SAMANTHA JESICA SALES ANDRADE

Autor:
SAMANTHA JESICA SALES ANDRADE

Título:
Habitus, Prática e Percepção de Risco de Doenças Transmitidas Por Alimentos: Trajetórias de Trabalhadores do Comércio Ambulante por um Olhar Etnográfico

Tipo de Trabalho de Conclusão:
DISSERTAÇÃO
Abreviatura:
ANDRADE, S. J. S.
Data da Defesa:
29/04/2016
Resumo:
INTRODUÇÃO: A relação entre o manipulador de alimentos e o ambiente é intrínseca ao processo de trabalho, e este profissional pode ser responsável pelos surtos de doenças transmitidas por alimentos. Conhecer o habitus dos manipuladores e a maneira pela qual este influencia a sua percepção de risco pode ter um impacto positivo na qualidade higiênico sanitária dos alimentos. OBJETIVO: Identificar como o habitus dos trabalhadores do comércio ambulante de alimentos influencia a prática de manipulação de alimentos e o entendimento sobre as doenças transmitidas por alimentos. MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa empírica, qualiquantitativa, que por meio da triangulação de métodos utilizando técnicas da etnografia, aliada à aplicação de escala de percepção de risco, possibilitaram construir um estudo baseado nas trajetórias individuais dos manipuladores de alimentos, analisadas diante da perspectiva Bourdiesiana. O cenário de investigação foi a cidade de Santos de abril a dezembro de 2015 e como interlocutores, seis manipuladores. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A amostra caracterizou-se por cinco trabalhadores do gênero masculino e um do feminino, com idade entre 43 a 67 anos de idade. Com relação a escolaridade três possuíam o ensino fundamental incompleto e apenas um concluiu o ensino superior. Verificou-se que apenas dois dos trabalhadores realizaram treinamento com o tema boas práticas de manipulação. Verificou-se que os agentes utilizam os capitais cultural e simbólico para construção de seu espaço, bem como estes capitais foram preditores das práticas observadas. A análise global das respostas dos trabalhadores mostrou que a percepção de risco relacionada à “prática em que ele está envolvido” foi baixa para três dos ambulantes. A percepção de risco é fortemente influenciada pelo habitus primário dos agentes. As trajetórias sociais demonstram a falta de oportunidade de ascensão escolar, inserção em atividades laborais de forma precoce e não ter oportunidade de colocação no mercado formal de trabalho. CONCLUSÃO: Os trabalhadores perpetuaram as condições de vida de seus pais e avós no que diz respeito ao capital cultural, os descendentes ascenderam com relação a este capital. A análise das práticas de manipulação de alimentos revelou que a falta de adequação à legislação vigente pode ser explicada pelas dificuldades no entendimento dessas práticas por parte dos ambulantes e que diversas inadequações são derivadas da rotina própria exigida pelo trabalho. A percepção de risco de DTA dos trabalhadores é influenciada pelo nível de escolaridade, por suas crenças, religiosidade e pelo habitus familiar. Os trabalhadores apresentaram uma maior tendência ao viés otimista sobre as situações que tangem ao risco de DTA ocasionado por ele e relacionado aos seus familiares e amigos. As práticas desses ambulantes estão relacionadas àquelas apreendidas com seus familiares. A instituição escolar emergiu no campo como uma das responsáveis pela continuidade dessas distinções. As condições sociais de cada agente, bem como a sua escolha profissional e a maneira como manipulam os alimentos são fortemente influenciadas pelo habitus.

Palavras-chave:

Doenças transmitidas por alimentos; Alimentos de rua; Medição de risco; Higiene dos alimentos; Observação; Crenças

 

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