O evento acontecerá dia 14 de julho, das 18 às 20 horas.
No final de 2019 eclode o novo coronavírus (SARS-COV-2) que gera a doença COVID-19, atingindo a classificação de pandemia (disseminação mundial de uma nova doença) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 26 de fevereiro de 2020. Como principal forma de contenção da doença, foi estabelecido um protocolo de distanciamento social e um bloqueio de parte das atividades por um período de tempo. A mensagem veiculada como slogan desse momento foi: “fique em casa”.
Este bloqueio foi oficial entre os dias 5 de março à 4 de abril de 2020 (variando de Estado para Estado no Brasil), houve relaxamentos dos bloqueios em alguns setores por conta da forma como o Governo Federal administrou a crise sanitária, política e econômica, mas a vida cotidiana ainda segue com diversas restrições até o presente momento, incluindo a suspensão das aulas presenciais das universidades federais. Dessa forma, os atravessamentos sociais envolvendo uma grande pandemia interromperam o fluxo normal e planejado da vida cotidiana, já extremamente abalada por um cenário político polarizado, e desencadearam dificuldades na construção de espaços psíquicos de representação, imaginação e simbolização.
O que parece restar - talvez - ao sonho, o papel de dar vazão a todo esse conteúdo. Em razão da pandemia e suspensão das aulas que, de certa forma, pegou a comunidade universitária de surpresa, os alunos da Turma 14 do curso de Psicologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Campus Baixada Santista, sentiram que quanto mais o tempo passava, ficava cada vez mais nítido que não voltariam tão cedo para o modelo de aulas presenciais. Concomitantemente a essas questões , ficou decidido na Comissão do Curso de Psicologia que a professora Jaquelina Maria Imbrizi seria a professora de referência da turma - cujo papel era manter vivo o vínculo entre os discentes com a faculdade, prestando orientação e acolhimento.
O objetivo era o de que estudantes tivessem um contato com alguém próximo para orientá-los dentro desse novo cenário de suspensão das atividades presenciais. Dessa maneira, a professora Jaquelina propôs um encontro com a turma para ter uma conversa aberta sobre como estava sendo essa experiência de isolamento social. Nesse encontro vários assuntos foram tratados e ficou decidido que esse formato seria mantido em periodicidade semanal para que estratégias de cuidado fossem criadas pelo grupo. Em um segundo encontro, o tema dos sonhos surgiu e a Professora Jaquelina Imbrizi em conjunto com as alunas Jussara Souza e Lais Vieira decidiram fazer com que o tema dos encontros fosse o relato dos sonhos que os estudantes de Psicologia da Turma 14 estavam produzindo durante a pandemia.
O foco dessa iniciativa era o de criar um espaço virtual que pudesse colocar a narrativa onírica e a partilha de sonhos como mediadores das intervenções e do cuidado recíproco entre os estudantes e entre estes e a professora, já que o sofrimento daqueles estudantes, diante do inusitado representado pela pandemia, era nítido. Assim, surgiu o projeto de extensão “Arte e Sonho: abordagem psicanalítica nos modos de cuidar das Juventudes” (IMBRIZI, 2020). A princípio, nas rodas de conversa sobre sonhos, existia um certo nível de timidez dos participantes e por causa disso começou-se com a narrativa dos sonhos das organizadoras para que os demais começassem a se sentir confortáveis e, aos poucos, a desinibição aconteceu.
Os relatos dos demais participantes começaram a ser frequentes e o número de pessoas foi aumentando ao longo dos encontros e hoje se mantém em torno de 25 sonhantes por encontro. Como o semestre letivo voltou de formato de aula remota e a organização é composta por alunas e a professora, os encontros com a turma de psicologia passaram a acontecer quinzenalmente e depois de 4 encontros houve o convite para a participação de outros membros da comunidade acadêmica. Ou seja, ocorreu assim, o primeiro encontro aberto para quem quisesse e pudesse participar e não só restrito a turma 14. Dessa forma, com sua evolução os encontros se tornaram “Rodas de Conversas sobre Sonhos” dentro do Projeto de Extensão “Arte e Sonho: abordagem psicanalítica nos modos de cuidar das Juventudes”.
