A pesquisa teve a participação da professora Gislene Torrente-Vilara, do Instituto do Mar, da Unifesp

Foto: Gislene Torrente-Vilara - Inundação da cachoeira do Teotônio, represada para encher o reservatório de Santo Antonio

A construção de usinas hidrelétricas coloca sob risco as três bacias hidrográficas mais ricas em biodiversidade do mundo. É o que aponta um artigo publicado na Revista Science, cujo estudo mobilizou um grupo de cientistas dos EUA, Alemanha, Canadá, Camboja e Brasil. O levantamento contou com a participação da professora Gislene Torrente-Vilara, da Unifesp, e mostrou que as obras das barragens das bacias dos rios Mekong (Ásia), Congo (África) e Amazonas (América do Sul) representam uma enorme ameaça às espécies de peixes dessas regiões.

De acordo com a pesquisa, a construção de hidrelétricas sem planejamento adequado potencializa os impactos negativos desses empreendimentos, o que traz grande preocupação aos especialistas. “Grandes rios tropicais, como os amazônicos, concentram uma incrível biodiversidade, intimamente associada com à qualidade das águas, do ambiente e da vida das populações humanas. Para garantir sua proteção, bem como das florestas e recursos naturais, o Brasil conta com um excelente modelo de licenciamento ambiental. Porém, a decisão sobre a construção de um empreendimento hidrelétrico tem desconsiderado os aspectos técnicos e científicos legais, e o estabelecimento dessas obras tem sido uma decisão invariavelmente política”, argumenta Gislene Torrente-Vilara.

O estudo mostra que a Usina de Belo Monte, que está sendo erguida no Rio Xingu, no Pará, pode representar um recorde mundial de perda de biodiversidade. O rio abriga mais de 450 espécies de peixes em suas águas e, minimamente, 50 delas são endêmicas da Amazônia. Para a professora Gislene, este é um grande um exemplo de desrespeito às regras do licenciamento ambiental. “A integridade dos rios e florestas do Xingu, entre outros da Amazônia, tem garantido a sustentabilidade dos povos regionais há milênios, com exemplos de real desenvolvimento sustentável. Nós não temos o direito de extingui-las com base em decisões políticas e energéticas”.

Atualmente estima-se que 25% das espécies de peixes de água doce do planeta foram extintas devido à fragmentação dos rios para construção de hidrelétricas. Hoje, a bacia mais ameaçada é a do Rio Tapajós, com 43 empreendimentos planejados, sendo que dez deles estão previstos para serem finalizados até 2022. Também contribuíram para a extinção o desmatamento ciliar, a poluição proveniente do esgoto urbano e industrial, e as obras de retilinização e canalização, com consequências negativas para o equilíbrio ambiental, em especial em grandes cidades. A questão transpassa a polêmica sobre perda de espécies endêmicas e implica naquilo que elas representam para conservar águas de qualidade em território nacional. “A sociedade precisa decidir se realmente pretende assumir o preço que estará impondo as gerações futuras ao se calar perante a viabilização dessas obras”, finaliza a professora.

Além da pesquisadora da Unifesp, o levantamento contou com cientistas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Tocantins (UFT), do Núcleo de Pesquisas em Limnologia Ictiologia e Aquicultura da Universidade Estadual de Maringá (Nupelia/UEM), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Grupo coordenado por docente da Unifesp realiza monitoramento que visa estimar a quantidade de espécies da fauna e da flora desses ambientes e comparar com áreas sem políticas de preservação

Os pesquisadores do projeto “Avaliação da Efetividade do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos e das Estações Ecológicas Tupinambás e Tupiniquins (SP)”, um dos selecionados no 7° Edital do Programa Costa Atlântica, promovido pela Fundação SOS Mata Atlântica, percorreram as principais unidades de conservação (UCs) marinhas de proteção integral do estado de São Paulo com o intuito de mensurar a diversidade da flora e fauna que cobrem esses ambientes.

As expedições estão sendo realizadas desde início de 2015, sob coordenação do professor do Departamento de Ciências do Mar da Unifesp, Fábio Motta. Também integram a equipe pesquisadores da UFRJ, UFABC, UFPB e ICMBio. Duas viagens foram realizadas a bordo do navio de pesquisa Soloncy Moura, durante as quais eles realizaram censos visuais dos peixes e fotografaram os recifes, a partir dos quais será possível quantificar organismos como algas, corais e outros invertebrados.

O objetivo do projeto é avaliar o quanto as UCs vêm alcançando seus objetivos de conservação da biodiversidade e, para isso, usa indicadores biológicos para comparar áreas inseridas em unidades protegidas com outras nas quais essas políticas inexistem, como o caso da Ilha da Queimada Grande. O grupo de pesquisadores também tem discutido a efetividade das UCs e o levantamento desses dados contribuirão no aprimoramento das políticas e práticas de gestão das áreas marinhas de São Paulo. Os resultados iniciais também contemplam novos registros de ocorrência de espécies de corais conhecidas apenas em águas profundas, como Caryophyllia barbadensis e Paracyathus pulchellus, e mapearam novos recifes.

