Estudo liderado por docente da Unifesp investigará consequências na capacidade cardiorrespiratória de adultos
Por Valquíria Carnaúba
(Imagem ilustrativa)
Um time de pesquisadores em Atividade e Aptidão Física da Harvard T.H. Chan School of Public Health, na Universidade de Harvard, está à frente de estudo on-line que investigará o impacto de longo prazo da pandemia de covid-19 no nível de atividade física e aptidão cardiorrespiratória em indivíduos adultos. O projeto, financiado pela norte-americana, será aplicado em nove países - Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Índia, Indonésia, Líbano, Tanzânia e Uruguai.
A principal hipótese é que as mudanças no estilo de vida, ocorridas no mundo todo com a pandemia, impactaram negativamente nos sistemas circulatório e respiratório de grande parte da população adulta mundial, fator de risco tão ou mais importante que a inatividade física e outros riscos cardiovasculares clássicos, como colesterol e tabagismo. Tais mudanças, segundo os pesquisadores, incluem redução do nível de atividade física, aumento no consumo de bebidas alcoólicas e alimentos não saudáveis.
O estudo será liderado por Victor Zuniga Dourado, livre-docente do Departamento de Ciências do Movimento Humano da Unifesp (Campus Baixada Santista) e por Rosana Poggio, cardiologista do Instituto de Efetividade Clínica e Sanitária (IECS), instituição acadêimica independente de Buenos Aires, Argentina. Até maio de 2023, deverão ter sido coletadas de 1500 a 2000 respostas individuais ao questionário de cada um dos países envolvidos - inclusive por aqui.
De acordo com Dourado, o levantamento também fornecerá informações valiosas sobre o impacto das medidas restritivas, dos programas de vacinação, incidência do coronavírus, bem como as diferenças socioeconômicas e demográficas de cada país.
Na sua percepção, o fechamento de estabelecimentos comerciais, parques públicos, academias e centros esportivos, ainda que necessário, promoveu mudanças indesejáveis no estilo de vida, como redução dos níveis de atividade física, maior ingestão de álcool e alimentos não saudáveis, impactando negativamente na saúde física e mental de muita gente.
"Também sou pesquisador visitante da Universidade de Harvard desde 2016, pelo The Lown Scholars Program. Com a pandemia, naturalmente vieram todos esses questionamentos. Foi quando me uni a Poggio a fim de obter o financiamento da norte-americana. Queremos entender o seguinte: se enfrentarmos uma nova pandemia, qual o impacto dessas medidas (vacinação, medidas restritivas, etc) na aptidão física da população desses países?", finaliza.