As Rodas de Conversa sobre Sonhos aconteceram em ambiente virtual por meio da plataforma do Google Meet. Ninguém é obrigado a contar um sonho, somente quem se sentir confortável e quiser compartilhar com o grupo. Em seguida, pede-se ao sonhante que conte um pouco sobre quais as sensações e afetos despertados por determinado sonho - durante a produção onírica, quanto após o despertar.
A roda de conversa é aberta para que a palavra e associações possam circular. Todos os encontros foram gravados e transcritos. Os nomes dos sonhantes e das pessoas que contribuíram nas associações não foram mantidos, fazendo a referência apenas a inicial do nome para garantir maior privacidade às pessoas. A organização das Rodas de Conversa sobre Sonhos hoje é composta, atualmente, por seis estudantes de graduação - 5 do curso de Psicologia e 1 do curso de Fisioterapia - mais a coordenação da professora Jaquelina Maria Imbrizi. Possui dois momentos de encontro: o primeiro momento se iniciou no dia 08 de maio de 2020 e depois de 9 encontros (6 restritos a turma 14 e 3 abertos à comunidade acadêmica) se encerrou no dia 24 de junho de 2020, respeitando o período de recesso para a equipe organizadora.
O segundo momento se iniciou no dia 24 de agosto de 2020, teve 6 encontros (5 encontros abertos e 1 encontro destinado a estudantes da Universidade Aberta para a Pessoa Idosa - UAPI) e se encerrou no dia 19 de outubro de 2020. As atividades foram retomadas no mês de novembro e ainda transcorrem, quinzenalmente, e abertas para toda a comunidade acadêmica.
O Trabalho de Conclusão de Curso PRODUÇÃO ONÍRICA DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS EM TEMPOS PANDÊMICOS E O CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO, analisou todo o material produzido na primeira etapa das Rodas de Sonhos, que se refere aos cinco primeiros capítulos do material que será apresentado no nosso seminário.
O objetivo geral do TCC foi o de organizar em formato de livro o material produzido nas Rodas de Conversa Sobre Sonhos vinculadas ao Projeto de Extensão “Arte e Sonho - Abordagem psicanalítica nos modos de cuidar da juventude”. Entre os objetivos específicos estão os de: a) apresentar as narrativas oníricas advindas dos cinco encontros, realizados com a turma 14 do curso de Psicologia, da Roda de Conversa e analisá-los tendo como referência o livro “A Interpretação dos Sonhos” e “Sonhos do Terceiro Reich”. Há também a intenção de fazer articulações com as ideias de Ailton Krenak e Sidarta Ribeiro (2020); b) elencar os temas que emergiram nas rodas de conversa e as associações compartilhadas e estabelecer relações entre elas e o momento político brasileiro; c) relacionar afetos, imagens e vocabulário específico manifestados pelos sonhantes e articulá-los com o contexto histórico de uma pandemia do novo coronavírus;
Para o nosso seminário intitulado PRODUÇÃO ONÍRICA DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS EM TEMPOS PANDÊMICOS E O CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO iremos contar com duas etapas:
Primeira etapa: das 18 às 19 horas: apresentação do TCC PRODUÇÃO ONÍRICA DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS EM TEMPOS PANDÊMICOS E O CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO, produzido pelo estudante Dimitry Fernandes sob orientação da Profª Drª Jaquelina Maria Imbrizi. A banca de apresentação contará com a participação de dois pareceristas: O professor Doutor Tales Ab´Sáber e a Assistente Social Renata Reis. A atividade será aberta para interessados da comunidade acadêmica e para a comunidade em geral. O estudante terá de 15 até 20 minutos para apresentar o seu trabalho e o parecerista terá também de 15 até 20 minutos para apresentarem a leitura realizada do TCC e fazer questões para o estudante.
Segunda etapa: debate aberto sobre a importância dos espaços de cuidado e partilha do sensível na universidade com a presença do Assistente Social Fabrício Gobetti Leonardi (Assistente Social) e Mônica F. Botiglieri Moretti (Pedagoga) do Núcleo de Apoio ao Estudante (NAE).
Horário: 19 às 20h.
A segunda atividade terá caráter mais aberto e no estilo de roda de conversa convidará os presentes para a discussão e a circulação da palavra sobre a dimensão sociopolítica do sofrimento dos universitários e a criação de estratégias de cuidado mútuo e acolhimento.