Uma missão científica, realizada em novembro de 2015, já é considerada pelos pesquisadores como um dos resultados mais promissores da iniciativa. Na ocasião, 31 parcelas para o monitoramento de longo prazo das comunidades bentônicas foram instaladas em diferentes locais da Ilha de Alcatrazes. O trabalho de campo demandou cinco dias de mergulhos e uma logística complexa, envolvendo a utilização de equipamentos hidráulicos submersíveis que possibilitaram a fixação dos 62 pinos de aço que compõem a malha amostral. Para os pesquisadores, os trabalhos realizados elevarão o nível da pesquisa e monitoramento marinho em Alcatrazes para outro patamar, além de contribuir direta e indiretamente para a proteção e valorização do Arquipélago.​

Intervenção é direcionada a pessoas que tenham problema com o uso de álcool

O Campus Baixada Santista, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), está realizando o recrutamento de voluntários que consumam álcool de forma abusiva, que sejam dependentes, ou que apresentem problemas de ordem pessoal, familiar ou social devido ao consumo. A intervenção será realizada em grupo e será gratuita. As inscrições podem ser feitas até o dia 31 de março.

Para se candidatarem, os interessados precisam ter mais de 18 anos, ser do sexo masculino, fazer consumo frequente e problemático de bebidas alcoólicas e saber ler e escrever. Após entrevista inicial serão realizados cerca de quatro encontros ao longo de 30 dias e, nos casos necessários, será feito encaminhamento para acompanhamento psicológico.

O projeto está sendo desenvolvido pela psicóloga e mestranda Carolina Kleiner, sob coordenação da professora Adriana Tucci. Informações sobre horário e local, bem como quaisquer outras dúvidas, podem ser obtidas pelos telefones (13) 99686-9438 ou (13) 3878-3806 ou pelo email: carol.kleiner@hotmail.com

Educar é a tarefa do professor, performar é a tarefa do artista, brincar é a tarefa da criança. E se estas funções fossem misturadas? Cruzar estas fronteiras é aposta do projeto Circulação Cupinzeiro, que discute a produção de arte para crianças por meio de uma programação gratuita de intervenções, oficina e palestra nos próximos dias 26 e 27 de fevereiro, em Cubatão (SP).

Criado em 2014 como uma intervenção artística do Laboratório de Corpo e Arte da Unifesp, o Cupinzeiro reúne dez performistas que ocupam lugares públicos de formas inesperadas, onde corpos e coisas se misturam, entremeio um jogo de fugas, conexões e amontoados de gente. Ainda que silenciosa, a intervenção não passa despercebida, sobretudo pelas crianças, que se entregam aos movimentos contagiantes dos artistas.

Segundo o diretor, Vinícius Terra, o papel das crianças na circulação é de extrema importância. “Inicialmente, a intervenção tinha foco nos espaços, não nas crianças. Mas com as apresentações elas se tornaram inevitáveis, pois vimos que elas são o nosso público mais fiel, o nosso elenco mais espontâneo, a nossa mais temida crítica. Depois percebemos que os ensaios só teriam sentido com a presença dos pequenos e, a partir deste momento, crescemos muito. Também surgiram muitas indagações sobre as diferenças entre fazer arte para crianças e com elas, uma mudança que não é só estética, pois implica outra relação de poder”, explica o diretor.

Com o objetivo de ampliar este debate e circular a intervenção, o projeto Circulação Cupinzeiro foi contemplado pelo Edital PROAC 2015, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e realizará circuito em 2016 pelas cidades Santos, Ilhabela e Campinas, começando por Cubatão. Na programação cultural, além das performances pela cidade, o projeto Circulação Cupinzeiro pretende abrir uma discussão pública sobre arte e performance para crianças, com oficina e encontro reflexivo com especialistas convidados, como as artistas Uxa Xavier (Lagartixa na Janela/SP), a pesquisadora Renata Fernandes (Unesp), além dos docentes e colaboradores do Laboratório de Corpo e Arte da Unifesp, coordenado pelo Professor Vinícius Terra. Nesta etapa, as ações acontecerão no Parque Anilinas, em parceria com a Prefeitura de Cubatão.

Serviço:

Circulação Cupinzeiro (com o Laboratório de Corpo Arte da Unifesp)
Parque Anilinas (Av. 9 de Abril s/n - Centro, Cubatão) e Praça da Independência
Dias 26 e 27 de fevereiro
A participação é gratuita
Inscrições em: corpoearte.lab@gmail.com
Informações http://corpoeartelab.com/

Programação:

Oficina: Jogos de Dança para um Corpo Coletivo
26/02 (sexta-feira) das 8h às 10h
Sala do Prédio Multimídia do Parque Anilinas
Com Renata Fernandes (pesquisadora na Unesp)
Para educadores. 25 vagas. Gratuito.
Inscrições por e-mail até 24/02

Palestra: Corpo Território de Memórias
26/02 (sexta-feira) das 10h às 12h
Sala do Prédio Multimídia do Parque Anilinas
Com a convidada Uxa Xavier (Núcleo Lagartixa na Janela).
Para educadores, artistas, estudantes e interessados no tema. 80 vagas.
Inscrições por e-mail até 24/02

Intervenção: Cupinzeiro
26/02 (sexta-feira) 15h
Praça da Independência, Jardim Casqueiro
Para crianças das escolas da região.

Encontro: Uxa Xavier e Laboratório de Corpo e Arte (Unifesp)
27/02 (sábado) das 9h às 12h
Sala do Prédio Multimídia do Parque Anilinas
Intervenção: Cupinzeiro
27/02 (sábado) 15h
Espaços de Circulação do Parque Anilinas