da comunidade traduzem-se em momentos de aprendizado e crença de que é possível “fazer diferente e fazer a diferença”, que as “mudanças acontecem e alimentam-se reciprocamente”.
Acesse integralmente o documento clicando aqui.